Partido explica que saídas de duas trabalhadoras aconteceram "automaticamente" com o fim dos mandatos de José Gusmão e Marisa Matias no Parlamento Europeu
O Bloco de Esquerda nega ter despedido cinco trabalhadoras que tinham sido mães há pouco tempo, como foi noticiado pela revista "Sábado", e apresentou queixa à Entidade de Regulação da Comunicação Social.
"O texto da “Sábado” sobre alegados despedimentos no Bloco de Esquerda é um ataque político que dispensou o jornalismo e a verificação de factos. Cita cinco 'despedimentos', um dos quais o de uma pessoa que - a própria notícia o reconhece - trabalha no Bloco de Esquerda até hoje. Outros dois casos são relativos a contratos cessados automaticamente pelo Parlamento Europeu no final dos mandatos de José Gusmão e Marisa Matias, como acontece com todos os contratos de todos os assistentes parlamentares europeus no final dos mandatos", lê-se na carta enviada à ERC a que a CNN Portugal teve acesso.
O partido explica ainda que por causa dos resultados das eleições legislativas de 2022, perdeu metade da subvenção mensal que recebia e "reduziu a cerca de metade a sua rede de sedes e a sua estrutura profissional, em aproximadamente 30 pessoas".
"A redução da estrutura profissional ocorreu de dois modos: i) a generalidade das comissões de serviço foi terminada no final de março de 2022, respeitando os prazos legais de notificação; ii) em dois casos, em atenção a situações pessoais particulares, o Bloco propôs que a cessação de vínculo se efetuasse no final de dezembro de 2022, garantindo às duas funcionárias mais tempo de preparação da fase seguinte das suas vidas. Nenhuma trabalhadora “com um bebé de dois meses” foi despedida do quadro do Bloco. Nenhuma trabalhadora afetada pelo término de comissões de serviço foi substituída por outro trabalhador contratado para o efeito", garante o partido.
O BE diz ainda que respondeu às perguntas feitas pela revista mas que "a “Sábado” omite quase toda a resposta que recebeu do Bloco.
Esta terça-feira, a revista sábado avança que o Bloco de Esquerda teria despedido, entre 2022 e 2024, cinco trabalhadoras que tinham sido mães há pouco tempo, sendo que algumas colaboradoras foram despedidas enquanto estavam a amamentar.
As duas trabalhadoras - assessoras do eurodeputado do partido em Bruxelas - trabalhavam em Bruxelas. Uma das trabalhadoras, que estava em Bruxelas desde 2004, foi dispensada em 2024, em plena licença de maternidade. Já a outra, que estava em Bruxelas desde 2012, viu o contrato não ser renovado quando o filho mais novo tinha 16 meses.
Para além das assessoras do BE em Bruxelas que acabaram despedidas perante o desaire nas eleições europeias, também os resultados das eleições legislativas de 2022 provocaram três despedimentos.
Uma das trabalhadoras despedidas prestava assessoria jurídica para o grupo parlamentar e tinha um filho de 11 meses. No entanto, segundo fonte próxima, "ao perceberem a ilegalidade do despedimento e porque a trabalhadora não era elegível para apoios no desemprego, recuaram" e a trabalhadora ainda hoje presta assessoria ao partido.
As outras duas mulheres despedidas trabalhavam nas redes sociais do partido e foram despedidas enquanto amamentavam e os filhos tinham dois e nove meses.