Este homem transforma aviões em casas bem porreiras

CNN , Maureen O'Hare
14 set, 11:00
O instrutor de voo Jon Kotwicki, na fotografia de capa com o seu cão Foxtrot, um lulu da pomerânia, está a desenvolver o seu próprio aeroporto no Alasca. O avião McDonnell Douglas DC-6 por detrás dele foi convertido num alojamento

O instrutor de voo Jon Kotwicki, na fotografia de capa com o seu cão Foxtrot, um lulu da pomerânia, está a desenvolver o seu próprio aeroporto no Alasca. O avião McDonnell Douglas DC-6 por detrás dele foi convertido num alojamento

Wasilla, centro sul do Alasca. Casa de ursos, de lagos, de montanhas e de uma escola de aviação que se está a tornar um autêntico país das maravilhas para a aviação privada.

Na FLY8MA Pilot Lodge é possível escolher entre um voo panorâmico com vista para os glaciares ou mesmo assumir o controlo numa aula de voo. Ou fazer tudo e ter o seu próprio treino como piloto.

Quando a noite cai sobre as paisagens deste estado americano, conhecido como a Última Fronteira, é possível subir as escadas para ter duas experiências únicas de alojamento: um avião McDonnell Douglas DC-6 convertido e o recém-chegado McDonnell Douglas DC-9, que ainda tem a pintura da DHL [empresa de entrega de encomendas].

Este lugar em rápido desenvolvimento é um projeto do fundador da FLY8MA Jon Kotwicki, que era dono de uma escola de aviação na Flórida, antes de trabalhar como piloto da aviação comercial e de acabar no Alasca.

Voar para as companhias comerciais “dá bom dinheiro e tudo, mas é um trabalho muito chato”, diz. “É mais interessante conduzir um Uber, porque é possível conversar com os passageiros”.

Kotwicki apaixonou-se por esta região do Alasca numas férias que dedicou à escalada, à pesca e à observação de ursos e ursos pardos. Escolheu-a depois como o lugar onde ele e a sua equipa – sem esquecer o seu fiel Foxtrot, um lulu da pomerânia – poderiam “comprar muitas propriedades e talvez desenvolver o nosso próprio aeroporto, fazer o nosso próprio espetáculo”.

McDonnell Douglas DC-9: a nova aquisição do projeto foi convertida num alojamento com três quartos e duas casas de banho. O DC-9 tem sauna, jacúzi e piso aquecido. Pode alojar sete hóspedes. Preço por noite ronda os 849 dólares (FLY8MA)

Um parque de diversões em desenvolvimento

O lugar ocupa uma área de aproximadamente 40 hectares e começou apenas como uma pista. Vieram depois as cabines para alojar os estudantes. Seguiram-se as cabines para alojar os turistas dos voos panorâmicos.

As cabines foram equipadas com piso aquecido, toalheiros e “outras coisas sofisticadas”, conta. “E então decidimos dar um passo em frente. Pareceu-nos fixe pegar num avião velho e transformá-lo numa casa. Queríamos fazer algo bonito, pondo um jacúzi na asa e um grelhador. Depois quisemos ter mais dois aviões”.

A equipa construiu uma segunda pista e um hangar para este parque de diversões em desenvolvimento. “Tenho tendência a exagerar”, brinca.

“É divertido. Seja com adulto maravilhados com este lugar, seja pelas crianças a correr em todas as direções, para cima e para baixo no avião, todas doidas a correr para o ‘cockpit’”, descreve. “É frustrante, stressante, assoberbante e caro fazer uma coisa destas. Mas também é gratificante”.

O primeiro avião a ser convertido foi um DC-6 construído nos Estados Unidos da América na década de 1950, que numa vida anterior transportou carga e combustível para aldeias remotas à volta do Alasca.

Agora é um alojamento com dois quartos, uma casa de banho e até lareira. Os preços por noite na plataforma de alojamento Airbnb rondam os 488 dólares [442 euros].

As reservas acabaram de abrir para o DC-9, que tem três camas, duas casas de banho, uma sauna, um jacúzi e piso aquecido. Pode alojar sete pessoas. Os preços rondam os 849 dólares [768 euros] por noite.

