Diocese recolheu ainda todos os elementos disponíveis sobre cada um dos nomes na lista
O bispo do Porto entregou à Procuradoria Geral da República a lista dos padres suspeitos de cometerem abusos sexuais, tal como a recebeu da Comissão Independente, no dia 10 de março.
"Sendo as vítimas e o seu sofrimento a prioridade da Igreja e desta Diocese do Porto, fiel ao princípio da tolerância zero perante os abusos sexuais de menores, no passado dia 10 de março, o Bispo do Porto entregou à Procuradoria Geral da República a lista dos eventuais abusadores, tal como a recebeu da Comissão Independente. Ao mesmo tempo, recolheu todos os elementos disponíveis sobre cada um dos nomes lá constantes. Reuniu com cada um deles e procedeu à realização de um “inquérito preliminar”", lê-se no comunicado enviado às redações.
Já no dia 23, o bispo do Porto entregou pessoalmente no Dicastério para a doutrina da fé, entidade juridicamente competente para tratar os casos de abusos sexuais, toda a documentação.
No dia 16 de março, a Diocese do Porto decidiu afastar "temporariamente" de "toda a atividade pastoral" três sacerdotes diocesanos de sete padres suspeitos de abusos sexuais.
A lista de suspeitos entregue à Diocese do Porto pela Comissão Independente para o Estado dos Abusos Sexuais continha 12 nomes de alegados padres abusadores. Desses, quatro já faleceram, um não pertence à diocese os restantes foram alvo de investigação. Na altura, o Bispo do Porto recusou afastar os sete padres suspeitos, mas garantiu que não hesitaria em "suspender preventivamente" os respetivos nomes caso surgissem "indícios fiáveis" dos crimes de que são suspeitos.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais “devem ser entendidos como a ‘ponta do iceberg’” deste fenómeno.
A comissão entregou aos bispos diocesanos listas de alegados abusadores, alguns ainda no ativo.