Presidente do Banco Central Europeu revela que o aumento das taxas de juro diretoras em 75 pontos base foi "unânime" e admitiu que um bloqueio total do fornecimento de gás russo e políticas como o racionamento de energia - mergulhariam a zona do euro numa recessão no próximo ano
Christine Lagarde adiantou esta quinta-feira que o Banco Central Europeu (BCE) vai aumentar as taxas de juro "nas próximas reuniões". Uma decisão que a presidente do banco europeu justifica como reação a uma inflação que "provavelmente permanecerá acima do nosso objetivo durante um período prolongado".
Enquanto isso, espera-se que a economia "desacelere substancialmente no restante deste ano", detalhou ainda a presidente do BCE, acrescentando que os preços da energia vão permanecer "extraordinariamente altos".
"A energia é a maior fonte da inflação. É o fator dominante", afirmou, em conferência de imprensa.
O Banco Central Europeu (BCE) decidiu esta quinta-feira aumentar em 75 pontos base as suas três taxas de juro diretoras, o segundo aumento consecutivo deste ano e o maior desde 1998. A taxa diretora está agora em 1,25%.
Esta "subida jumbo" visa aumentar o custo dos empréstimos para consumidores, governos e empresas, o que, em teoria, desacelera os gastos e os investimentos e acalma a subida dos preços ao consumidor ao reduzir a procura por bens.
"Temos mais caminho a percorrer daqui em diante", disse a presidente do BCE, acrescentando que esta foi uma "decisão unânime" entre decisores sobre a necessidade de um aumento de 75 pontos base para "adiantar" o movimento em direção às taxas consistentes e trazer a inflação para o objetivo a médio prazo de 2%.
Questionada sobre a direção futura e o ritmo das mudanças nas taxas, Lagarde afirmou: "Não dissemos 'aumentar em 75' como se 75 fosse a norma - não é".
No entanto, Lagarde admitiu que o seu chamado cenário "desfavorável" - que envolve um bloqueio total do fornecimento de gás russo e políticas como o racionamento de energia - mergulharia a zona do euro numa recessão no próximo ano, com uma contração prevista de 0,9%.