2019: os dez jogos do ano no futebol internacional

24 dez 2019, 18:05
Liverpool-Barcelona

Reviravoltas épicas, só a incrível Liga dos Campeões 2018/19 chegava e sobrava. Mas houve mais, clássicos instantâneos e duelos para a História

2019 teve reviravoltas épicas, tantas e tão incríveis. A fase a eliminar da Liga dos Campeões, só por si, podia preencher este olhar pelos 10 jogos marcantes do ano. Mas houve mais, do futebol de clubes ao de seleções.

Clássicos instantâneos, velhas rivalidades sublimadas, jogos para a História, no melhor que o futebol tem. Emoção, paixão e o potencial para contar grandes histórias. Basta lembrar como o ano que foi do Liverpool começou com uma derrota que definiu um campeonato.

Manchester City-Liverpool, 2-1

3 janeiro, 21ª jornada da Premier League

Ainda o resto da Europa recuperava da ressaca da passagem de ano e já Inglaterra nos brindava com um jogo que marcaria 2019, que marcaria um campeonato. O Liverpool chegava aqui na frente, o City estava a sete pontos de distância. Ambos vestiram fato de gala e o 0-1 esteve a 11 milímetros de acontecer, numa bola tirada por Stones em cima da linha. Mas o City arrancou para uma exibição daquelas que define uma equipa e enredou o Liverpool no seu jogo. O primeiro golo foi de Aguero, a passe de Bernardo Silva. Firmino ainda igualou, mas depois Sané arrumou o jogo aos 72 minutos. O resto é história, o City acabou campeão, por um ponto. Milímetros de diferença, num super campeonato dos dois rivais.

Real Madrid-Ajax, 1-4

5 março, 2ª mão dos oitavos de final da Champions

Olhando para os inacreditáveis oitavos da Liga dos Campeões de 2018/19, o difícil é escolher. Comecemos pela forma como o Ajax acabou com o reinado do tricampeão europeu, que durou mais de mil dias. Depois da vitória merengue em Amesterdão, por 2-1, o Ajax demorou pouco mais de um quarto de hora a inverter o resultado. Ziyech fez o 0-1 aos sete minutos, Neres o segundo aos 18m. O 3-0 foi uma obra de arte de Tadic, antes de Asensio reduzir e Schöne arrumar o assunto. A equipa feita de talento, juventude e alma que seduziu a Europa ainda deixou pelo caminho a Juventus e só parou nas meias-finais, ela própria vítima de outra grande reviravolta, com assinatura do Tottenham. O Bernabéu foi um dos pontos altos de uns oitavos que tiveram ainda o Manchester United a virar uma derrota por 2-0 com o PSG para uma vitória por 3-1 e também o FC Porto em modo épico, a bater a Roma por 3-1 depois de ter perdido em Itália por 1-0. E, claro, aquele At. Madrid-Juventus.

At. Madrid-Juventus, 0-3

12 março, 2ª mão dos oitavos de final da Champions

Cristiano Ronaldo avisou: «Preparem-se para a reviravolta.» Não foi uma profecia, foi uma convicção que veio bem de dentro e contagiou a equipa, depois da derrota por 2-0 em Madrid. Em campo, ele assumiu o desafio, perante um Atlético a procurar defender o resultado. A estratégia saiu furada. A Juve foi ganhando ascendente, Cristiano voou para o 1-0 aos 27 minutos e voltou a saltar para o 2-0 logo a abrir a segunda parte. O avançado português completou de penálti o hat-trick que selou mais um jogo para a lenda.

Villarreal-Barcelona, 4-4

2 abril, 30ª jornada da Liga espanhola

Há jogos que se tornam clássicos sem que nada o fizesse prever. E tudo começou em aparente normalidade, com o Barcelona, confortável na corrida para o título mas em vésperas de defrontar o At. Madrid, segundo classificado, a chegar ao 2-0 aos 16 minutos, depois de golos de Coutinho e Malcolm. Mas este não era um jogo normal e o Villarreal, a lutar pela sobrevivência na Liga, foi buscar a sua melhor versão, a que lhe valeu uma bela campanha na Liga Europa. Chukwueze reduziu ainda na primeira parte e depois do intervalo o «Submarino» marcou mais um, por Toko-Ekambi, depois outro, apontado por Iborra e já depois de o Barça ter recorrido à artilharia pesada, indo buscar Messi ao banco. E ainda mais outro: Bacca fez o 4-2 aos 80 minutos. A seguir aconteceu Messi, que reduziu num livre dos dele em cima dos 90m. Depois, já nos descontos, Suarez evitou a derrota.

Borussia Dortmund-Schalke, 2-4

27 abril, 31ª jornada da Bundesliga

Futebol alemão é garantia de espetáculo e imprevisibilidade a cada semana, não há outro grande campeonato assim. E depois tem momentos especiais, como foi este «Revierderby» da reta final da época passada. O Dortmund em plena luta pelo título, a um ponto do líder Bayern, o Schalke afundado no 15º lugar, seis pontos acima da linha de água. A equipa da casa até entrou melhor e adiantou-se num grande cabeceamento de Götze ao quarto de hora. Mas o Schalke empatou de penálti logo a seguir e fez o 1-2 ainda antes da meia hora, por Sané. Na segunda parte Reus foi expulso e o Schalke aumentou a vantagem, 1-3 num livre de Caliguri. Logo a seguir, o Dortmund ainda ficou reduzido a nove, por vermelho a Wolf. Faltava pouco menos de meia hora mas o Borussia ainda encontrou forças para reagir e Witsel reduziu. Não chegou e foi o Schalke quem voltou a marcar, 2-4 com assinatura de Embolo. Um enorme dérbi que acabou por atrasar em definitivo o Dortmund e lançar a festa do Bayern Munique.

