Novo treinador regressou ao passado, recordou as promessas que fez no FC Porto e antecipa também regresso ao Dragão
Apresentação de José Mourinho, no Seixal, como novo treinador do Benfica, em substituição de Bruno Lage:
Quando chegou ao FC Porto, em 2002, prometeu que ia ser campeão, hoje pode prometer o mesmo aos benfiquistas? Apesar de ser um ano de eleições, apesar do contexto difícil, acha que pode ser feliz no Benfica?
«O que prometi há vinte e tal anos atrás vem de encontro ao que estava a dizer anteriormente. As promessas valem o que valem, na altura prometi e cumpri, mas podia ter prometido e não cumprir. São fase de um homem de 60 anos e de um homem de 40. Eu neste momento não prometo, aquilo que prometo e penso verdadeiramente que o Benfica tem todas as condições para ganhar o campeonato. Tem dois pontos perdidos, seguramente iremos perder mais ao longo do campeonato, espero que não muitos, mas partimos praticamente da estaca zero e o Benfica tem potencial suficiente no balneário para ser campeão. Não me escondo, podia estar aqui a dizer talvez sim, talvez não. Promessa não, mas a convicção de que podemos e devemos, não me escondo».
É o contexto ideal para si?
«O contexto ideal para mim é treinar uma das melhores equipas do mundo. A minha carreira foi rica até agora, treinei os maiores clubes do mundo em diferentes países. Tive uma opção errada, mas não me arrependo. Fiz mal em ir para o Fenerbahçe, não era o meu nível cultural, não era o meu nível enquanto futebol, mas dei tudo até ao último dia. Também tive de fazer o meu luto, como o Bruno [Lage] também está a fazer agora, ninguém gosta de sair, mas treinar o Benfica é regressar ao meu nível. O meu nível é treinar os melhores clubes do mundo».
O que diria ao José Mourinho de há 25 anos?
«Diria, fizeste tudo bem. Da maneira que a minha carreira se tem processado, fiz tudo bem. Obviamente que não fiz tudo bem, fiz muita borrada e tomei muitas decisões erradas, mas as coisas correram-me bem».
Disse que ia bloquear os sentimentos em relação ao regresso ao Benfica, mas como vai bloquear o ruído que vem de fora em contexto de eleições e o calendário é exigente?
«Relativamente ao ruído mediático, sou muito em não sentir esse ruído porque me protejo muito. Não sou um maníaco daquilo que dizem sobre mim ou sobre a minha equipa. Tento passar ao lado, obviamente não desrespeitando o trabalho dos media, mas é uma proteção minha, de não ter tempo, nem condições, para estar preocupado com situações exteriores. Aquele que de vós me elogiar tremendamente não vai mudar a minha vida, aquele que de vós me criticar profundamente também não vai mudar a minha vida. Habituei-me, pelo facto de treinar clubes muito importantes, a bloquear e a passar um pouquinho ao lado. Acabei de falar como os nossos homens da comunicação e só lhes pedi uma coisa: só quero saber as coisas fundamentais. Não preciso de briefings diários, não preciso de saber grande detalhes. Preciso só e pontos-chave, em dias-chave. Esta é a minha maneira de estar».
Foi aplaudido há poucos dias no Dragão, vai voltar lá a 5 de outubro para o clássico, que receção é que está à espera?
«Uma receção diferente. A receção que tiveram para comigo acho que é normal, acho que sou um treinador histórico no clube que as pessoas reconhecem e não ia ao estádio há vinte anos. Acho que a receção acaba por ser normal. Agora regressar como treinador do rival, sabendo eles que o meu objetivo não é desfrutar da visita, mas é tentar vencer o jogo, obviamente que estou à espera de uma receção diferente. Mas que o respeito que eu tenho por eles e que eles têm por mim, não vai mudar, mas obviamente volto como treinador do grande rival, não há muita volta a dar, mas não tenho qualquer tipo de problema»