Quando Deco e Maniche eram a futura espinha dorsal do Benfica

17 out 2022, 08:02

A Máquina do Tempo viaja ao Alverca do final dos anos noventa, onde cresciam os meninos que pertenciam ao clube encarnado e sonhavam com a estreia no Estádio da Luz. Os que tiveram maior sucesso brilharam sim, mas no FC Porto.

Em janeiro de 1998 o Alverca lutava por uma inédita subida à Liga, o que viria a conseguir no final da temporada: ficou em terceiro lugar, atrás de União Leiria e Beira Mar.

Mais do que isso, porém, a equipa ribatejana dava nas vistas por ser uma espécie de satélite do Benfica. Luís Filipe Vieira era o presidente e montara uma sucursal do clube encarnado.

Mário Wilson era o treinador, Raul José, Pietra e António Veloso estavam como adjuntos, Maniche, Hugo Leal, Deco, Veríssimo, Bruno Basto, Sousa, Veiga, Cajú, Ramires e Anderson Luís brilhavam dentro de campo.

Todos ainda jovens, magrinhos e com uma barba frágil. Uns meninos, mas cheios de sonhos.

A TVI foi a Alverca conhecê-los melhor e percebeu que havia muita insatisfação dentro do plantel. No fundo todos sentiam que podiam estar a jogar no Estádio da Luz.

Vale a pena lembrar que o Benfica era orientado por Graeme Souness. Foi uma temporada em que o clube começou com jogadores como Jorge Soares, Scott Minto, El-Hadrioui, Leônidas, Luís Carlos, Gaston Taument ou Brian Deane e acabou por ter três treinadores. Ficou a nove pontos do FC Porto e foi afastado da Taça UEFA na primeira eliminatória pelo Bastia.

Ora perante isto, os miúdos do Alverca não escondiam a desilusão.

«Somos dos melhores a nível das camadas jovens das seleções e quando chegámos a seniores muitos jogadores desaparecem porque não existe a aposta nos jovens», dizia Hugo Leal.

«É um bocado mau olhar para o que se passa no futebol. É muito complicado para nós ver os clubes contratarem estrangeiros de qualidade inferior. Sentimo-nos inferiorizados.»

Maniche assinava por baixo.

«Se vamos à seleção é porque temos valor, mas depois chegamos aos clubes e não apostam em nós, nem nos dão uma oportunidade.»

A frustração era evidente e era normal: qual de nós não ficaria desiludido ao perceber que Leônidas fez mais jogos em seis meses na equipa do Benfica, entre uma aventura no Torpedo e outra no Arsenal Tula, do que nós em toda uma carreira?

Afinal de contas, e como o futuro veio a mostrar, alguns daqueles jovens tinham de facto muito valor. Hugo Leal, por exemplo, brilhou no At. Madrid e no PSG. Bruno Basto chegou a jogar no Bordéus e no Feyenoord. Deco e Maniche até ganharam uma Liga dos Campeões... no FC Porto.

Já Leônidas passou pelo Levski Sofia, pelo Novo Horizontino e acabou no Santa Marta de Penaguião.

«Máquina do tempo» é uma rubrica do Maisfutebol que viaja ao passado, através do arquivo da TVI, para recuperar histórias curiosas ou marcantes dos últimos 30 anos do futebol português.

Relacionados

Benfica

Mais Benfica

Patrocinados