Liverpool-Barcelona

7 maio, 2ª mão da meia-final da Liga dos Campeões

O 3-0 de Barcelona na primeira mão teve muito Messi e foi enganador. Mas ninguém imaginaria o que iria acontecer em Anfield, menos ainda depois de uma primeira parte de equilíbrio, ainda que com um golo de Sadio Mané logo aos 15 minutos a dar vantagem ao Liverpool. Tudo mudou na segunda parte, com o herói improvável Wijnaldum, que entrou para render o lesionado Robertson, a bisar em três minutos, antes de o Liverpool selar a reviravolta no momento mais inacreditável do ano. Percebendo a defesa do Barça distraída e Origi em boa posição, Alexander-Arnold simulou desistir de um canto mas bateu-o rápido e fez a bola chegar ao belga, que não desperdiçou. 4-0 na reviravolta mais louca do ano, o momento que fica para a história da campanha do Liverpool até ao título europeu.

Liverpool-Tottenham, 2-0

1 junho, final da Liga dos Campeões

A sexta do Liverpool. Madrid foi o palco da final britânica, no ano em que o futebol inglês teve o exclusivo das finais europeias: além da Liga dos Campeões, a Liga Europa decidiu-se entre Chelsea e Arsenal. Depois da épica caminhada de ambos os clubes até aqui, a decisão foi uma espécie de anti-climax. Com o Liverpool a fazer valer o pedigree frente ao estreante Tottenham, o convidado-surpresa da festa. Os «reds» começaram a desenhar a vitória logo aos dois minutos, num penálti de Salah. O Tottenham ganhou ânimo na segunda parte, mas um golo de Origi a dois minutos do fim abriu caminho  à celebração do Liverpool, com o «You’ll never Walk Alone» cantado em coro nas bancadas a servir de banda sonora à consagração do novo campeão europeu. Seguiram-se mais títulos, a Supertaça Europeia nos penáltis frente ao Chelsea com Adrián como herói improvável, mais o primeiro Mundial de clubes da história dos «reds». E um arranque perfeito na Premier League a sustentar a enorme esperança da conquista do primeiro título inglês em 30 anos. Essas são contas para 2020, mas 2019 já foi o ano do Liverpool. Com ponto alto aqui, no Metropolitano de Madrid.

Portugal-Holanda, 1-0

9 junho, final da Liga das Nações

Mais uma final, mais uma vitória. Três anos depois do Campeonato da Europa, Portugal voltou a ser feliz, agora em casa. Vencedora do grupo na estreia da nova competição da UEFA, a Seleção Nacional chegou à decisão como anfitriã. A vitória sobre a Suíça na meia-final garantiu a presença na decisão e o Dragão engalanou-se para o jogo com a Holanda. Foi com a sua melhor cara que Portugal se apresentou e tirou partido dessa aposta no golo que decidiu o jogo, resultado de uma combinação de qualidade e inteligência entre Bernardo Silva e Gonçalo Guedes. Na meia hora que faltava a Holanda pressionou, mas Portugal resistiu. E festejou, uma vez mais.

Brasil-Argentina, 2-0

3 julho, meia-final da Copa América

As frases feitas resistem porque ajudam a resumir ideias e sim, esta era mesmo a final antecipada da Copa América. O Brasil em casa, a procurar afastar os fantasmas de 2014 em pleno Mineirão, a Argentina a tentar reencontrar-se, uma vez mais, a cerrar fileiras em torno de Messi, ele próprio perante uma das últimas oportunidades para ser feliz numa grande competição. Foi um jogo de nervos, com o Brasil a ganhar cedo vantagem num golo de Gabriel Jesus. Aguero esteve perto do empate, não aconteceu e na segunda parte Firmino fez o 2-0 para o Brasil, que seguiu para a final, venceu o Peru e foi campeão. Messi canalizou a frustração para a arbitragem, num discurso de desespero que dá bem a medida de como sentiu o peso desta derrota.

Flamengo-River Plate, 2-1

23 novembro, final da Taça Libertadores

Que grande história a do Flamengo de Jorge Jesus, que grande história a desta final. O palco foi o Monumental de Lima, os protagonistas dois gigantes da América do Sul. O River, campeão em título, adiantou-se aos 15 minutos, num golo de Santos Borré, e foi fazendo valer a experiência para gerir a vantagem. A entrada de Diego, a menos de meia hora do fim, ajudou a levar o até aí pouco criativo Flamengo a outro nível. Mas o resultado persistia. Até aos 88 minutos, quando Gabigol apareceu finalmente. E como. Primeiro encostou para o 1-1, e já nos descontos encheu o pé esquerdo para o 2-1. Uma loucura celebrada por milhões e a festa seria a dobrar porque no dia seguinte, em plena celebração, a derrota do Palmeiras selava também o título de campeão brasileiro para o Flamengo. Faltou-lhe ser campeão do mundo, mesmo a fechar o ano, na final perdida no prolongamento para o Liverpool.

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