Mourinho: «Não podemos perder como há dois dias»

18 set, 16:53
José Mourinho apresentado como treinador do Benfica (FOTO: José Sena Goulão/LUSA)

Novo treinador do Benfica promete mudanças ao nível emocional e elogia o trabalho feito por Bruno Lage

Apresentação de José Mourinho, no Seixal, como novo treinador do Benfica, em substituição de Bruno Lage. Primeiro treino está marcado para as 16h00:

Rui Costa disse que o próximo treinador do Benfica tinha de ter um perfil ganhador. Já conhecemos o seu perfil, como tenciona meter o Benfica a ganhar?

«Na cabeça de algumas pessoas eu tenho dois currículos. Tenho um currículo que durou um certo número de tempo e tenho outro currículo que, na cabeça de muita gente ou de algumas pessoas, é uma fase menos feliz da minha carreira. A minha infelicidade é que nos últimos cinco anos joguei duas finais europeias. Na parte negativa da minha carreira, na fase dramática da minha carreira, joguei duas finais europeias. Eu não sou importante, venho numa fase da minha carreira, da minha pessoa…. Nós transformamos-nos para melhor, sou mais altruísta, sou menos egocêntrico, penso menos em mim e penso mais no bem que posso fazer aos outros, na alegria que posso dar aos outros. Eu não sou importante, o Benfica é importante, os adeptos do Benfica são importantes.»

«Os adeptos são o coração de qualquer clube e no Benfica ainda de uma maneira mais especial. Os jogadores são importantes e eu estou aqui para servir. Fazer o Benfica ganhar? Isso é o ADN do Benfica, o Benfica é ganhar, mas também penso que o ganhar do Benfica é perder nos limites. Revejo-me muito na cultura, no perfil, naquilo que é verdadeiramente o povo que ama o futebol. O povo que ama o futebol quer ganhar, mas quer também sentir parte do esforço, da mentalidade, do sacrifício. Nós, treinadores e jogadores, que somos privilegiados, mas, no fundo, durante 90 minutos representamos toda a aquela gente. É com esse sentimento que sempre entrei em campo. Tenho um respeito enorme pela minha profissão e pelos adeptos do meu clube e, neste momento, os adeptos do meu clube são aqueles que me fizeram sentir inconfortável. Fui acompanhado para aqui por algumas motas das televisões e o benfiquista saltava a estrada. Isso arrepia, faz pele de galinha. 25 anos de futebol ao mais alto nível não me transformaram numa pessoa imune a tudo isto.»

«Queremos ganhar sempre, não vamos ganhar sempre. Não podemos perder como há dois dias, isso não é o Benfica. O Benfica é quem jogou contra o Fenerbahçe durante trinta minutos. O Benfica é que esteve em Istambul, em dificuldades, com um jogador a menos e conseguiu levar a nau a bom porto e conseguiu tirar um resultado positivo. Isso é o Benfica onde me revejo e com o qual eu cresci. Ganha muitas vezes, quando não ganha, perde de uma maneira que sentimos que nós perdemos com eles. Isso parte do ponto de vista emocional.»

«Tenho um jogo daqui a 48 horas, vou encontrar metade dos jogadores no segundo dia recuperação. Amanhã serão 24 horas antes do jogo, tenho de meter o meu dedo, mas de uma forma muito ao de leve. Não posso mudar, não posso radicalizar. Não posso meter os dedos todos e mudar tudo ao mesmo tempo. Tem de ser com calma. Por onde temos de começar é por este perfil ao nível emocional. Temos de entrar em campo e perceber que não somos só onze, somos muitos milhões. Acho que parte muito por aí, porque em termos táticos, vou meter o dedinho, mas muito relativamente. Muito, muito controlado, porque não quero desvirtuar uma essência. E dizer que, com toda a honestidade e todo o respeito, pelo trabalho que foi feito pelo meu antecessor, que muita coisa foi bem feita.»

Relacionados

Benfica

Mais Benfica