Da confiança nos bancos e na polícia aos abusos sexuais na igreja católica. Qual é o “Estado de Opinião” dos portugueses?

1 dez 2021, 22:00
Lisboa

Estudo feito para a CNN Portugal mostra que os portugueses inquiridos têm, maioritariamente, pouca confiança nos bancos, mas revelam um grau de confiança maioritariamente positivo nas forças policiais. De acordo com o estudo, mais de 85% da população concorda com abordagem do Papa Francisco aos abusos sexuais

O barómetro do “Estado de Opinião” feito para a CNN Portugal indica que 46% dos portugueses tem um baixo nível de confiança nos bancos, com 20% a admitir que tem um “muito pequeno” grau de confiança nestas instituições. 

Respondendo à questão “qual é o grau de confiança que tem nos Bancos?”, apenas 21% dos inquiridos faz uma avaliação positiva, sendo que só 3% da população classifica de “muito grande” a sua crença nas instituições bancárias. 

Comparativamente, aqueles que afirmaram ter muito pouca confiança nos bancos são provenientes da Área Metropolitana do Porto e de Lisboa e têm, na maioria, idades compreendidas entre os 50 e os 64 anos.

Na outra face da moeda, a maior parte dos inquiridos que afirmaram ter o máximo grau de confiança nas instituições bancárias são provenientes da Área Metropolitana do Porto e da região Centro e têm entre os 18 e os 34 anos.

As respostas também registam uma variação consoante a escolaridade do entrevistado. A maior parte das pessoas com o ensino básico classificaram a sua confiança nos bancos como “pequena” e a maioria daqueles que completaram o secundário regista um grau “médio” de confiança, igual à maioria dos inquiridos com um curso superior.

Perante os aumentos nos ordenados e os aumentos que os produtos habitualmente registam no princípio do ano, 49% dos inquiridos considera que o seu rendimento em 2022 será menor do que em 2021. Sobre esta questão, 36% afirmou achar que esse valor será igual e apenas 14% acredita que será maior.

Confiança nas forças policiais e nas forças armadas maioritariamente positiva. 90% considera que videovigilância é necessária

Por outro lado, a confiança nas forças policiais é maioritariamente positiva, com 47% dos portugueses inquiridos a classificar como grande (39%) ou muito grande (8%) a crença que têm nas autoridades policiais.

A maior parte das pessoas que sublinharam ter uma muito elevada confiança nas forças policiais são homens, entre os 18 e os 34 anos e com o ensino secundário completo.

Contudo, 20% dos entrevistados fizeram uma avaliação negativa do grau de confiança que têm nesta instituição, sendo que 6% classificam-na como “muito pequena” e 14% descrevem um nível de confiança “pequeno”.

Daqueles que responderam muito negativamente à questão relativa ao grau de confiança que têm nas forças policiais para garantirem a segurança de pessoas e bens, a maior parte reside na região Sul e nas ilhas, é do sexo feminino, tem o ensino básico e entre 50 e 64 anos.

Sobre as Forças Armadas, a avaliação feita pelos inquiridos também é predominantemente positiva, com 54% a responderem que têm um grau de confiança “grande” (41%) e “muito grande” (13%) na Marinha, no Exército e na Força Aérea. 

A maior parte dos interrogados no estudo (90%) disseram ainda que a videovigilância é “necessária”, revendo-se na implementação deste sistema de controlo na cidade do Porto com o objetivo de tornar as ruas mais seguras.

Sobre as principais ameaças à estabilidade internacional, a maior parte dos inquiridos (30%) considerou o terrorismo como o principal fator de disrupção, ficando 3 pontos percentuais à frente da crise climática (27%).

Os questionados sublinharam ainda como ameaças a China (14%), os movimentos migratórios (11%) e a Rússia (6%). Os Estados Unidos são a potência que menos é vista como ameaça à estabilidade (5%).

Metade dos inquiridos tem grau de confiança positivo no SNS e nos hospitais

Relativamente ao grau de confiança que existe no Serviço Nacional de Saúde e nos hospitais, 50% dos inquiridos teve uma resposta positiva, 27% classificou a sua crença nestas instituições de saúde como “média” e 22% fizeram uma avaliação negativa sobre o conteúdo da questão.

A maior parte dos inquiridos (38%) afirmou que a sua confiança nos hospitais e no SNS era grande e 12% demonstrou um nível “muito grande” de convicção. 

No entanto, 15% dos questionados consideraram que a o seu grau de confiança era pequeno, com 7% a considerarem o valor “muito pequeno”.

Mais de 85% concorda com abordagem do Papa Francisco aos abusos sexuais. Maioria acredita que os padres deveriam poder casar e que as mulheres deveriam ter acesso ao sacerdócio

A gigante maioria dos inquiridos avalia positivamente a abordagem do Papa Francisco na luta contra os abusos sexuais dentro da igreja. Perante a afirmação “o Papa considerou que a Igreja tem de enfrentar de forma corajosa e transparente a questão dos abusos sexuais”, 87% da população concorda com a afirmação.

De acordo com o estudo, há 8% da população que rejeita que o Papa tenha tido uma abordagem correta ao problema e 5% não tem opinião sobre o assunto.

Já confrontados com o debate interno na igreja sobre o casamento de sacerdotes, 80% dos inquiridos diz que o matrimónio deveria ser permitido no seio eclesiástico, com 9% a sublinhar que o mesmo deveria ser proibido. 

O acesso das mulheres ao sacerdócio é atualmente negado e um tema de discussão dentro da igreja católica. Questionados sobre se defendem que o impedimento não faz sentido tendo em conta a realidade dos dias de hoje, 70% concordam com a afirmação e 16% rejeita-a.

 

Ficha técnica

Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e região (4). A amostra teve 802 entrevistas efetivas: 610 entrevistas CAWI e 192 entrevistas CATI; 185 entre os 18 e os 34 anos, 238 entre os 35 e os 49 anos, 207 entre os 50 e os 64 anos e 172 para os 65 e mais anos; Norte 288, Centro 170, Sul e Ilhas 100, Área Metropolitana de Lisboa 244.

Técnica: Aplicação online – CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) – de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos; entrevistas telefónicas – metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao sub-universo utilizado pela AXIMAGE nos seus estudos políticos, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 13 e 16 de novembro de 2021.

Erro probabilístico: O processo amostral, não sendo aleatório, implica a não indicação do erro probabilístico. Contudo, para efeitos de comparação, para uma amostra probabilística com 802 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,017 (ou seja, uma “margem de erro” – a 95% - de 3,46%). Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direcção técnica de Ana Carla Basílio.

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