«Queríamos era ser campeões, fosse por um ponto ou diferença de golos»

David Marques , Benfica Campus, Seixal
28 mai 2023, 19:04

Roger Schmidt relativizou a perda substancial da vantagem para o FC Porto na reta final da época

À 26.ª jornada, quando liderava a Liga com dez pontos de vantagem sobre o então campeão nacional FC Porto, o Benfica parecia a caminho de uma conquista tranquila do título.

Esse cenário acabou por não se confirmar. Pelo caminho, a equipa de Roger Schmidt perdeu oito pontos e viu a distância cair para os dois, o que fez com que o campeonato só ficasse decidido na última jornada.

Numa conversa com jornalistas, o treinador alemão preferiu focar-se no essencial quanto a esse tema: no fim da história, o Benfica foi campeão e, por isso, o objetivo foi atingido. «Estivemos dez pontos à frente, no fim terminámos dois pontos à frente. Está tudo bem. Não queríamos ser campeões com 20 pontos de vantagem. Queríamos ser campeões. Não importava se era por um ponto ou por diferença de golos. Claro que seria bom para o nosso nervosismo se fosse com dez pontos de vantagem, mas não foi possível e temos de aceitar a qualidade das outras equipas», afirmou.

O Benfica terminou a Liga com 87 pontos. Curiosamente, o mesmo registo do último título (com Bruno Lage) e muito perto o registo máximo dos encarnados, como lembrou Schmidt. Fizemos 87 pontos e penso que o recorde do Benfica é 88 pontos [n.d.r.: com Rui Vitória em 2015/16]. Estivemos muito perto da melhor época de sempre do Benfica, por isso não podemos queixar-nos da pontuação», disse.

Ainda assim, Roger Schmidt refletiu sobre o mau período que o Benfica atravessou quando num espaço de menos de duas semanas perdeu dois jogos seguidos para a Liga e foi eliminado da Champions pelo Inter.

«Olhando para trás, penso que essas duas semanas, quando jogámos com FC Porto, Inter e Chaves, foi talvez a pior fase da época para nós. Jogámos a um nível muito elevado e sem muitos altos e baixos ao longo da época, mas nessas duas semanas não estivemos ao mais alto nível. Alguns jogadores tiveram algumas dificuldades com a condição física», reconheceu.

«Mas penso que também podíamos ter vencido esses jogos. Não me parece que tenhamos sido assim tão maus, mas não fomos tão dominadores e bons a defender como antes. Nesses jogos os adversários foram muito eficazes e tivemos de aceitar isso, mas termos conseguido depois superar esse ciclo foi muito importante para o resto da época. (...) Quando perdemos a vantagem de dez pontos para quatro na Liga, claro que era muito importante voltarmos a estar concentrados, mostrar que conseguíamos aguentar a pressão e voltar a ganhar jogos. Penso que depois ganhámos quatro ou cinco jogos seguidos outra vez. Na segunda parte da época ganhámos nove ou dez jogos seguidos, depois perdemos dois e depois voltámos a ganhar quatro jogos. Penso que os jogos com o Sp. Braga e, depois, com o Sporting foram cruciais. Sabíamos que entre as equipas do topo tínhamos o calendário mais difícil na reta final da época e se compararmos com o FC Porto foi muito importante estar bem nesses jogos», analisou ainda.

No campeonato dos chamados «grandes», diante de FC Porto, Sp. Braga e Sporting, o Benfica acabou por só vencer dois jogos, tendo empatado e perdido também dois. Schmidt assumiu ser importante estar bem nesses jogos, mas considerou que isso de nada vale sem boas prestações nos restantes jogos. «Faz parte. Temos 34 jogos e há que conseguir o máximo de pontos. Claro que ter vantagem nos confrontos diretos é bom, porque são pontos que essas equipas não ganham. Em Portugal não podemos perder muitos pontos se quisermos ser campeões. É importante ganhar estes jogos, mas também é importante ganhar todos os outros. Perdemos um jogo com o FC Porto e outro com o Sp. Braga, enquanto empatámos duas vezes com o Sporting. Isso mostra a competitividade e que o Sporting, o Sp. Braga e o FC Porto são também equipa de topo. É normal vencerem-nos por vezes», relativizou.

Roger Schmidt desvendou ainda um pouco do que poderá acontecer na próxima época. Falou de posições para reforçar e assumiu «mudar um pouco» o estilo de jogo. Recusou, no entanto, qualquer vantagem para a próxima época face aos rivais ou lançar qualquer profecia sobre um novo período hegemónico dos encarnados no futebol nacional. «Ganhámos o título este ano. É perfeito, mas não significa que vamos ganhar também na próxima época. No início da próxima época teremos zero pontos. Precisamos talvez de 85 ou 90 pontos outra vez para sermos campeões. É muito difícil e cada troféu vai ser um grande desafio. Não temos nenhum bónus por causa do título. Não temos nenhuma vantagem por sermos campeões. Sei o quão difícil é. (…) Veremos que transferências conseguimos fazer, que transferências fazem outras equipas», concluiu.

 

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