Tribunal de Aveiro julga equipa por auxílio à emigração ilegal

1 out, 16:17
Bola do Euro 2024 (Getty Images)

Presidente do AC Famalicão e dois empresários recrutaram mais 40 jogadores brasileiros, de forma ilegal, à boleia de sonhos longínquos

Esta terça-feira, o Tribunal de Aveiro começou a julgar um caso de alegada imigração ilegal, envolvendo o AC Famalicão, emblema sediado em Anadia e a competir no campeonato distrital.

Em causa está um esquema de contratação de jogadores brasileiros, através de cartas-convite e manifestações de interesse, usando documentação falsa, para jogar no AC Famalicão ou noutros clubes da região, a troco de alojamento e alimentação, bem como quantias monetárias baixas.

Os dois empresários, de nacionalidade brasileira, que, de acordo com a investigação, atuavam como angariadores de jogadores de futebol, estão a ser julgados num outro processo idêntico, também no Tribunal de Aveiro.

Um deles pediu para o julgamento decorrer na sua ausência, por se encontrar no estrangeiro. Já o presidente do AC Famalicão não compareceu, nem apresentou qualquer justificação.

Os dois arguidos presentes na audiência ficaram em silêncio, tendo o coletivo de juízes começado a ouvir os inspetores do antigo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

Em fevereiro de 2019 decorreu uma fiscalização no clube de Anadia, onde foram detetados cerca de 20 jogadores estrangeiros, dos quais seis estavam em situação ilegal.

Contudo, os inspetores acabaram por verificar irregularidades nos restantes casos, uma vez que os vínculos laborais não eram reais. Estes atletas «não recebiam salário e não efetuavam descontos para a Segurança Social».

Durante as épocas de 2017/2018, 2018/2019 e 2019/2020, os arguidos colocaram mais de 40 atletas brasileiros, de forma ilegal, em vários clubes da Associação de Futebol de Aveiro.

Os jogadores entravam no país ao abrigo do «regime de isenção de vistos», sobretudo para estadias de turismo que não excediam os três meses, tendo alguns pagado mais de mil euros aos arguidos brasileiros, que seria para custear as suas despesas de alimentação e alojamento em território nacional.

Alguns atletas ficaram alojados na sede do clube em «parcas condições de habitabilidade», onde, por quarto, coabitavam oito ou mais pessoas, sendo a alimentação fornecida pelos arguidos.

Estes jogadores acabavam a jogar para diversos clubes da 1.ª Divisão Distrital, na esperança de que o seu talento viesse a ser reconhecido.

Relacionados

Brasil

Mais Brasil

Patrocinados