Argentino do Benfica diz que nunca sentiu tanto prazer em jogar como agora, numa longa entrevista em que também conta uma história singular do Mundial 2022
Ángel Di María diz que está a divertir-se a jogar futebol como nunca se divertiu na carreira, numa entrevista ao jornalista argentino Marcelo Benedetto, na qual fala no momento no Benfica, mas também no difícil adeus à seleção da Argentina, na conquista do Mundial 2022 e ainda no futuro depois de pendurar as botas.
O internacional argentino começa por explicar que já não sente a mesma tensão que sentia quando era mais jovem e com o final de carreira à vista, tem tirado muito mais prazer em jogar futebol. «Tenho aproveitado melhor nos últimos dois ou três anos e sinto-me muito melhor. Quando era jovem, as coisas eram mais apressadas, mas hoje aproveito melhor o treino», começa por contar.
Di María está mais relaxado, mas garante que mantém o mesmo nível de exigência e vontade de conquistar títulos. «Provavelmente, isto acontece porque faltam poucos anos para deixar o futebol e tu queres aproveitar o futebol de uma forma diferente. Quando aproveitas, as coisas no relvado acontecem com naturalidade. Aproveito agora melhor o momento, mas de uma forma diferente, porque a exigência, o desejo de ganhar e levantar troféus não muda. Queres até ganhar os jogos no treino, isso não muda», explicou.
Um prazer que o argentino também associa aos bons resultados do Benfica esta temporada, fazendo ainda uma referência ao atual momento do Sporting. «Estou muito contente. As coisas estão a correr bem. O último ano foi difícil, o Sporting esteve muito afinado, mas agora é diferente. Estou feliz, quando as coisas correm bem, isso deixa-me calmo», referiu.
Di María revela ainda uma história do Campeonato do Mundo de 2022 quando, na véspera da final, entrou em desespero por achar que não ia jogar. «Tinha acabado de fazer golos na Copa América, na Finalíssima, e queria muito jogar. O dia anterior foi horrível, treinámos e senti que não ia estar na equipa. Disse isso ao Leo [Messi], “não sei se jogo”. Tentava agarrar-me a algo, mas não conseguia. Não sabia mesmo se ia jogar até ao fim, pensei que íamos jogar com uma linha de cinco. Quando foi anunciado o onze, fui ver o quadro, procurei o meu nome à direita e não me vi. Depois olhei melhor e estava no lado esquerdo. O primeiro objetivo estava alcançado», recorda.
Um percurso na seleção feito ao lado de Messi que, para Di María, está no topo da elite do futebol. «É o único que vejo como melhor da história, mais alto é impossível chegar. Todos os outros estão abaixo dele. Ter treinado e jogado com ele, ver em cada treino a sua preparação, a forma como quer ganhar, a forma como se zanga quando falha um passe…tudo em geral. É difícil explicar, mas Messi dá-nos isso tudo. Tem tudo o que todos querem para serem jogadores. A elite é isso, é estar acima de todos. É o que todos querem alcançar», destacou.
Quanto ao final da carreira, Di María diz que está a tirar o curso de treinador para uma eventualidade, mas ainda não decidiu se vai enveredar por esse caminho. «Estou a tirar o curso para ver o que vai dar mais à frente. Na verdade, não tenho nada em mente. Vou decidir mais à frente, caso algum dia me passe pela cabeça ser treinador. Não sei se gostaria ou não, mas é o mais próximo do que podemos ter com um jogador. Ouvi muitos conselhos, todos me dizem o mesmo: “Vais sentir falta da adrenalina”. Logo verei, quando a minha adrenalina acabar», destacou ainda.