Situação do futebol português

5 jun 2000, 09:38

Estudo da BDO

Conclusões e recomendações  
 

Conclusões gerais 

Os problemas detectados na situação do Futebol Profissional em Portugal são múltiplos e complexos, não sendo pertinente qualquer visão redutora ou simplificadora. Até porque os problemas estruturais são tão profundos quanto antigos. Podemos sintetizar estes problemas como segue: 

- Os clubes/SAD's de Futebol Profissional têm estruturas financeiras em geral desequilibradas, donde resulta o círculo vicioso que referimos em capítulo anterior; 

- A sua incapacidade em sair desse círculo impossibilita a manutenção dos melhores jogadores, o que reduz a qualidade do espectáculo desportivo e, com isso, a possibilidade de angariar receitas suficientes para poderem financiar melhores actores para os seus espectáculos; 

- Essa deficiente estrutura financeira está, de um modo geral, associada a uma gestão deficiente e não profissional a tender frequentemente para assentar numa óptica de curto prazo, o que contribui para agudizar os problemas; 

A deficiência dos sistemas de informação dos clubes está patente nas dificuldades para responderem aos nossos questionários e a falta de transparência na gestão financeira constitui um obstáculo sério à constituição e manutenção com boa imagem no mercado de novas SAD's. 

Recomendações gerais 

Para enfrentar as dificuldades existentes apresentam-se algumas recomendações, decorrentes de todo o conjunto de observações que este trabalho nos facultou: 

- A clarificação das atribuições da FPF e da LPFP é fundamental, de modo a que ambas as instituições possam ficar fortalecidas e prestigiadas, cada uma no seu âmbito de responsabilidades - à LPFP deverão caber todas as responsabilidades de gestão do Futebol Profissional, inclusivé no que respeita à Disciplina e à Arbitragem, e à FPF deverão caber a gestão do Futebol Amador e a representação externa do Futebol Profissional; 

- A representação na Assembleia Geral da FPF deverá caber aos clubes, por representação eleita; 

- Aos clubes amadores deve ser vedada a contratação de jogadores profissionais; 

- Aos clubes das divisões regionais deverá ser vedada a contratação de jogadores não originários da região; 

- As actividades de formação e de fomento de outras modalidades desportivas devem ser objecto de uma política pública de apoio específico, a ser negociado pela LPFP; 

- Alteração dos calendários desportivos, através do aligeiramento das provas a disputar, propondo-se uma redução do número de clubes que disputam os Campeonatos Nacionais da I Divisão e II Divisão de Honra; 

- Uma gestão na óptica de longo prazo deverá passar por uma política privilegiada de formação de jovens jogadores; 

- Redifinição dos critérios de natureza financeira e de organização que os clubes/SAD's devem satisfazer, tendo em consideração que os actuais critérios, embora estruturalmente satisfatórios, estão baseados na fixação de médias para todo o campeonato. Devem por isso ser substituídos por critérios de fixação de mínimos, sendo a sua aplicação efectuada individualmente a cada clube/SAD e não por campeonato ou por jogo, e limitando os compromissos dos clubes em função dos seus recursos em conformidade com o seu equilíbrio financeiro; 

- Criação no seio da Federação de uma Direcção de Controlo de Gestão, eleita fora da lista do Presidente, com uma estrutura de representação bem definida, com um mandato alargado, com os seus membros inamovíveis (salvo por motivos discplinares graves) e com substituições periódicas dos seus elementos. A Direcção de Controlo de Gestão será constituída por uma Coissão de Controlo de Gestão, encarregada especificamente de verificar o cumprimento das obrigações impostas aos clubes, de proceder às verificações que julgar necessárias, de examinar as contas previsionais fornecidas pelos clubes e de estabelecer sanções, e por uma Comissão de Recurso Disciplinar que deverá ser a única instância de recurso para as suas decisões; 

O número de clubes na I Divisão deverá ser reduzido, tendo em atenção critérios de competitividade e de estabilidade na gestão dos clubes, pelo que os critérios de descida de divisão (e de subida da II Divisão de Honra) deverão incluir resultados de mais de uma época, as percentagens de pontos obtidos e indicadores de desempenho financeiro. 

Estudo da BDO Binder & Co. Auditoria, Impostos e Consultoria

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