Em causa está o Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, que nesta edição contemplava um valor global de 875 mil euros
O BE/Porto afirmou esta sexta-feira que pretende acompanhar a intenção dos socialistas de avançar com uma auditoria à União de Freguesias da Foz, na sequência da renuncia do presidente Tiago Mayan, e demonstrou preocupação com as associações que iriam receber o apoio.
Em reação à agência Lusa, a dirigente concelhia do BE, Susana Constante Pereira, assumiu a sua estranheza com os contornos da situação, que levaram Tiago Mayan a renunciar à presidência da União de Freguesias (UF) de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. “Do ponto de vista do ato, parece-nos tudo um pouco estranho. Resta perceber o que motivou esta opção”, referiu, dizendo acompanhar a intenção dos socialistas de avançar com uma auditoria às contas da UF.
Tiago Mayan demitiu-se na quinta-feira do cargo de presidente da junta, alegando falta de "condições pessoais para continuar a exercer" o cargo, assumindo que o motivo era da sua "inteira responsabilidade".
Em causa está a assunção, por Tiago Mayan, da falsificação de assinaturas do júri do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, numa ata datada de 16 de setembro, elaborada e falsificada pelo ex-candidato presidencial apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), segundo uma outra ata de uma reunião entre o júri e o executivo da junta, na quarta-feira.
Para a dirigente concelhia do BE, além de se perceber os contornos que motivaram o ato de Tiago Mayan, importa saber o que irá acontecer às associações a quem o apoio iria ser concedido. “Há uma questão imediata a resolver, que é perceber o que vai acontecer às associações”, referiu, lembrando que numa UF “de enormes contrastes”, o papel das associações “é de enorme importância”.
“Teremos oportunidade de, no contexto devido, nomeadamente assembleia de freguesia, assembleia municipal e executivo, colocar estas questões”, assinalou.
Susana Constante Pereira defendeu ainda a necessidade de se “rever cuidadosamente” a gestão do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense.
“É importante lembrar que a transferência da gestão do fundo surgiu no âmbito do acordo entre o PSD e o movimento independente como pretensa de descentralização e reforço orçamental das juntas”, indicou, dizendo, no entanto, que o alegado reforço orçamental “é fictício”.
“Fomos sempre assinalando que isto não foi um reforço porque o valor transferido é para apoiar as associações. É uma falácia e a questão do fundo deve ser cuidadosamente revista”, acrescentou.
Em causa está o Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, que nesta edição contemplava um valor global de 875 mil euros.
À semelhança das anteriores edições, o apoio é atribuído pelas juntas de freguesia às associações, tendo o município destinado uma verba máxima de 120 mil euros a cada freguesia.
Tiago Mayan foi eleito, em setembro de 2021, presidente da junta com 36,92% dos votos, pelo movimento independente "Rui Moreira: Aqui Há Porto", apoiado pela Iniciativa Liberal (IL), CDS-PP, Nós Cidadãos e MAIS. Foram eleitos para o executivo da junta Ana Júlia Furtado, José Ramos, Laura Lages Brito, Germano Castro Pinheiro, Tiago Lourenço (PSD) e Cláudia Bravo (PSD).
Tiago Mayan, ex-candidato presidencial da IL, formalizou em julho a sua candidatura à liderança do partido por estar insatisfeito com o rumo do mesmo e entender que a IL precisa de alcance, amplitude e arrojo.