Balão-espião chinês tinha peças de fabrico ocidental e com inscrições em inglês

10 fev 2023, 20:14
Marinha norte-americana recupera o balão-espião, abatido pelos Estados Unidos, ao largo da costa de Myrtle Beach, Carolina do Sul, a 5 de fevereiro. Créditos: US Navy via AP

A presença destas peças foi descrita por vários oficiais, sob anonimato, que se recusaram a clarificar quais os componentes fabricados no Ocidente. Também pouco claro é se a descoberta foi feita ainda antes de o balão ter sido abatido ou já durante as operações de recuperação dos destroços

O balão-espião chinês que sobrevoou os Estados Unidos continha componentes de fabrico ocidental e com inscrições em inglês, avança a Bloomberg. A informação foi passada pela administração Biden aos membros do Congresso na quinta-feira.

A presença destas peças foi descrita por vários oficiais, sob anonimato, que se recusaram a clarificar quais as peças fabricadas no Ocidente. Também pouco claro é se a descoberta foi feita ainda antes de o balão ter sido abatido ou já durante as operações de recuperação dos destroços.

Esta quinta-feira, diz a Bloomberg, funcionários do governo americano disseram que os aviões que observaram o balão durante o voo conseguiram captar imagens detalhadas do aparelho. As operações de recuperação, levadas a cabo pelo FBI, continuam a decorrer, mas a instituição afirma que a inspeção aos elementos do balão está na sua fase inicial.

À Bloomberg, os departamentos de Estado e da Defesa, bem como o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, recusaram comentar as descobertas.

Os Estados Unidos alegam que o balão-espião chinês que sobrevoou o continente norte-americano estava equipado para intercetar comunicações e faz parte de uma frota que já entrou no espaço aéreo de 40 países em cinco continentes.

O governo americano, citado pelo The New York Times, afirma que o balão tinha várias antenas e deveria ser capaz de “recolher e geolocalizar comunicações”. Os painéis solares no aparelho eram grandes o suficiente para alimentar “múltiplos sensores de recolha de informações”, pelo que Washington D.C. conclui que o equipamento do balão “servia claramente para recolha de informações e é inconsistente com o equipamento colocado nos balões meteorológicos”.

Sobre a empresa que terá fabricado o balão, os Estados Unidos alegam que terá ligações diretas ao Exército de Libertação do Povo. "A empresa também publicita balões no seu site e disponibiliza vídeos de voos passados, que parecem ter sobrevoado pelo menos o espaço aéreo dos Estados Unidos e o espaço aéreo de outros países. Estes balões anunciados parecem ter padrões de voo semelhantes aos dos balões de que temos vindo a falar esta semana", pode ler-se na nota, citada pelo The Washington Post.

Por sua vez, o Ministério da Defesa da China referiu esta quinta-feira que recusou conversar com os Estados Unidos sobre o incidente dado que "o uso da força viola a prática internacional e cria um mau precedente".

“Os EUA não criaram uma atmosfera adequada para o diálogo”, afirma o porta-voz do ministério, Tan Kefei, em comunicado, apelidando de “irresponsável” o abate do aparelho, que a China reitera que se tratava de um balão meteorológico.

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