Físico e conhecedor do mercado de criptoativos Bernardo Mota Veiga escreve uma série de artigos de opinião sobre a bitcoin, que nos dez dias seguintes à vitória de Donald Trump nos EUA valorizou 33%. Os artigos, que não são recomendações de investimento, pretendem melhorar o conhecimento e o debate sobre a bitcoin.
O que têm em comum Henri Poincaré, Max Planck, Ernest Rutherford, Louis Bacheler, Hugo de Vries, Egas Moniz, Ferdinand von Zeppelin, Marie Curie, Albert Einstein, Thomas Edison, Werner Heisenberg, Nikola Tesla...com a bitcoin e restantes criptos?
Tudo!
Uma pessoa sozinha não consegue mudar o mundo. É necessária a rara coexistência de mentes brilhantes que coexistam, que se desafiem, que cooperem... e que decidam virar tudo ao contrário. Para tal, são precisas quatro peças: o conhecimento, a visão, o arrojo e a coragem. Estes senhores e senhora não só preenchiam o puzzle como coexistiram numa mesma época e, ainda por cima, colaboraram! Já nessa altura se preparavam estas “revoluções tecnológicas” à porta fechada, porque, para 99% dos mortais, o que eles faziam não tinha relevância nem interessava para nada!
Imaginam a audiência se Einstein decidisse a dar uma palestra de física quântica no coreto?
Quando conheci a Pih (nome de origem asiática mais ou menos fictício) em 2021, achava que a bitcoin era uma invenção de miúdos para miúdos. Uma espécie de um jogo de soma nula em que uns tiravam o máximo que podiam aos outros e, no máximo, trocavam peças entre si como no Fortnite. A Pih é um génio e uma expert em blockchain... e vive dentro dessa bolha fechada muito difícil de entrar que são os “blockchainers”. Consegui com ela (e com alguns dos seus contactos) horas de conversas infindáveis sobre o tema. Meti um pé dentro de um circuito fechado de miúdos quase como se fosse um candeeiro de pé ali entre o sofá de Einstein e o cadeirão de Plack. Nota: chamo-lhes miúdos carinhosamente apenas porque são cerca de 15 anos mais novos do que eu e porque têm uma mente 15 vezes mais veloz do que a minha.
A Pih é um génio que se fartou de trabalhar numa das maiores consultoras do mundo... o que acontece com a maior parte da nata dos “blochchainers”. Eles não são jovens que não conseguiram o primeiro emprego... eles são jovens que, chegados ao topo num curto espaço de tempo, perceberam que tinham muito mais para dar do que o mero business as usual. Eles perceberam que tinham de mudar o mundo e aliaram o coração ao intelecto!
Quase todos foram pioneiros na bitcoin e em que todas as moedas que se seguiram se fosse minerando, investindo trocando ou comprando, pois houve sempre uma enorme entreajuda nos diversos projetos de outros jovens. Muitos desses miúdos estão sentados em centenas de milhões de euros espalhados por imensas criptomoedas, memecoins, etc.... que não trocam por euros nem que a vaca tussa. Pode até acontecer não terem euros para pagar uma refeição, porque para eles euros não é valor.
A bitcoin é a ponta visível de toda uma nova estrutura económica. Tal como há 100 anos o acaso juntou imensas mentes brilhantes que trabalhavam em silêncio e sintonia para um objetivo comum - a ciência -, a história repete-se quando junta uma nova geração de mentes que conseguiram entre si desenhar e pôr em prática um mundo económico e social diferente. Eles veem um mundo completo do qual nós vemos apenas a bitcoin. Pronto, e a Ethereum, e a Solana, e a Cardano, e a XRP, e a Graph... mas pouco mais.
Para percebermos o que está por detrás de todos estes projetos, precisaríamos de uma visão helicóptero, mas o problema é que tudo isto se passa na cabeça deles e nos bits dos computadores. Nós, os velhos, estamos cegos.
Os miúdos querem acabar com o dinheiro, com a dívida publica, com as barreiras entre moedas, com a dependência da banca, com as diferenças sociais, com o trabalho fixo, etc...Os miúdos ousaram desafiar o sistema mais robusto e mais fundamental da economia: o dinheiro! E com ele, tudo o que gira à sua volta, que é... tudo. Eles acreditam mesmo no seu projeto. (E já agora, eles são intelectualmente extremamente divertidos!)
Quando me apercebi de tudo isto entrei em pânico: pensei nas reformas, nos fundos de pensões, etc.... mas o “raio dos miúdos” têm resposta para tudo. E mais: são nobres na forma como pensam e não pensam deixar ninguém para trás. Tudo é transparente e tudo é democrático. É esta a premissa!
É por isso que me rio quando pensamos políticas para os jovens! OS JOVENS ESTÃO A CONSTRUIR O SEU PRÓPRIO MUNDO... e a única política é mesmo o blockchain, que por sua vez é matematicamente democrático. É por isso que me rio quando dizemos que os jovens estão afastados da realidade... porque de facto a realidade dos jovens já não é, nem vai ser, a nossa. Um grupo dentro dos jovens está a trabalhar para esta nova geração, como fizeram os cientistas que nos entregaram de bandeja todos os avanços que resultaram em melhor vida e melhor saúde.
Wall Street já percebeu isso. Ou porque é que acham que agora já não é o taxista que nos fala em bitcoins, mas sim o gestor de fundos?... Deixemos este tema para um outro dia.
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