Treinador sai de casa e diz adeus à mulher, tal como na primeira passagem pelo Benfica
Quando José Mourinho chegou ao Seixal para ser apresentado, não foi sozinho: com ele levou uma mala de viagem e a decisão de ficar a dormir no Benfica Campus.
Mais tarde, na conferência de imprensa, confirmou isso mesmo.
«Sou um treinador de um dos maiores clubes do mundo. Quero fechar-me nesta missão. Quero centrar-me. A minha promessa é muito clara: vou viver para o Benfica, vou viver para a minha missão. Saí de casa e disse até domingo. Significa que até domingo não vou sair.»
Ora esta decisão de Mourinho não é uma novidade: há 25 anos (menos dois dias), tomou exatamente a mesma atitude.
Foi o próprio quem o revelou numa das biografias publicadas, ao contar como foi o processo de assinar com o Benfica.
Era dia 19 de setembro, já a noite ia alta, quando reuniu com Vale e Azevedo no escritório do então presidente do Benfica, no centro de Lisboa. De pronto deixou-o avisado de que só aceitava ser treinador principal.
«Não vou para adjunto nem do Toni, nem do Capello, nem de ninguém», disse-lhe.
Garante que a empatia com o advogado foi imediata e que o contrato se resolveu numa questão de segundos. Assinou contrato e viajou então para casa, onde o esperava a mulher. Quando chegou, foi curto e direto.
«Vou treinar o Benfica e amanhã vou para um hotel qualquer em Lisboa, porque preciso de estar concentrado apenas nisto.»
Este diálogo acontece a altas horas da madrugada e, portanto, já no dia 20 de setembro de 2000, Mourinho é apresentado na Luz, orienta o primeiro treino e começa a dormir sozinho num hotel. Exatamente como está a fazer agora.
Três dias depois, no Estádio do Bessa, estreou-se oficialmente como treinador principal. Curiosamente com uma derrota por 1-0: um golo de Duda fez o resultado final e o Boavista nessa época acabou campeão.