Presidente sírio fugiu do país num avião, partindo do aeroporto internacional de Damasco antes da chegada dos rebeldes sírios à capital
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo confirmou esta manhã que o presidente sírio, Bashar al-Assad, abandonou o país depois de ter dado ordens para que se avançasse com uma "transferência pacífica do poder".
“Na sequência das negociações entre Bashar al-Assad e um determinado número de participantes no conflito armado no território da Síria, ele decidiu demitir-se da presidência e deixou o país, dando instruções para uma transferência pacífica do poder", podia ler-se num comunicado do ministério, onde se acrescenta que a Rússia não teve qualquer envolvimento na fuga do presidente sírio.
Foi a confirmação do anúncio feito horas antes pelos rebeldes sírios, depois de terem tomado a capital, Damasco. "O tirano Bashar al-Assad fugiu (...) proclamamos a cidade de Damasco livre", anunciou a coligação de grupos rebeldes, citados pela Reuters.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Bashar al-Assad fugiu do país, partindo de avião no aeroporto de Damasco antes da chegada dos rebeldes à capital.
Só que, segundo a agência de notícias Reuters, o avião onde seguia desapareceu dos radares. Duas fontes não identificadas do exército sírio indicaram à Reuters que Bashar al-Assad partiu num avião da Syrian Air às primeiras horas da manhã. Um avião de carga partiu do aeroporto de Damasco cerca das 04:00 (hora local, 01:00 em Portugal Continental), com um destino não revelado.
Segundo dados do Flightradar24, após voar sobre a cidade de Homs, o avião deu uma volta e começou a voar para leste, à medida que ia perdendo a altitude. Pouco depois, o sinal do avião desapareceu dos radares.
O comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo surge em resposta a relatos que davam conta de que Bashar al-Assad tinha fugido de Damasco sob proteção russa. Outra fonte indicou que o presidente viajou para Latakia, no noroeste da Síria, onde a Rússia tem uma base aérea.
A verdade é que o paradeiro de Bashar al-Assad ainda não é conhecido. O presidente sírio não é visto desde que se encontrou com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano em Damasco, há uma semana. Nesse dia, prometeu "esmagar" os rebeldes que avançavam em direção à capital a um um ritmo sem precedentes.
No sábado, confrontado com a aproximação dos rebeldes a Damasco, o gabinete de Bashar al-Assad informou que o chefe de Estado continuava com o seu trabalho e com as suas tarefas nacionais e constitucionais a partir da capital.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, assumiu esta manhã que Bashar al-Assad "está provavelmente fora da Síria", respondendo assim a uma questão sobre o paradeiro do líder sírio, à margem do Fórum de Doha, uma conferência internacional a decorrer no Qatar.
"Não tenho a certeza. Não posso comentar sobre isso. Penso que ele está fora da Síria", respondeu Fidan.
Depois da queda do regime, anunciada pelos próprios rebeldes sírios em direto na televisão estatal síria, milhares de pessoas saíram às ruas para celebrar "o início de uma nova era na Síria". Dezenas invadiram a residência de Bashar al-Assad depois de esta ter sido saqueada num bairro nobre da capital, tomada pelos rebeldes. Segundo relatos da Reuters, várias crianças foram vistas a correr para a entrada do palácio presidencial de al-Assad, enquanto vários homens saíam do edifício carregando móveis.