Taça de Portugal: Alverca-Famalicão, 1-2 (crónica)

20 nov 2021, 22:01
Alverca-Famalicão

Cambalhota em dois tempos

O Famalicão não facilitou, foi a Alverca com o onze de gala e carimbou a qualificação para os oitavos de final da Taça de Portugal diante de um Alverca que vendeu bem cara a derrota. Os ribatejanos estiveram em vantagem durante setenta minutos, com um jogo ousado que surpreendeu a equipa de Ivo Vieira, mas a equipa da Liga precisou pouco mais de um minuto para virar o resultado e garantir a continuidade na prova rainha. A fechar o jogo, Banza, a grande figura deste jogo, caiu no relvado desamparado e gerou alguma apreensão no estádio, mas ao que tudo indica está estabilizado.

Ivo Vieira não se cansou de enviar mensagens para a própria equipa, na antevisão do jogo, alertando para a possível motivação do adversário, para a longa paragem da competição e para a necessidade dos seus jogadores estarem com altos níveis de concentração para evitar uma eventual surpresa. O próprio treinador deu o exemplo e repetiu exatamente o mesmo onze que, no último jogo tinha goleado o Boavista em pleno Estádio do Bessa.

A verdade é que o Alverca justificou todas as cautelas do treinador do Famalicão, com uma entrada fortíssima no jogo, com os olhos fixos na baliza de Luiz Junior, com um jogo vertical, com muitos jogadores a saíres disparados para o ataque. Logo no primeiro minuto, os ribatejanos puseram a defesa dos visitantes em polvorosa, com muitos jogadores no interior da área e o lateral Jorge Bernardo a obrigar o guarda-redes do Famalicão a aplicar-se para evitar o primeiro golo.

A jogar de igual para igual, sem quaisquer preocupações defensivas, o Alverca atacava por todos os lados e colocava o Famalicão em sentido. Ricardo Rodrigues, um furacão na esquerda, criou a segunda oportunidade, descendo pelo flanco até à linha de fundo para depois cruzar atrasado para o remate de Klinsmahn por cima da trave. O Famalicão demorou a entrar no jogo e teve mesmo de recuar o seu bloco para ter mais bola e procurar controlar o jogo.

Pêpê Rodrigues e Charles Pickel acabaram por colocar alguma ordem no jogo e o Famalicão, agora com mais bola, começou a crescer, mas a verdade é que isso não fez qualquer mossa no incómodo adversário que, sempre que ganhava a bola saía disparado para a frente, quase sempre pela esquerda, pelos pés de Ricardo Rodrigues, mas também pelo centro com Felipe Ryan também a conseguir profundidade. Com o Famalicão a estabilizar, surgiram as primeiras oportunidades da equipa de Ivo Vieira. Adrián Marín esteve muito perto de abrir o marcador, com um remate fortíssimo da esquerda, João Sousa cortou sobre a linha fatal, já com José Costa batido.

Quando parecia que o Famalicão já tinha o jogo controlado, Ricardo Rodrigues arrancou mais uma vez pela esquerda, mas desta vez não procurou a linha de fundo, puxou para dentro, tirou Digo Figueiras do caminho e, com o pé direito, disparou em arco para o segundo poste, sem hipóteses para Luiz Junior. Um golaço, aos 31 minutos, com uma execução perfeita, que resultou numa explosão nas bancadas, com os adeptos da casa em festa. Foi o quarto golo do extremo esquerdo que, até agora, marcou em todos as eliminatórias da Taça de Portugal.

O Famalicão procurou reagir de imediato, subindo as suas linhas e com o primeiro remate de Simon Banza a rasar o poste. Já perto do intervalo, livre de Pêpê Rodrigues e cabeçada de Alexandre Penetra por cima da trave. O Alverca chegava ao intervalo com a vantagem intacta.

Ivo Vieira abdicou desde logo do apagado Heriberto para lançar Ivo Rodrigues e o Famalicão entrou mais equilibrado na segunda parte, conseguindo manter a bola mais tempo no meio-campo do Alverca e Iván Jaime, num lance em tudo idêntico ao golo de Ricardo Rodrigues, esteve muito perto de chegar ao empate, logo a abrir, com um remate em arco que acabou por ser devolvido pelo poste. O Alverca continuava a procurar as transições rápidas, mas agora com menos gente a invadir o campo contrário, até porque o tempo corria a seu favor.

Cambalhota e susto a fechar

E corria depressa, com o Famalicão com uma posse de bola crescente, a criar oportunidades, mas com o Alverca cada vez mais fechado. No entanto, a equipa de Ivo Vieira precisou pouco mais de um minuto para virar o resultado. Num passe oportuno de Banza, Pedro Brazão destacou-se nas costas da defesa ribatejana e, com o pé esquerdo, empatou o jogo. Bola ao centro, Banza investe pela direita e é derrubado por João Sousa na área. Um lance muito contestado pelo Alverca. Na marcação da grande penalidade, o avançado ainda permitiu a defesa de José Costa, mas acabou por marcar de cabeça na recarga.

Em dois tempos, a vantagem passava do Alverca para o Famalicão a vinte minutos do final. O Alverca ainda voltou a arriscar, subiu as suas linhas, mas agira tinha pela frente um Famalicão bem mais tranquilo, a resolver todos os problemas que os ribatejanos lhe colocaram e ficou à espera de uma oportunidade para matar a eliminatória.  Argel ainda lançou mais dois avançados para a frente de ataque nos últimos instantes do jogo, mas foi Ivo Rodrigues que esteve perto acabar com as expetativas.

Já em tempo de compensação, um enorme susto depois de uma falta sobre Simon Banza. O avançado foi entalado entre dois adversários, caiu sobre a zona das costelas e terá ficado com dificuldades em respirar. Viveram-se momentos de apreensão, mas o avançado acabou por sair de maca, ao que tudo indica, já estabilizado.

Vitória justa do Famalicão que, apesar de tudo, teve de aplicar-se para contrariar a surpreendente ousadia do Alverca que deixou uma boa imagem no adeus à Taça de Portugal. Uma nota especial para Simon Banza, desta vez com uma assistência e um golo na reviravolta do Fama. Em dez jogos, o avançado cedido pelo Lens conta com dez golos marcados. Um fenómeno.

 

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