Shiekh Hasina, no poder desde 2009, fugiu de helicópetro para um "local seguro", na Índia, na sequência dos violentos protestos que tomaram conta do país. O chefe do exército diz que este é um "período crítico"
A primeira-ministra do Bangladesh, Shiekh Hasina, demitiu-se e fugiu do país na manhã desta segunda-feira, após a intensificação dos protestos populares, contra o governo, que têm agitado o país nas últimas semanas.
De acordo com a Reuters, foi avançado pela agência de notícias indiana ANI que o helicópetro em que fugiu Hasina aterrou numa base militar em Deli, na Índia.
Apesar de a agência de notícias não ter conseguido confirmar esta informação, afirma, com base na análise do tráfego áero local, que foi possível confirmar que uma aeronave da força áera do Bangladesh partiu do país em direção à Índia, e que quando aquela se aproximou da zona de Deli deixou de ser possível o seu rastreamento.
Na origem do descontentamento que levou à demissão e fuga de Shiekh Hasina, que se encontrava no poder desde 2009, está a tentativa de reposição das quotas no acesso à função pública. Este foi o mote para vários protestos, em diferentes zonas do país, que desde o início de julho resultaram em mais de 300 mortes.
No entanto, segundo o News18, este domingo foi o dia mais mortífero dos conflitos, com 91 pessoas mortas e centenas feridas, sendo considerados os mais violentos desde a fundação do Bangladesh em 1971.
Em resposta ao vazio de poder, o general e chefe do Exército do país, Waker-Uz-Zaman, já anunciou que vai assumir o controlo da governação neste que classifica como um "período crítico para o país".
Zaman, em declarações aos jornalistas, disse que pretende "assumir a responsabilidade" e que irá "falar com o presidente e pedir a formação de um governo interino para liderar o país".
"Prometo que será feita justiça em relação a todos os assassínios e injustiças das últimas semanas. Peço que tenham fé no exército", afirmou, pedindo ainda aos manifestantes que não "retomem o caminho da violência".
Os mais recentes protestos ocorreram esta manhã, em Daca, a capital do país, com uma multidão de manifestantes, de bandeiras em punho, a invadir os jardins da residência oficial da primeira-ministra, chegando mesmo a entrar no edifício e a levar peças de mobiliário e televisões.
Sajeeb Wazed Joy, filho de Hasina, disse em declarações a BBC que a sua mãe deixou o país por questões de segurança e após insistência da família.
Joy afirmou ainda que Hasina está "muito desiludida por, após todo o trabalho dedicado ao país, uma minoria se insurgir contra a sua liderança" e acrescentou que a primeira-ministra demissionária não fará qualquer tentativa para regressar à vida política.