Economista-chefe do BCE defende aumento de impostos sobre os mais ricos para apoiar os mais vulneráveis

27 set 2022, 20:32
Philip Lane (Photo By Gustavo Valiente/Europa Press via Getty Images)

As previsões do economista-chefe do BCE vão assim mais além do que tem vindo a ser anunciado por Christine Lagarde, que apenas prevê um aumento do desemprego

Philip Lane, economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), defende que os governos devem aumentar os impostos sobre os mais ricos e sobre as empresas e indústrias mais lucrativas para ajudar os mais vulneráveis a enfrentar a crise energética.

Numa entrevista ao jornal austríaco Der Standard, o economista irlandês salienta que "as pessoas mais pobres são as mais afetadas" pelo "enorme" choque energético que estamos a viver. Por essa razão, Philip Lane defende que, "os governos devem apoiar os rendimentos e o consumo das famílias e empresas que estão a sofrer mais" com os efeitos da escalada da inflação.

"A grande questão é se parte desse apoio deve ser financiado pelo aumento de impostos sobre aqueles que estão numa melhor situação. Tal poderia assumir a forma de impostos mais elevados sobre os que recebem maiores rendimentos ou sobre as indústrias e empresas altamente lucrativas, apesar do choque energético. Se apoiarmos os mais vulneráveis através de impostos mais altos, isso terá um efeito menor [no aumento] da inflação do que se aumentarmos o défice".

Questionado sobre se isso significa que o aumento dos défices representa um risco para a economia da zona euro, Philip Lane respondeu que, "no curto prazo, não será possível evitar défices um pouco maiores, mas tem de existir um limite de tempo claro".

"Isso é importante para a política monetária. Este ano é um caso especial porque os gastos com a pandemia estão a normalizar. A economia reabriu e muitos subsídios relacionados com a pandemia já expiraram. Portanto, não estamos a verificar novos grandes défices este ano. Esta é mais uma questão para o próximo ano, para garantir que o défice continua a melhorar em vez de ficar estagnado no nível atual. Isto não significa avançar para a austeridade, mas sim um afastamento da política expansionista".

Relacionados

Economia

Mais Economia

Patrocinados