Bernard Arnault, presidente da gigante francesa de artigos de luxo LVMH, é o primeiro europeu a liderar a lista da Bloomberg das pessoas mais ricas do mundo, relegando Elon Musk para o segundo lugar.
Com um valor de mais de 160 mil milhões de euros, a riqueza de Arnault eclipsou a fortuna de 164 mil milhões de dólares (cerca de 154 mil milhões de euros) do CEO da Tesla, na passada terça-feira, segundo o Bloomberg Billionaires Index. Na semana passada, Arnault já tinha tirado Musk do primeiro lugar da lista da Forbes de “Multimilionários em Tempo Real”.
O património líquido de Musk caiu em 107 mil milhões de dólares, este ano, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index. A riqueza de Arnault, que deriva do seu controlo acionista na LVMH, sofreu uma queda mais modesta de 7 mil milhões de dólares.
A grande diferença deve-se em parte ao desempenho das ações das empresas nas quais ambos são acionistas. A compra do Twitter por parte de Musk também não ajudou. Ainda assim, ele não corre qualquer risco iminente de cair ainda mais na lista. A sua fortuna continua a ser confortavelmente maior do que a do industrial indiano Gautam Adani (125 mil milhões de dólares) e do que a fortuna do fundador da Amazon Jeff Bezos (116 mil milhões de dólares), que ocupam o terceiro e quarto lugares na lista da Bloomberg.
Enquanto o preço das ações da Tesla caiu 54% este ano, as ações da LVMH mantiveram-se estáveis, apoiadas por vendas robustas nos Estados Unidos e na Europa. O mercado de luxo permaneceu relativamente inalterado este ano, mesmo com o aumento da inflação a levar os compradores menos ricos a mudar de hábitos de consumo. A LVMH tem um valor de mercado de € 362,4 mil milhões de euros.
Sempre discreto
Nascido em Roubaix, no norte de França, em 1949, Arnault licenciou-se na prestigiada École Polytechnique, uma faculdade de engenharia de Paris. Começou a carreira na empresa de construção da família, a Ferret-Savinel, tornando-se presidente em 1978, após sucessivas promoções.
Seis anos depois, soube que o governo francês procurava um novo investidor para assumir o controlo da Boussac Saint-Frères. O grupo têxtil em falência possuía um ativo importante: a Christian Dior, uma célebre casa de moda francesa.
Arnault comprou o controlo do grupo, devolvendo-lhe rentabilidade e embarcando numa estratégia para desenvolver a empresa líder mundial em artigos de luxo. “Durante esse processo, ele revigorou a Christian Dior como o pilar da nova organização”, segundo a biografia no site da LVMH.
Arnault comprou o controlo acionista da LVMH em 1989, dois anos depois de o grupo ter sido formado pela fusão da Louis Vuitton e da Moët Hennessy. Desde então, tem sido presidente e CEO do grupo.
Embora o seu nome possa não ser imediatamente reconhecido por muitos, as marcas que Arnault ajudou a desenvolver - da Christian Dior à Dom Pérignon - tornaram-se famosas.
Ao longo das três últimas décadas, Arnault transformou a LVMH numa potência de artigos de luxo com 75 marcas que vendem vinhos, bebidas espirituosas, artigos de moda, artigos em pele, perfumes, cosméticos, relógios, joias, viagens de luxo e estadias em hotéis. Ele abriu a primeira loja Louis Vuitton da China em Pequim, em 1992.
Em janeiro de 2021, o grupo concluiu a aquisição por 15,8 mil milhões de dólares da icónica joalharia norte-americana Tiffany & Co, a maior aquisição de sempre na indústria do luxo.
Os esforços filantrópicos de Arnault são realizados principalmente através da LVMH, que dedica o seu mecenato às artes e à cultura. Em 2019, o grupo doou 200 milhões de euros para ajudar na reconstrução da Notre Dame, após o enorme incêndio que atingiu a catedral de Paris.
Há muito tempo que Arnault detém o título de pessoa mais rica da Europa, mas o homem de 73 anos mantém um perfil muito mais discreto do que Musk e não é pessoalmente ativo em nenhuma das principais redes sociais. Em outubro, disse à Radio Classique, que pertence à LVMH, que vendeu o seu avião particular porque o tinham envergonhado no Twitter por usá-lo com muita frequência.
Arnault é casado e tem cinco filhos, todos a trabalhar atualmente na LVMH ou numa das suas marcas, segundo a Bloomberg.
