Banco de Inglaterra em alerta máximo com investidores a “testarem” bancos

CNN , Hanna Ziady
28 mar 2023, 22:00
Andrew Bailey, Governador do Banco de Inglaterra, a 2 de fevereiro de 2023 Foto Yui MokPool via AP

“Os riscos no sistema financeiro continuam a ser muito elevados”, afirmou José Manuel Campa, o líder da Autoridade Bancária Europeia.

O governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey (na foto), já afirmou que os investidores estão à procura de “pontos fracos” na banca, à medida que persistem os receios de que a crise possa engolir mais instituições do sector.

Esta segunda-feira, as ações dos bancos europeus valorizaram, impulsionadas pela notícia de que o First Citizens Bank, nos Estados Unidos, iria comprar a maior parte dos ativos do Silicon Valley Bank, que entrou em colapso no início deste mês. Mas a subida seguiu-se a uma forte queda na sexta-feira, que foi liderada pelo Deutsche Bank (DB).

“Penso que há movimentos nos mercados para, se quiser, testar os bancos”, afirmou Bailey perante uma comissão parlamentar do Reino Unido esta terça-feira. “Não gostaria de dizer que aqueles que eu estimo se baseiam em fraquezas identificadas”. E acrescentou mais tarde: “Os mercados estão neste momento a tentar encontrar pontos fracos”.

Reguladores e investidores de ambos os lados do Atlântico estão com os nervos em franja por causa de potenciais focos de vulnerabilidade no sector bancário.

José Manuel Campa, o líder da Autoridade Bancária Europeia (EBA), afirmou na segunda-feira ao jornal alemão Handelsblatt que os bancos europeus continuam vulneráveis. “Os riscos no sistema financeiro continuam a ser muito elevados”, afirmou.

Bailey disse que o banco central estava a acompanhar de perto o sector bancário, apesar da sua “opinião muito forte” de que as instituições financeiras do Reino Unido se encontravam numa posição forte.

“Não creio que estejamos de todo no lugar em que estávamos em 2007/2008... mas temos de estar muito vigilantes”, disse. “Estamos francamente num período de tensão e alerta muito acentuado”.

Os deputados britânicos interrogaram Bailey, e outros funcionários do Banco de Inglaterra, sobre os acontecimentos em torno das falhas do SVB e do Credit Suisse. O peso pesado suíço foi resgatado pelo UBS, enquanto que o SVB britânico foi comprado pelo HSBC por uma libra, depois da sua casa-mãe norte-americana ter sido encerrada pelos reguladores.

Bailey disse que a velocidade do colapso do SVB UK o tinha apanhado de surpresa. “Na minha experiência, que remonta há 30 anos, é provavelmente a passagem mais rápida da saúde à morte desde o Barings. O Barings era uma espécie de coisa de sexta-feira para domingo, e isto foi muito semelhante”, afirmou.

O Barings Bank entrou em colapso em 1995 depois de mais de mil milhões de dólares terem sido perdidos por um único trader desonesto, Nick Leeson.

De acordo com Bailey, apesar de estar bem capitalizado, o SVB UK não teria sobrevivido ao desaparecimento da sua casa-mãe americana. O responsável acrescentou que o Banco de Inglaterra tinha estado a preparar-se para a sua insolvência até que a venda ao HSBC fosse finalizada.

Sam Woods, vice-governador para a regulamentação prudencial no Banco, disse à comissão parlamentar que tinha estado em “discussões intensivas” com a Reserva Federal dos EUA e com o regulador financeiro suíço, Finma, desde outubro, sobre os planos de contingência para o Credit Suisse.

Esta terça-feira, os deputados norte-americanos iam iniciar a sua investigação sobre o colapso do SVB e do Signature Bank, com os reguladores financeiros a testemunharem perante a comissão bancária do Senado. Os reguladores norte-americanos comparecerão perante o comité de serviços financeiros da Câmara na quarta-feira.

 

 

Mundo

Mais Mundo

Patrocinados