7-1, 31 anos: a meio, Toni pensou vencer

14 dez 2017, 00:02
Toni

Toni era adjunto de Mortimore na maior derrota do Benfica frente ao Sporting; «Fomos ao tapete, mas erguemo-nos», lembra

A goleada do Sporting sobre o Benfica por 7-1 completa esta quinta-feira 31 anos. A 14 de dezembro de 2011, por ocasião das bodas de prata, o Maisfutebol realizou uma reportagem sobre esse jogo eterno. Recorde algumas histórias.

Toni sabe exactamente onde estava a 14 de Dezembro de 1986. Sabe ele e quase todo o país com mais de 30 anos. Adjunto de John Mortimore, o técnico viveu os 7-1 por dentro. Tão por dentro que confessa que, ao intervalo, lhe parecia possível o Benfica vencer o Sporting. «Fomos ao tapete, mas levantámo-nos», lembra ao Maisfutebol o treinador, que sorri perante a memória: «Mal me falam no 14 de Dezembro de 86, a minha cabeça vai logo para o 14 de Maio de 1994 (data dos 3-6 em Alvalade). Afinal, são dois resultados que levaram o Benfica a ser campeão.»

Antes disso, Toni «mostra-nos» os 7-1 do lado encarnado: «Comandávamos o campeonato e estávamos a chegar ao final da primeira volta. Ao intervalo havia 1-0 e lembro-me de dizer, num desabafo no balneário com os jogadores, que, se o Benfica não vencia o Sporting naquele dia, nunca mais vencia. Porque conforme o jogo estava, era muito possível inverter o resultado. Mal sabia o que ia acontecer na segunda parte...»

O que aconteceu no segundo tempo fica para todo o sempre e Toni ainda se lembra «do regresso à Luz, com muitos adeptos à espera», e, obviamente, inconformados. «Recordo-me de sair do autocarro e de dizerem que eu era o culpado, que estava a mais no Benfica. Eu percebia o que lhes ia na alma», conta, o então adjunto de Mortimore.

Fomos atrás da bola, e descobrimo-la

O peso do resultado foi tão grande que havia medidas a tomar. O director para o futebol, Júlio Borges, terá feito um ultimato. Ou ele ou Mortimore. Quatro dias depois do derby, o dirigente pediu a demissão. Alegou motivos de saúde.

«Das grandes derrotas tiram-se grandes ensinamentos e houve um toque a reunir», recorda Toni. «Nessa semana, o presidente Fernando Martins foi ao balneário, e quando ele ia ao balneário, o balneário tremia», prossegue.

«Houve palavras muito duras, por entre incentivos, a equipa ouviu e entrou num percurso incrível, pois nunca mais perdeu até final da temporada», referiu, ao Maisfutebol.

Manuel Fernandes: «Podiam ter sido 8, 9, 10...»

«Essa derrota abalou o futebol do Benfica, feriu, deixou sequelas, mas estas tornaram-se passageiras, porque o Benfica tinha um grupo forte mentalmente e, se assim não fosse, não se teria levantado, ou seja, o Benfica foi ao tapete, mas ergueu-se a tempo», referiu.

De facto, as consequências dos 7-1 foram proporcionalmente inversas ao resultado. Para o campeonato, o Sporting só voltou a vencer dois meses e meio depois. E terminou em quarto. Já o Benfica sagrou-se campeão. Festejou o título precisamente contra os leões, na Luz, na segunda volta. E ainda acabou por fazer a dobradinha no Jamor, com novo triunfo sobre o Sporting.

Ainda assim, os 7-1 ficam como a goleada de todas as goleadas nos derbies. «Só há uma coisa a fazer, dar os parabéns ao adversário, com fair-play», concluiu Toni, tanto anos depois dos 7-1.

Veja os golos:

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