Magia de Sabry não disfarça frustração (crónica)

29 jul 2000, 23:39

Benfica-Corunha (0-1) Num jogo que ficou abaixo das expectativas, o Corunha, mesmo privado da maior parte das suas estrelas, foi mais consisitente do que o Benfica, merecendo a vitória. Ainda assim, os encarnados tiveram algumas oportunidades, quase todas saídas dos pés de Sabry, e dois golos anulados.

Um Corunha sem Djalminha, Flávio Conceição, Makaay, Naybet, Capdevilla, Valeron e Pauleta foi suficiente para bater o Benfica, que está ainda muito longe daquilo que lhe será exigido. Os espanhóis ficaram com a Taça Ibérica e mereceram o troféu: foram a equipa mais pragmática e eficaz. 

A qualidade do jogo ficou abaixo das expectativas. Andamento muito lento, paragens entediantes, pouca emoção. Calculistas, os espanhóis atacaram menos, mas foram mais acutilantes.  

A fantasia de Sabry foi o melhor trunfo que os benfiquistas apresentaram, mas só a magia do egípcio não chega para resolver deficiências que Heynckes terá que saber ultrapassar. 

E o Benfica até começou bem a partida. Sabry cedo mostrou ou seus dotes de fantasista e nos primeiros dez minutos protagonizou dois lances de perigo, voltando, durante o resto do encontro, a encantar com pormenores de feiticeiro.  

Os encarnados exibiam um futebol apoiado e trocavam bem a bola a meio-campo.

Calado assumia a condução de jogo, Carlitos aparecia activo na direita e Sabry, sobretudo ele, causava preocupações aos galegos. 

A equipa da Luz parecia, assim, com condições para assumir o controlo do jogo. O remate de Carlitos aos 20 minutos era mais um sinal nesse sentido. Mas a verdade é que o Corunha soube inverter esta tendência, mostrando que a primeira fase de ascendente benfiquista era apenas aparente. Duscher puxou dos seus dotes de organizador e os alas (especialmente Victor pela direita) começaram a explorar as deficiências de cobertura dos encarnados. 

Pandiani só não inaugurou o marcador, aos 40 minutos, porque Fernando Meira foi impecável no corte. Logo a seguir, um centro de Victor foi cortado por uma excepcional saída de Enke. Foi o aviso para o golo espanhol, surgido de um remate potente de Victor.  

Duscher, o pensador

A segunda parte começou com um Benfica mais atrevido e dinâmico. Van Hooijdonk quase fez o empate quando atirou ao lado uma bola que lhe foi servida por Sabry (quem mais poderia ser?). O egípcio voltou a fazer das suas um minuto depois, ao desmarcar Maniche, de forma magistral. O ala-esquerda, na cara de Songo¿O, não conseguiu desfeitear o guardião adversário. 

Mas a história da primeira parte foi quase tirada a papel químico no segundo tempo. As entradas da águia revelaram-se fogo-fátuo e a classe dos espanhóis acabou por vir ao de cima. Duscher, o pensador, reorganizou o jogo e até podia ter aumentado a vantagem espanhola, em dois remates potentes. 

Com o desfilar de substituições, os sistemas dos dois conjuntos foram-se descaracterizando, mas nem assim o Benfica conseguiu dar a volta ao texto. Os dois golos (bem) anulados à turma da Luz (a Sabry, aos 71 m, e a Maniche, aos 88 m) serviram para disfarçar uma exibição descolorida. 

Se o egípcio foi indiscutivelmente o melhor benfiquista em campo, Fernando Meira também sai de Braga com nota bem positiva: fez esquecer a ausência de Marchena, tendo feito uma exibição segura e inteligente.  
 

Ficha do jogo 
 

Estádio 1.º de Maio, em Braga

Árbitro: Paulo Paraty (Porto) 

BENFICA ¿ Enke; Dudic, Fernando Meira, Ronaldo (Miguel, 61 m) e Rojas; Calado «cap.» (Chano, 46 m) e Kandaurov (Sérgio Nunes, 46 m); Carlitos (Poborsky, 46 m), Sabry e Maniche; Van Hoijdoonk (João Tomás, 74 m)

Treinador: Jupp Heynckes 
 

CORUNHA ¿ Songo¿O; Manuel Pablo, Hélder (Schurrer, 46 m), Donato «cap.» e Romero; Duscher (Ramis, 80 m); Victor (Escalona, 46 m), Jaime (Emerson, 46 m) e Fernando (Jose Manuel, 70 m); Turu Flores (Changui, 70 m) e Pandiani

Treinador: Javier Irureta 
 

Ao intervalo: 0-1

Disciplina: cartão amarelo a Pandiani (89 m)

Marcador: Victor (43 m)

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