Descida das taxas Euribor em agosto é a maior registada em décadas. Detentores dos contratos de crédito à habitação revistos em setembro vão sentir forte redução da prestação a pagar ao banco. Confira o seu caso
A expectativa de que a taxa de inflação deverá continuar a desacelerar e poderá mesmo situar-se abaixo da meta de 2% defendida pelo Banco Central Europeu (BCE), o facto de a economia europeia manter um crescimento anémico e de se continuar a registar um abrandamento no mercado de trabalho são fatores que têm feito crescer a convicção de que o BCE não só deverá descer as taxas de juro na reunião de setembro, como as irá cortar pelo menos mais uma vez até ao final do ano.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse recentemente numa entrevista à agência Bloomberg que “o mais provável, em termos de política monetária, é continuar a baixar as taxas”, referindo mesmo que a decisão para a reunião de setembro seria “fácil” e que a reunião de outubro seria “engraçada”. Posteriormente, num podcast do próprio Banco de Portugal, explicou que lhe parece “relativamente claro qual a trajetória que as taxas na área do euro tem de ter”, sinalizando um caminho de corte de juros e salientando que os dados que vierem a ser divulgados serão determinantes para estas decisões.
Os mercados financeiros não são alheios a esta convicção e, por exemplo, as taxas Euribor têm vindo a acentuar esta tendência. Em agosto as taxas Euribor registaram mesmo a maior descida mensal das últimas décadas. A Euribor 3 meses, por exemplo, caiu face a julho mais de 0,13 pontos percentuais, algo que não acontecia há mais de dez anos. E as Euribor 6 meses e 12 meses tiveram quedas ainda mais expressivas: mais de 0,2 e mais de 0,3 pontos percentuais, algo que já não acontecia desde 2009.
O resultado destas descidas terá forte impacto nos detentores de contratos de crédito à habitação que sejam revistos no próximo mês, uma vez que essa revisão será feita com base na média das Euribor de agosto. Olhando para um crédito de 200 mil euros, indexado à Euribor 6 meses (a mais utilizada atualmente em Portugal), com um prazo de 30 anos e um spread (margem do banco) de 1%, verifica-se que a prestação deverá diminuir mais de 50 euros por mês. Mas se a análise for feita tendo por base o mesmo contrato, mas indexado à Euribor 12 meses, então, a queda na prestação a pagar ao banco será ainda mais expressiva, devendo mesmo ultrapassar os 100 euros.
Ainda assim, estas quedas não anulam a subida dos encargos registados nos últimos dois anos com estes mesmos contratos. Em qualquer um dos casos e mesmo depois desta queda na prestação, o valor mensal a pagar ao banco continua muito acima do valor que era pago há dois anos.
Confira o seu caso:
Quanto já aumentou e como vai evoluir em setembro a prestação da casa
Empréstimo a 30 anos com spread de 1% || Dados de agosto apenas até dia 29
EURIBOR 3 MESES
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EURIBOR 6 MESES
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EURIBOR 12 MESES
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Nota: Os cálculos partem do princípio de que há dois anos o capital em dívida era de 50, 100, 150 ou 200 mil euros, consoante o exemplo, e que o prazo de pagamento era de 30 anos, com um spread de 1%. A partir desse ponto, a cada revisão do contrato, aplica-se a taxa de juro correspondente e diminui o montante em dívida e o prazo de pagamento do crédito.