PCP “pela paz”, pela “liberdade” dos artistas e contra um PS “cada vez mais inclinado à direita” e cúmplice da guerra. Jerónimo disparou em todos os sentidos

4 set 2022, 19:16
Jerónimo de Sousa (Lusa/Tiago Petinga)

No discurso de encerramento da edição deste ano da festa do Avante!, o secretário-geral do PCP focou-se na inflação e especulação e culpou a “cumplicidade” do governo português nas medidas contra a Rússia como um dos fatores para a situação atual

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, voltou a afirmar, no seu discurso de encerramento da 46ª. edição da Festa do Avante!, que o partido é “pela paz” e pelo “fim da guerra”, mas não hesitou em apontar o dedo ao Ocidente e às sanções impostas à Rússia que, disse, são uma das razões para a situação social e económica e que o Executivo de António Costa é cúmplice nisso.

“A escalada da guerra na Ucrânia, a espiral de sanções impostas pelos Estados Unidos, União Europeia e NATO, com a cumplicidade do governo português, são indissociáveis da desenfreada especulação do aumento da energia, dos preços de outros bens de primeira necessidade, do ataque às condições de vida dos povos, arrastando o mundo para uma situação ainda mais grave no plano económica e social”, disse. 

Jerónimo de Sousa defendeu que “os desenvolvimentos da situação na Ucrânia, com os seus sucessivos agravamentos, que o PCP, oportunamente condenou inserem-se nesta realidade com consequências para todo o planeta”, mas atacou ainda “as manobras e provocações que crescentemente se verificam contra a China” e “o gradual cerco à Rússia” por parte dos Estados Unidos.

O secretário-geral do PCP considerou que “a realidade está a demonstrar quem tudo faz para que a guerra não termine” e também “quem tudo faz para acumular lucros colossais com a sua continuação”, referindo-se à indústria do armamento e às multinacionais do setor da energia.

“O PCP está como sempre esteve, do lado do direito dos povos, incluindo o direito à paz, uma paz que só será possível com justiça, que tem de ser conquistada a par da luta contra a exploração e opressão”.

Jerónimo acusa Costa de querer uma “maioria” mais “à direita”

Nos vários ataques ao governo de António Costa, Jerónimo de Sousa acusou o primeiro-ministro de ter provocado eleições “com o objetivo de ter uma maioria absoluta”, classificando essa mesma maioria como “inclinada cada vez mais para a direita”.

Jerónimo de Sousa culpou o governo pela situação atual do país, criticando o uso de uma “política que fecha os olhos” e que “dá curso à especulação e exploração das condições de vida do povo pelo grande poder económico”. O secretário-geral comunista responsabilizou ainda o Executivo por perpetuar uma “espiral inflacionista que leva já um ano”, mas que, disse, foi “vendida à opinião pública como fenómeno passageiro”, sendo a sua existência ou ausência usada como desculpa para não aumentar os salários. “Os trabalhadores pagam por ter cão e por não ter sempre à pala da inflação”, atirou.

“Mas não menos grave é a política das medidas faz-de-conta, que foge ao essencial, ao poder de compra dos salários e pensões e so indispensável controlo dos preços”, disse, apressando-se a apontar também críticas a todos os partidos à direita, incluindo o CDS, que nas últimas eleições legislativas perdeu o seu assento parlamentar. Jerónimo imputou o PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega de recorrer a “falsas e hipócritas medidas de existencialismo”.

“Festa inigualável" e pela “liberdade” dos artistas

No seu discurso de encerramento da 46ª. edição do Avante!, o secretário-geral do PCP classificou a festa como “inigualável” e que permitiu aos artistas darem “mais uma vez pressão à liberdade que o povo conquistou no 25 de abril”.

“Saudamos também os artistas que, com posicionamentos muito diversos, aqui trouxeram a sua arte nas multifacetadas dimensões culturais. Aqui exerceram na sua atividade profissional, aqui deram mais uma vez pressão à liberdade que o povo conquistou no 25 de abril”.

Jerónimo de Sousa afirmou que “a festa mais uma vez se traduziu num enorme êxito, apesar das reiteradas campanhas de difamação, desprezíveis chantagens”.

Relacionados

Partidos

Mais Partidos

Patrocinados