Novas imagens de satélite mostram destacamentos militares russos avançados na Bielorrússia

CNN , Tim Lister
7 fev 2022, 12:32

Novas imagens de satélite divulgadas por uma empresa de tecnologia sediada nos EUA parecem mostrar que os militares russos têm destacamentos avançados em vários locais da Bielorrússia, uma manobra que deverá preocupar a Ucrânia e a NATO, entre receios de que o Kremlin esteja a planear uma incursão em território ucraniano

Os destacamentos estarão provavelmente ligados a exercícios militares conjuntos entre russos e bielorrussos, com data de início nesta quinta-feira. No entanto, outras fotografias mostram campos a serem montados perto da fronteira com a Ucrânia, a centenas de quilómetros do local onde vão acontecer os exercícios.

A Rússia negou repetidamente qualquer plano para atacar a Ucrânia, apesar do enorme aumento de tropas de Moscovo na região. Estima-se que o Kremlin tenha reunido, na fronteira com a Ucrânia, 70% do pessoal militar e das armas de que a Rússia precisaria para uma invasão em grande escala, segundo duas fontes americanas a par das últimas estimativas dos serviços de informações de Washington. No entanto, não se sabe bem quanto tempo as forças russas demorariam a aumentar ainda mais o seu contingente ou se precisariam sequer de ter plena capacidade para invadir.

As imagens da Maxar - obtidas no sábado - são concordantes com vídeos recentes publicados nas redes sociais que mostram as forças russas a avançar pela Bielorrússia e a estabelecer campos a 32 quilómetros da fronteira ucraniana.

Algumas das imagens mostram o aeródromo Luninets da Bielorrússia, para onde os caças russos foram destacados antes dos exercícios, apelidado de Union Resolve 2022. As fotografias mostram os sistemas russos de defesa aérea S-400 e aviões de ataque SU-25, no aeródromo. O Ministério da Defesa russo divulgou um vídeo no sábado da chegada dos aviões a Luninets.

Esta imagem de satélite mostra o aeródromo de Luninets, no sábado.

Um dos batalhões S-400 viajou desde Khabarovsk, no extremo oriente da Rússia, uma viagem de mais de 9000 quilómetros, segundo o Zvezda, uma publicação do Ministério da Defesa russo.

Outras fotografias da Maxar mostram tropas russas a estabelecerem-se a alguma distância do local onde deverão acontecer os exercícios, inclusive em Rechitsa, uma cidade bielorrussa a cerca de 270 quilómetros a leste de Luninets, perto do ponto onde se ligam as fronteiras da Rússia, da Bielorrússia e da Ucrânia.

A força ali reunida inclui tanques, obuses e veículos de combate de infantaria.

As forças são vistas a reunir-se em Rechitsa nesta fotografia de satélite tirada no sábado.
As imagens de satélite da Maxar mostram que, pela primeira vez, foram montados em Rechitsa vários campos de tendas.

As imagens mostram que, pela primeira vez, foram montados vários campos de tendas em Rechitsa. Esse desenvolvimento e as imagens recentes da zona sugerem uma crescente presença russa no local. Vídeos publicados nas redes sociais mostram as tropas russas a entreter a população local em Rechitsa, com música e exibições, num evento chamado Duas Nações, Uma História, Um Povo.

Várias outras imagens da Maxar mostram uma crescente presença russa a sudoeste de Rechitsa e a 25 quilómetros da fronteira ucraniana, em zonas rurais próximas da cidade de Yelsk.

A Maxar estima que o destacamento perto de Yelsk inclui mísseis balísticos Iskander, que têm um alcance de cerca de 400 quilómetros.

Analistas da IHS/Janes, uma empresa de informações militares, acreditam que há em Yelsk elementos de pelo menos três Batalhões Táticos Russos.

Esta fotografia mostra um destacamento russo perto de Yelsk no sábado, segundo a Maxar.

 

De acordo com a Maxar, esta fotografia mostra o possível destacamento de mísseis balísticos Iskander de curto alcance.

O enorme aumento de tropas causou alarme entre os líderes norte-americanos e europeus. O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse na quinta-feira que o número de militares de Moscovo na Bielorrússia é o maior desde a Guerra Fria.

Um diplomata europeu apelidou a concentração de forças de “grande, grande preocupação”, sublinhando que esta seria a peça em falta para Moscovo lançar um ataque rápido à capital ucraniana de Kiev, que fica a menos de duas horas da fronteira com a Bielorrússia.

Com base em estimativas meteorológicas públicas, o momento ideal para uma invasão russa seria enquanto o chão está gelado, para que os equipamentos pesados se possam mover com facilidade. As autoridades dos EUA disseram que Putin sabe que teria de avançar até ao final de março.

A Casa Branca, no entanto, parou de dizer que uma possível invasão russa está "iminente", devido a preocupações de que o termo possa sugerir que o Presidente Vladimir Putin já tomou a decisão de invadir a Ucrânia.

“Ainda não sabemos se ele tomou uma decisão”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, na semana passada.

O conselheiro do presidente da Ucrânia, Mykhailo Podoliak, disse no domingo que não há evidências de que a Rússia venha a tomar “medidas críticas para uma invasão em grande escala” do país, mas acrescentou que Kiev e os seus parceiros estão a preparar-se para qualquer cenário possível.

“A situação está completamente controlada. Seja como for, mantemos o trabalho diplomático para garantir uma desescalada sustentável e completa”, disse Podoliak aos media estatais.

Ele observou que a “concentração ameaçadora” de tropas russas na fronteira da Ucrânia continua, mas enfatizou que “é algo que acontece há vários anos”.

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