Beyoncé faz história como artista mais premiada de sempre nos Grammys

Agência Lusa , AM
6 fev 2023, 07:10

A cantora tem agora 32 Grammys, ultrapassando o maestro anglo-húngaro Georg Solti como artista com mais estatuetas da Academia de Artes e Ciências de Gravação e quebrando um recorde estabelecido em 1997

Beyoncé fez história ao tornar-se na artista mais premiada de sempre nos Grammys, depois de levar para casa quatro estatuetas na 65ª edição dos prémios, entregues esta madrugada em Los Angeles. 

Beyoncé tem agora 32 Grammys, ultrapassando o maestro anglo-húngaro Georg Solti como artista com mais estatuetas da Academia de Artes e Ciências de Gravação e quebrando um recorde estabelecido em 1997. 

“Estou a tentar não me emocionar demasiado”, disse Beyoncé no seu discurso de aceitação de Melhor Álbum de Dança/Eletrónica com “Renaissance”, perante a ovação de uma audiência dos seus pares. “Quero agradecer a Deus por me proteger”, continuou. 

Beyoncé agradeceu também à família e ao marido, o rapper Jay-Z, e deu uma palavra aos seus fãs, especialmente na comunidade LGBTQ+. “Quero agradecer à comunidade queer pelo vosso amor”, disse. 

Beyoncé era a artista mais nomeada da noite, com indicações em nove categorias, e as quatro que venceu catapultaram-na para o topo do pódio dos Grammys. Ganhou com “Renaissance”, que foi considerado o Melhor Álbum de Dança/Eletrónica, “Break my Soul”, que foi a Melhor Gravação de Dança/Eletrónica, “Plastic off the Sofa”, Melhor Performance Tradicional de R&B, e “Cuff it”, Melhor Canção R&B. 

Com esta edição, a cantora acumulou um total de 88 nomeações aos Grammys na sua carreira e empatou com o marido Jay-Z. Ambos são os artistas mais nomeados na história da Academia, sendo que Beyoncé era já a artista feminina mais premiada de sempre. 

No entanto, a cantora era considerada uma das favoritas nos prémios mais cobiçados – Álbum do Ano, Gravação do Ano e Canção do Ano – mas não venceu em nenhuma destas categorias. Beyoncé nunca venceu Álbum do Ano, apesar das sucessivas nomeações, sendo que apenas três artistas afro-americanas conseguiram esse feito: Natalie Cole, Whitney Houston e Lauryn Hill. 

Em 2020, o cantor John Legend disse que era “quase impossível” para um artista afro-americano ganhar Álbum do Ano e apontou para as várias vezes em que Beyoncé perdeu a categoria. 

Em palco, uma das vencedoras que falou da influência de Beyoncé foi Lizzo, ao vencer Gravação do Ano com a canção “About Damn Time” do álbum “Special”. 

“Mudaste a minha vida”, disse Lizzo. “Quando andava no 5.º ano faltei às aulas para ir a um concerto teu”, revelou.

Harry Styles ganhou o Álbum do Ano (“Harry’s House”) e Bonnie Raitt venceu Canção do Ano (“Just Like That”). 

“Sou a primeira mulher transexual a vencer este prémio”

Kim Petras tornou-se na primeira transexual a vencer o Grammy de Melhor Performance Dueto ou Grupo Pop, por “Unholy”, um dueto com Sam Smith, na 65.ª cerimónia dos prémios, entregues esta madrugada. 

“Sou a primeira mulher transexual a vencer este prémio”, disse Kim Petras no palco da Crypto.com Arena, em Los Angeles. “Quero agradecer a todas as incríveis lendas transexuais, que abriram as portas antes de mim, para que eu pudesse estar aqui”, afirmou a artista alemã, visivelmente emocionada. 

A canção “Unholy”, incluída no quarto álbum de estúdio de Sam Smith “Gloria”, chegou ao topo da Billboard Hot 100 em outubro de 2022 e foi considerada quase de imediato um hino da comunidade LGBTQ+. Foi a consagração de Kim Petras depois de uma década a tentar a sua sorte na indústria.

“Estou a pensar nas pessoas que me disseram que eu ia ser uma artista de nicho porque sou transexual e a minha música só ia tocar em discotecas gay”, disse Petras aos jornalistas, nos bastidores, depois de receber a estatueta. “As pessoas têm de julgar menos e espero que haja um futuro em que a identidade de género e todas estas etiquetas não importem tanto e as pessoas possam ser quem são”

Há muito que os dois artistas procuravam a fórmula certa para fazerem música juntos, sendo que Sam Smith, que se identifica como não-binário, foi um dos maiores apoiantes de Kim Petras desde o início da sua carreira. 

“Esta canção tem sido uma incrível jornada para mim”, disse Petras, que atribuiu a Madonna parte do seu sucesso, devido à luta histórica da “Material Girl” pelos direitos LGBTQ+. 

“Não me parece que estaria aqui se não fosse pela Madonna”, disse Petras em palco, agradecendo também à sua mãe por ter acreditado que ela era uma rapariga. 

Minutos mais tarde, seria a própria Madonna a apresentar a performance ao vivo de Kim Petras e Sam Smith, que interpretaram “Unholy” na cerimónia num palco rodeado de fogo. 

“Eis o que eu aprendi depois de quatro décadas na música: se te chamarem chocante, escandalosa, perturbadora, problemática, provocadora ou perigosa, estás definitivamente no caminho certo”, disse Madonna. 

“Estou aqui para agradecer a todos os rebeldes que estão por aí a abrir um novo caminho e a aguentarem o impacto disso”, continuou. “Têm de saber, todos vocês, agitadores por aí, que o vosso destemor não é invisível. Vocês são vistos, são ouvidos, e mais que tudo, são apreciados”. 

Madonna elogiou o que considerou ser a coragem de Kim Petras e Sam Smith, que se “elevaram acima do barulho e da parvoíce” em direção a algo “profano” ('unholy', em inglês). 

Mais tarde, na sala de imprensa, Petras voltou a falar da influência de Madonna. 

“A Madonna é uma artista tão provocadora e inovadora que ambos nos sentimos muito inspirados por ela nesta performance”, disse. A atuação procurou fazer uma crítica da forma como a religião rejeita pessoas como Petras e Smith. 

“Cresci com curiosidade sobre a religião e a querer fazer parte dela, mas lentamente apercebi-me que ela não me quer”, explicou Petras. “A performance foi uma opinião sobre não poder escolher a religião, não viver como as pessoas podem querer que vivamos”, adiantou. “Como transexual, não sou desejada na religião”. 

Esta distinção da Academia de Artes e Ciências de Gravação marcou uma noite que também foi histórica por consagrar Beyoncé como a artista que venceu mais prémios Grammy na história da música, ultrapassando o maestro Georg Solti. 

A 65ª edição dos prémios Grammy teve apresentação do comediante Trevor Noah.

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