O número de banqueiros com remunerações acima de um milhão de euros duplicou em Portugal. E disparou para recorde na União Europeia
Seis banqueiros em Portugal ganharam mais de um milhão de euros em 2021, o dobro do ano anterior (marcado pela pandemia). Em média, estes gestores receberam 1,244 milhões de euros, entre remunerações fixas e variáveis, em linha com os valores registados em 2020, segundo um relatório divulgado esta quinta-feira pela Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês).
Na União Europeia assistiu-se a “um aumento significativo” do número de altos executivos da banca e firmas de investimento com remunerações superiores a um milhão de euros: aumentou em 41,5% dos 1.383 em 2020 para 1.957 em 2021. “É o valor mais alto desde que a EBA começou a coletar os dados em 2010”, aponta a autoridade.
A EBA explica a subida do número de “high earners” – que receberam uma média de 1,8 milhões de euros, um aumento de 16% em relação ao ano anterior – com a atribuição de prémios de desempenho. “Outros fatores relevantes que suportam esta tendência podem ser identificados no alívio das restrições relevantes do Covid-19 e na continuação da realocação de pessoal para as atividades da UE no contexto do Brexit”, acrescenta.
“High earners” na banca mais do que duplicam numa década
De acordo com o regulador, o maior salário foi atribuído em Espanha, onde um gestor(a) auferiu rendimentos entre 14 milhões e 15 milhões de euros. “Um montante significativo de remuneração variável corresponde a uma indemnização”, contextualiza a EBA sobre este caso, sem mencionar o nome da pessoa –naquele ano, o Santander foi condenado a pagar 68 milhões de euros a Andrea Orcel por ter voltado a atrás na contratação do italiano para CEO do grupo.
A EBA contabiliza vários elementos da remuneração, além da componente fixa: bónus, prémios de longo prazo, contribuições para a pensão e indemnizações.
Quem são os portugueses dessa lista?
Os banqueiros portugueses com salário acima de um milhão de euros são uma gota em termos europeus. A autoridade da banca não identifica os seus nomes, nem o banco onde trabalham. O regulador detalha apenas que um tem funções de supervisão, outro de gestão, três trabalham na banca de retalho e há outro com outras funções.
De acordo com os relatórios dos bancos de 2021, Pedro Castro e Almeida foi o CEO mais bem pago naquele ano, tendo recebido do Santander Totta uma remuneração de 1,05 milhões de euros (513 mil euros na componente fixa e 539 mil na componente variável).
O CEO do BCP, Miguel Maya, teve uma remuneração de cerca de 950 mil euros, não tendo contado, assim, para os números divulgados pela EBA. Nos outros bancos, os CEO também tiveram remunerações inferiores a um milhão: João Pedro Oliveira e Costa recebeu 743 mil euros no BPI, enquanto as remunerações atribuídas a Paulo Macedo (Caixa) e António Ramalho) foram pouco acima dos 400 mil euros.
Com seis banqueiros, Portugal surge à frente de países como Bulgária, Estónia, Grécia, Malta e Eslováquia (todos com 1), Chipre (2), Hungria e Eslovénia (3), Roménia (5). Croácia, Lituânia e Letónia não tinham registos de salários milionários na banca.
A Alemanha lidera a tabela, com 589 gestores com salários milionários, seguida de França (371), Itália (351) e Espanha (221).