Pedro Proença e a Superliga europeia: «É a ideia de uma mente louca»

19 ago 2021, 14:37
Pedro Proença

Presidente da Liga em entrevista a jornal espanhol

Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes, considera a ideia de uma Superliga europeia algo de uma «mente louca». Em entrevista ao jornal espanhol El País, o antigo árbitro abordou esta questão.

«É a ideia de uma mente louca. Eles não perceberam a lógica do futebol europeu. Aqui não vivemos na realidade desportiva dos Estados Unidos, onde existe uma liga fechada em que as posições de valor económico são compradas para se ter um lugar desportivo. O sucesso social e económico do futebol europeu baseia-se no seu carácter democrático, na defesa dos princípios da meritocracia, na possibilidade de um pequeno país como Portugal ser campeão europeu, na possibilidade de clubes relativamente pequenos como o Porto ou o Benfica terem ganho a Liga dos Campeões. Se amputarmos a possibilidade de atravessar os limites económico-financeiros através do mérito desportivo, mataremos o futebol. Não é possível criar uma Super Liga dentro do modelo atual, no qual existem várias divisões. Se não permitirmos que países mais pequenos subam a escada, mataremos o futebol europeu», considerou Pedro Proença.

O presidente da Liga comentou, também, as conversações que Benfica e FC Porto tiveram com vista a participar na Superliga.

«Houve conversações. Mas, felizmente, os clubes portugueses perceberam que a existência de uma Superliga aniquilaria completamente as ligas médias e pequenas. A resposta foi categórica. Não só a Liga Portugal e a Federação Portuguesa compreenderam que isto seria a morte do futebol português. Os clubes de Portugal responderam muito claramente que não apoiariam a Superliga», atirou Proença.

O dirigente considerou, ainda, que a visão dos tecnocratas sobre o futebol «deve ser socialista».

«A nossa visão do futebol, como tecnocratas, deve ser socialista. Temos de criar condições de riqueza de modo a podermos partilhá-la entre todos os clubes da Europa. O grande sucesso das competições europeias é a capacidade de impedir que uma pequena elite adquira um lugar de exclusividade. Esta é a visão das competições, desde a Liga dos Campeões até ao futebol juvenil. Não podemos permitir que uma pequena elite seja o catalisador de toda a riqueza que o futebol na Europa produz. Se as marcas do Real Madrid, Barcelona ou Liverpool são tão valiosas hoje em dia, é porque estavam ligadas a outras ligas capazes de as promover, formando jogadores nas suas academias de juventude e, em última análise, produzindo riqueza. Os grandes clubes gozam desta prosperidade graças ao facto de existirem clubes, ligas com outras dimensões, que os obrigam a ser fortes», concluiu.

Relacionados

Benfica

Mais Benfica

Patrocinados