Lisboa vai instar Governo e DGS para criação de unidade de consultas para pessoas trans e intersexo

Agência Lusa , PF
30 mar 2022, 22:54
Câmara de Lisboa

De acordo com Beatriz Gomes Dias, vereadora do Bloco de Esquerda, partido que apresentou a moção, Lisboa continua sem ter uma resposta multidisciplinar para o acompanhamento destes casos

A Câmara de Lisboa aprovou esta terça-feira, por unanimidade, uma moção do BE para instar o Governo e a Direção-Geral da Saúde a criar uma unidade de consultas para pessoas trans e intersexo e de reconstrução génito-urinária e sexual.

No âmbito do Dia Internacional da Visibilidade Trans, que se celebra na quinta-feira, 31 de março, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, apresentou uma moção para a criação de uma unidade de consultas para pessoas trans e intersexo em Lisboa, à semelhança da do Hospital de Santo António, no Porto, que reúne dez especialidades e subespecialidades: psicologia, psiquiatria, pedopsiquiatria, pediatria endócrina, cirurgia plástica, urologia, ginecologia, anestesiologia, endocrinologia e endocrinologia pediátrica.

“Que a Câmara Municipal de Lisboa inste o Governo português e a Direção-Geral da Saúde a criar uma Unidade Reconstrutiva Génito-Urinária e Sexual, à semelhança da do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra”, refere a moção do BE, indicando que o município deve colaborar na criação destas unidades e também na formação especializada de profissionais de saúde em questões de saúde trans e intersexo.

De acordo com a vereadora do BE, Lisboa continua sem ter uma resposta multidisciplinar para o acompanhamento destes casos de pessoas trans e intersexo.

O Dia Internacional da Visibilidade Trans celebra os avanços dos direitos das pessoas trans, não-binárias e intersexo, mas também serve para lembrar e consciencializar a população para a discriminação que sofrem, juntamente com as falhas da sociedade na sua inclusão, afirmou a vereadora do BE, revelando que entre 50% e 54% das pessoas trans e intersexo sentiram algum tipo de discriminação em serviços de urgências, de medicina geral e familiar ou cirúrgicos, como “recusa na assistência, uso de linguagem preconceituosa ou insultuosa, ridicularização, negação da identidade de género, entre outros”.

Até há pouco tempo, a única unidade de reconstrução génito-urinária e sexual era em Coimbra, tendo em 2021 sido inaugurada uma unidade de consultas para pessoas trans e intersexo no Hospital de Santo António, no Porto.

“Dada a falta de resposta, muitas vezes a única hipótese para pessoas trans e intersexo que necessitem desses cuidados é recorrer ao privado, cujo custo ronda as dezenas de milhares de euros, impedindo muitas pessoas de fazerem a transição e condenando-as a viver numa situação de saúde precária ou a desistirem do processo de transição”, lê-se na moção do BE.

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