Detida falsa enfermeira que raptou recém-nascido de hospital em Bilbau

Cláudia Évora | Carolina Resende Matos , Notícia atualizada às 13:00
20 out 2022, 11:47
Suspeita de ter sequestrado bebé em Bilbau (Ertzaintza)

O crime ocorreu na quarta-feira à noite. O bebé, com apenas 24 horas de vida e pouco mais de três quilos, foi encontrado esta manhã à porta de um apartamento

Foi detida esta manhã, em Zorroza, a mulher, de 24 anos, que se fez passar por uma enfermeira no Hospital Universitário de Basurto, em Bilbau, Espanha, e raptou um recém-nascido dentro de um saco de plástico. 

De acordo com as informações recolhidas pelo El Mundo, o rapto ocorreu na quarta-feira à noite. Esta manhã, o bebé, de nome Aimar, foi encontrado à porta de um apartamento no bairro Santutxu. A moradora ouviu a campainha tocar por volta das 08:30 (horas locais, menos uma em Lisboa) e quando abriu a porta deparou-se com o recém-nascido, ainda com vida e com a pinça do cordão umbilical, no tapete. 

Segundo a Ertzaintza (polícia do País Basco), o bebé terá sido ali deixado pela sequestradora. Uma mulher de 24 anos, 1,60m de altura e com cabelo escuro e encaracolado. Segundo as imagens de videovigilância, na altura dos factos, esta tinha o cabelo apanhado. 

Nas redes sociais foram divulgadas imagens da suspeita. O objetivo era que alguém que tivesse visto esta mulher ou tenha mais informações contactasse de imediato o 112. Mas, entretanto, a suspeita já foi detida. 

Este primeiro vídeo mostra o momento em que a suspeita entrou no hospital vestida de auxiliar de saúde. 

As autoridades também foram deixando apelos nas redes sociais. Nesta imagem, a suspeita já tinha despido a farda hospitalar. Estava de t-shirt, calças, uma mala retangular preta tipo ráfia e, apesar de ser quase impercetível, o recém-nascido estava a ser segurado pelo braço esquerdo. 

A Ertzaintza e as autoridades locais verificaram todas a câmaras de videovigilância dos arredores do Hospital Universitário de Basurto até que conseguiram chegar ao paradeiro da suspeita. 

O percurso da sequestradora 

De acordo com o El Mundo, por volta das 21:00 de quarta-feira, esta mulher de 24 anos vestiu-se de enfermeira e entrou pela porta dos funcionários do hospital.

Passou por vários quartos com o intuito de convencer alguma mãe de que tinha de levar o filho para realizar alguns exames. A maior parte recusou o pedido, até que surgiu uma que não suspeitou de nada. Foi assim que a suspeita abandonou o hospital, com Aimar, com apenas 24 horas de vida e pouco mais de três quilos, dentro de um saco de plástico. 

Caminhou com o recém-nascido até uma farmácia perto do Museu Guggenheim. Entrou, comprou leite em pó, um biberão e continuou o percurso a pé pelas ruas de Bilbau. Por esta altura, o pai do bebé já tinha dado o alerta às autoridades e por isso o perímetro de buscas era cada vez mais apertado. Até os taxistas da zona foram notificados. 

Circulou sempre a pé até de manhã, quando deixou o Aimar à porta de um apartamento no oitavo andar de um edifício no bairro Santutxu. Esta zona fica a cerca de quatro quilómetros do hospital e é um dos bairros mais conceituados de Bilbau. 

"Estava calmo e alimentado". O relato da mulher que encontrou o recém-nascido 

Alicia já trabalhou como auxiliar de enfermagem numa clínica de ginecologia e também chegou a ser empregada doméstica. Esta manhã, aconteceu o impensável: acordou com um recém-nascido à porta de casa. Em declarações aos jornalistas, contou que estava na cozinha quando ouviu a campainha tocar. Espreitou pelo óculo da porta, mas não viu ninguém. Decidiu abrir a porta, viu o bebé e começou a gritar.

Alicia disse ao filho, Zuhaitz Barriuso, "tenho a certeza que é uma criança roubada", porque sabia que as autoridades andavam à procura de um bebé que havia sido raptado.

Ele estava bem, em ótimas condições. Estava calmo e alimentado... Mas olhei para ele... ali tão indefeso. Uma pessoa começa a pensar nos pais...", disse visivelmente emocionada.

O filho, que estava a dormir, quando se apercebeu do que estava a acontecer, calçou "os chinelos" e "desceu as escadas a correr" para ver se ainda conseguia apanhar a alegada sequestradora na rua. Mas quando chegou à porta da rua não havia ninguém nas proximidades.

Entretanto, Alicia já tinha contactado o 112 e as autoridades, que chegaram aos local "em poucos minutos". A equipa médica, contou, inspecionou Aimar, que tinha apenas um body vestido, para verificar se estava bem e depois levou-o novamente para o Hospital Universitário de Basurto, onde foi entregue aos progenitores.  

Questionada pelos jornalistas sobre se conhecia a alegada raptora, Alicia disse que não fazia ideia quem era e, por essa razão, não compreendia porque é que o recém-nascido tinha sido deixado à sua porta. 

Governo admite rever protocolo de segurança 

Apesar deste incidente ter acabado bem, não deixa de ser um caso grave e que levanta várias questões, desde logo a segurança das unidades hospitalares. Como é que um estranho entra num hospital, tem acesso à zona das maternidades e entra em vários quartos? 

Não se sabe. A ministra da Saúde, Gotzone Sagardui, disse aos jornalistas que iria ser feita uma "investigação exaustiva" para apurar "como e o porquê" disto ter acontecido. Mesmo tratando-se de "um caso isolado" é necessário "investigar", reforçou a governante, depois de ter visitado os pais de Aimar e ter conversado com alguns funcionários do hospital. 

Gotzone Sagardui vai, ainda esta quinta-feira, reunir-se com a equipa de segurança do Hospital Universitário de Basurto para obter mais detalhes sobre este incidente, mas também para "propor medidas" preventivas. A ministra admitiu mesmo alterações no protocolo de segurança. 

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