Bloco diz que "casos e mais casos" do Governo põem país em “permanente sobressalto"

Agência Lusa , HCL
21 jan 2023, 18:59
Catarina Martins (Lusa/Rodrigo Antunes)

Líder do BE afirmou que “há um país que está mesmo interessado em resolver os problemas que tem, as crises que tem, para lá do caso quotidiano"

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) considerou que o país vive num “permanente sobressalto” por ter “um Governo com casos e mais casos” e “incapaz de dar respostas” às crises existentes, desde a habitação à educação.

“Vivemos neste permanente sobressalto de um Governo com casos e mais casos e incapaz de dar respostas, enredado sempre em meias respostas que se vão contradizendo”, afirmou Catarina Martins no encerramento da sessão sobre habitação “Onde Vamos Viver?”, que decorreu em Lisboa, e em que não houve disponibilidade para a líder política responder a questões dos jornalistas.

Na intervenção que fez para as cerca de 70 pessoas que encheram o espaço da Galeria Fernando Pessoa para discutir os problemas da habitação, a líder do BE afirmou que “há um país que está mesmo interessado em resolver os problemas que tem, as crises que tem, para lá do caso quotidiano”.

“Está a ser muito difícil debater soluções para o país, porque estamos a viver nesse permanente sobressalto de cada caso que vai sucedendo”, declarou a bloquista, apontando os casos do ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos e do ministro das Finanças, Fernando Medina.

“O ex-ministro das Infraestruturas, pelos vistos, sabia que a TAP tinha pagado meio milhão de prémio a Alexandra Reis. O ministro das Finanças continua a garantir que paga sempre todas as contas sem nunca olhar para a fatura, aliás, entretanto, a única fatura de que fala, e que é também tema, é dizer que não pode haver despesa estrutural na educação e, portanto, estar a anunciar ao país que qualquer negociação entre o Ministério da Educação e os professores é uma farsa, porque não haverá condições, não haverá investimento nas condições de trabalho das escolas”, expôs.

Catarina Martins disse ainda que o país tem vivido “esta perplexidade de um Governo que convive tão bem com o privilégio da elite de uma forma tão displicente, não sabendo quem é que autorizou o quê, quando...tudo tão normal”.

Além de criticar a forma de governar, a coordenadora do BE acusou o Governo de não ter “nenhum plano” para quem vive do seu salário e está com tanta dificuldade face aos preços que aumentam.

Em 28 de dezembro, Pedro Nuno Santos demitiu-se do cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação, para “assumir a responsabilidade política” do caso da indemnização de 500 mil euros da TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro.

Esta sexta-feira, num esclarecimento público, o ex-ministro das Infraestruturas confirmou que deu “anuência política” para saída da TAP de Alexandra Reis, acrescentando que foi informado “do valor final do acordo” entre as partes, referindo que, desde a sua demissão, tem estado a “reconstruir a fita do tempo” sobre este processo.

Entre os casos que afetam o Governo está também o de Fernando Medina, atual ministro das Finanças, que quando era presidente da Câmara de Lisboa assinou dois contratos por ajuste direto com a empresa do “histórico” socialista Joaquim Morão, ex-presidente dos municípios de Idanha-a-Nova e Castelo Branco, para prestar serviços na área da gestão de projetos e construção de equipamentos e infraestruturas municipais: 22.550 euros em 2015 e 73.788 euros em 2016.

As suspeitas de ilegalidades nestes contratos foram denunciadas em 2018 pelo jornal Público, mas o caso voltou esta semana a ter destaque mediático, após o departamento municipal de Urbanismo ter sido alvo de buscas na terça-feira por parte da Polícia Judiciária (PJ), que investiga "suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e falsificação", segundo noticiou a TVI/CNN Portugal.

Em resposta às notícias, Fernando Medina convocou uma conferência de imprensa na quinta-feira, em que revelou que pediu para ser ouvido no âmbito do processo, embora desconheça “em absoluto” a investigação em curso, e assumiu que a escolha de Joaquim Morão para apoio técnico na gestão e coordenação de obras municipais foi sua e que não se arrepende tendo em conta o perfil do ex-autarca.

    

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