Autoridades fazem buscas no Parlamento Europeu por suspeitas de interferência russa nas eleições europeias (e não só)

CNN Portugal , PP/AM/AAT - notícia atualizada às 15:18
29 mai, 11:52
Parlamento Europeu (AP)

"Os objetivos de Moscovo são claros - ajudar a eleger mais candidatos pró-Rússia para o Parlamento Europeu e reforçar uma certa narrativa pró-Rússia". Suspeito é um assessor de um eurodeputado de extrema-direita

O Ministério Público belga fez saber esta quarta-feira que as autoridades realizaram buscas na residência de um funcionário do Parlamento Europeu e no seu escritório no mesmo edifício, em Bruxelas. Em causa está uma suspeita de interferência russa.

Os procuradores responsáveis pela investigação explicaram através de um comunicado que o escritório do suspeito, em Estrasburgo - onde está localizada a sede do Parlamento da UE - também foi alvo de uma ação, em parceria com o Eurojust e as autoridades francesas.

Estas buscas acontecem a menos de duas semanas das eleições europeias, que se vão realizar entre 6 a 9 de junho. A investigação já tinha sido anunciada no mês passado pelo primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, que disse que os serviços secretos do país tinham confirmado a existência de uma rede que tentava interferir no apoio à Ucrânia.

No comunicado, os procuradores escrevem: “As buscas fazem parte de um caso de interferência, corrupção passiva e ligação a uma organização criminosa e estão relacionadas com indícios de interferência russa, através da qual membros do Parlamento Europeu foram abordados e pagos para promover a propaganda russa através do site de notícias Voz da Europa”. Acrescentava ainda que acreditavam que o funcionário desempenhou “um papel significativo nisso”.

A imprensa belga avança que o alvo das buscas foi Guillaume Pradoura, o antigo assessor de Maximilian Krah, o até há pouco tempo cabeça de lista da Alternativa para a Alemanha (AfD) que teve de se demitir depois de polémicas declarações sobre as SS.

Atualmente, Pradoura estava ao serviço de Marcel de Graaff, eurodeputado do partido neerlandês de extrema-direita Fórum para a Democracia.

Guillaume Pradoura e Maximilian Krah ainda não reagiram ao caso, mas Marcel de Graaff utilizou a rede social X para confirmar que está a par das buscas, mas dizer também que o seu assessor "pareceu não estar a par".

"As autoridades não me contactaram a mim ou a ele. Para mim é uma surpresa total", acrescentou.

Em resposta à CNN Portugal, o Parlamento Europeu não comenta "investigações em curso", mas diz que "quando e se tal lhe for solicitado, o Parlamento Europeu coopera plenamente com as autoridades policiais e judiciais, a fim de contribuir para o funcionamento da justiça. Neste contexto, foi facultado o acesso a um gabinete".

"Quanto ao resto, é necessário contactar as autoridades belgas", adianta a mesma fonte oficial.

A União Europeia proibiu este mês a "Voz da Europa" e três outros meios de comunicação russos de transmitir no bloco dos 27 países. Alegou que todos eles estavam sob controlo do Kremlin e tinham como alvo “partidos políticos europeus, especialmente durante períodos eleitorais”. Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, a UE já tinha avançado para a suspensão do "Russia Today" e do "Sputnik".

Segundo o que o primeiro-ministro belga afirmou quando abordou o tema, a investigação revelou que membros do Parlamento Europeu tinham sido abordados com ofertas de dinheiro para promoverem propaganda russa: “De acordo com o nosso serviço secreto, os objetivos de Moscovo são claros - ajudar a eleger mais candidatos pró-Rússia para o Parlamento Europeu e reforçar uma certa narrativa pró-Rússia”, afirmou há cerca de um mês.

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