Há trabalhos em desenvolvimento na mais recente aquisição, um Boeing 727, que se transformará num espaço de encontro para os hóspedes.

Haverá “uma grande cozinha e uma grande mesa de jantar. As pessoas podem fazer refeições juntas”, diz Kotwicki. “Vamos ter um jacúzi numa das asas, sofás. Na parte de trás, estou muito entusiasmado, porque vamos ter um terraço” com uma “pequena lareira que vai permitir belos convívios”.

Kotwicki comprou recentemente um quarto avião. Trata-se de um Fairchild C-119 Flying Boxcar, uma aeronave de transporte militar produzida entre 1949 e 1955, que diz ser “tão feia que se torna fixe”.

Ficar numa torre de controlo com as luzes do Norte

Este é o “cockpit” do Douglas DC-9 (FLY8MA)

Um dos atrativos que já está em construção é uma torre de controlo de 18,3 metros, com uma cúpula geodésica toda em vidro, que será um alojamento onde os hóspedes podem descansar na cama enquanto apreciam as espetaculares luzes do Norte.

Ao longo do tempo, diz o responsável, “estamos a criar o nosso próprio aeroporto em ponto pequeno, que é também um parque de diversões”.

Os hóspedes vão poder visitar os antigos aviões, bem como os motores e as hélices, ao percorrer a propriedade. O local já conta com trilhos para esqui de fundo. Kotwicki tem planos para um campo de “disc golf” [golfe de discos] e para um campo de voleibol.

Procurar um novo avião para o projeto é um processo que dura, geralmente, entre oito e nove meses, explica Kotwicki. Implica fazer muitos contactos, bater de porta em porta, até encontrar uma aeronave que esteja disponível para ser comprada, mas também transportada para Wasilla.

Ter permissões para converter as aeronaves em alojamento tem sido muito mais fácil do que seria numa outra parte do mundo mais densamente povoada.

“Felizmente, estamos no Alasca. Na propriedade que comprámos, devido ao tamanho, podemos fazer o que quisermos”, nota Kotwicki.

“A grande barreira que tivemos de ultrapassar foi a de deslocar os aviões na autoestrada. Mas, uma vez aqui, até ao momento, tem sido bastante simples”.

Logística

A zona rural do Alasca pode ser uma grande escolha tendo em conta os grandes traços do projeto. Contudo, o mesmo não se pode dizer do clima.

Os ambientes secos e áridos são a melhor opção para guardar aeronaves no solo, tal como o “cemitério” de aviões no Novo México ou o aeroporto de Teruel em Espanha.

O Alasca, todavia, está no extremo oposto: “uma floresta fria”, diz Jon Kotwicki, com pântanos e pergelissolo. “Do ponto de vista da manutenção, é extremamente difícil mantê-los aqui”.

Nos meses mais frios de inverno, as contas com aquecimento para um único avião variam entre os 1.500 e os 2.000 dólares [1358 a 1811 euros] por mês.

“O maior equívoco” é o de que os aviões estão bem isolados, diz. “O alumínio dissipa muito bem o calor. Por isso, tentar aquecer a aeronave é muito difícil. Sim, voam a 40 graus negativos. Mas também queimam cerca de 10 mil quilos de combustível por hora” e isso cria muito calor adicional.

O valor de isolamento dos aviões antes da conversão é R3, diz Kotwicki, algo semelhante a um vidro duplo. A casa típica no Alasca estaria mais próxima dos R30.

“Removemos todo o isolamento original, livrámo-nos das coisas velhas que lá há, e então aplicamos uma espuma que aumenta esse isolamento”, explica. “Alcançamos algo perto de um valor de isolamento de R28 ou R30. São difíceis de aquecer. São como tubos longos e estreitos, digo”.

Kotwicki podia ter escolhido o estado do Arizona para instalar o seu projeto de sonho, uma escola de aviação, para ter a vida mais facilitada. Apesar disso, “o Alasca é um lugar realmente especial para a oferta. “É difícil, mas isso faz dele um sítio muito especial”.

E.U.A.

Mais E.U.A.

Mais Lidas

Patrocinados