Avançado revê toda a carreira e aborda o clássico do próximo domingo com o FC Porto numa entrevista à BetanoMag
Vangelis Pavlidis reviu toda a sua carreira numa entrevista à BetanoMag, desde os primeiros passos na Grécia, passando pela formação na Alemanha, até à afirmação nos Países Baixos e à chegada ao Benfica. O avançado destaca ainda o ambiente no Estádio da Luz e aborda o clássico do próximo domingo com o FC Porto, garantindo que vai «dar tudo» para vencer.
Uma entrevista que começa com os primeiros passos de Pavlidis no futebol, nos arredores de Salónica, onde nasceu. «Quando era miúdo queria fazer desporto, os meus pais levaram-me a um campo, tinha quatro ou cinco anos e já amava o futebol e passou a fazer parte da minha vida», começa por recordar
O jovem Pavlidis começou a jogar na Grécia, no Bebides 2000, mas acabou a formação já na Alemanha, no Bochum.
«Estive doze anos nessa academia, foi muito bom, joguei com amigos que ainda tenho lá. É muito bonito recordar os tempos em que lá joguei, era muito novo. Claro que, deixar tudo para trás, a minha cidade, ir sozinho para a Alemanha, por um lado foi muito difícil, mas por outro lado esse era o meu sonho que era jogar futebol. Foi incrível para mim e para a minha carreira ter ido para a Alemanha porque era um dos principais países para jogares futebol e melhorar as tuas qualidades», prossegue.
Antes de começar a jogar como avançado, Pavlidis jogou como médio.
«Honestamente era um número 8 ou um número 10, depois os treinadores colocaram-me a jogar com número 9 e comecei a marcar golos e a mostrar as minhas qualidades. Quando tinha 16, 17 ou 18 anos ainda estava à procura da minha posição, jogava também como 10, na esquerda, na direita, a ponta-de-lança, em todo o lado. Aprendi muitas coisas a jogar assim, mas no final, só queria jogar como número 9. Penso que é bom jogar noutras posições porque aprende-se muitas coisas e não apenas a jogar como ponta-de-lança. Mas jogar a 9 para mim é a posição mais bonita, é o jogador que marca os golos», comenta.
Concluída a formação, Pavlidis teve uma primeira oportunidade na equipa principal do Bochum. «Foi um pouco surpreendente porque só tinha 17 anos e não estava à espera. Era o último jogo da temporada e naquele ano eu era o mais novo da equipa. Treinei toda a semana com a equipa principal e, no final, vi o meu nome na lista de convocados. Nem queria acreditar, foi incrível. Depois foi só desfrutar do facto de fazer parte da equipa, até pensei que não ia jogar, mas nos últimos quinze minutos do último jogo da época da Bundesliga 2. Foi incrível, fiquei muito grato por isso, deixei a minha família orgulhosa», recorda.
Depois do Bochum, Pavlidis jogou uma temporada na segunda equipa do Borussia Dortmund, por empréstimo. «Era novo, tinha uma pequena lesão e precisava de ir para onde pudesse jogar e o Borussia foi um clube fantástico para eu perceber o que é um clube grande. Estava a jogar no segundo clube e as pessoas amam o clube. Foi muito bom jogar lá um ano, para somar minutos. Foi muito importante para o meu passo na direção dos Países Baixos. Se jogas no Dortmund, toda a gente olha para ti», conta.
Depois da Alemanha, seguiram-se os Países Baixos e o primeiro contrato profissional com o Willem II. «Sim, havia três boas equipas nessa temporada e o Willem II foi muito importante para a minha carreira. Continuava a procurar a minha posição em campo, naquela altura ainda não era número 9, mas para mim foi incrível, apesar de uma pequena lesão, estar num clube da Eredivisie [liga neerlandesa], jogar e marcar golos, disputar uma final da Taça, jogar nas competições europeias. Foram os meus primeiros anos relevantes no futebol profissional», destaca.
Do Willem II, para o AZ Alkmaar onde marcou mais de oitenta golos. «Estava a pensar qual seria o próximo passo na minha carreira e o AZ foi um projeto fantástico para mim. Falei com as pessoas de lá antes de tomar a decisão, senti-me confortável, foi incrível. Tive algumas dificuldades nos primeiros jogos, mas depois adaptei-me e correu tudo bem. Jogar na Europa todos os anos, estar no topo da lista dos melhores marcadores todos os anos, estive quase a ganhar uma taça com eles, mas perdemos duas vezes nas meias-finais. Consegui fazer parte do topo do futebol europeu e dos Países Baixos. É um clube que nunca esquecerei. Tenho amigos lá que vou manter nos próximos dez anos. Quando acabar a carreira certamente voltarei lá para os ver».
Foram os golos no AZ que acabaram por chamar a atenção do Benfica. «A primeira vez que conheci as pessoas do Benfica foi muito agradável, disse-lhes que estava aberto a essa possibilidade e que gostava do clube. Falaram-me do projeto, já sabia que era um clube grande, que está todos os anos na Liga dos Campeões, luta todos os anos por títulos, é um dos melhores clubes do mundo. Obviamente que estava orgulhoso e a sentir-me abençoado por vir e dar tudo por eles», conta.
Antes de assinar, Pavlidis consultou Vlachodimos. «Falei com o Vlachodimos, ele conhece muito bem o clube, explicou-me algumas coisas e disse-me que ia adorar o clube, a cidade e os adeptos. Tinha toda a razão, não vejo nada de negativo aqui», acrescentou.
No Benfica, Pavlidis tinha a possibilidade de jogar num estádio especial para os gregos, onde a Grécia conquistou o título europeu em 2004. «Ouvi algumas histórias das pessoas que trabalham na seleção grega, explicando-me o quão especial essa noite foi para eles e para todo o país. É um estádio que também consigo sentir agora, estou muito feliz por jogar lá. Espero marcar muitos golos e ajudar a equipa. É a minha casa»
Quanto aos adeptos do Benfica. «Adoro ver este estádio sempre cheio, em todos os jogos estão 60 mil pessoas, mesmo nos jogos particulares, foi incrível. Mesmo nos jogos fora, a qualquer lado que vamos, os fãs do Benfica estão lá a fazer imenso barulho no estádio. Na verdade, sinto que todos os jogos são como se fossem em casa, é incrível. Não são muitos os clubes que conseguem fazer isso e mostra como o Benfica é um clube especial».
O Estádio da Luz será o palco do clássico deste domingo frente ao FC Porto. «Joguei muitos jogos importantes na minha carreira e será muito bom jogar mais um. Preparo-me da mesma forma para todos os jogos, mas claro que jogar um clássico é diferente. Estou ansioso por dar tudo pelo clube e espero ganhar este jogo».
Um clássico com ambiente a ferver, depois dos dois rivais terem perdido os respetivos jogos na Europa. «Eu sei que neste tipo de jogos, que os adeptos aqui, como na Grécia, estão sempre a lutar dentro e fora do terreno de jogo, conseguimos sentir a intensidade e a tensão dentro e fora do campo. Penso que será um jogo incrível», destacou ainda