Podemos usar um autoteste à covid-19 fora do prazo?

CNN , Dejania Oliver
28 abr 2022, 10:00
Teste antigénio

Os testes rápidos de antigénio covid-19, mais conhecidos como autotestes, tornaram-se mais comuns à medida que se tornaram mais disponíveis. Estes testes foram pensados para dar resultados em menos de 30 minutos no conforto da nossa própria casa.

Mas, se tivermos várias caixas guardadas, talvez algumas sobras do surto de inverno da Ómicron, podemos questionar-nos se são seguros e precisos para serem usados além da data de validade que vem na caixa.

A Food and Drug Administration (FDA), que autoriza estes testes nos Estados Unidos, diz no site que “não recomenda o uso de autotestes de diagnóstico à covid-19 além das datas de validade autorizadas. Os testes ou os seus componentes podem degradar-se ou partir-se, ao longo do tempo. Por causa disso, os testes com datas expiradas podem fornecer resultados imprecisos.”

Mas como os fabricantes mudam as datas de validade de alguns testes, muitas pessoas questionam-se se será assim tão simples.

William Schaffner, professor do Departamento de Doenças Infecciosas do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, deu a sua opinião.

CNN: O que são exatamente os autotestes de antigénio?

William Schaffner: Os testes rápidos de antigénio detetam pequenas quantidades microscópicas da proteína do vírus. Assim, eles acabam por detetar o próprio vírus. Estes testes de diagnóstico detetam rapidamente fragmentos de proteínas encontrados no vírus ou dentro dele, testando amostras colhidas da cavidade nasal com zaragatoas. Uma das principais vantagens de um autoteste de antigénio é a rapidez, pois o teste que pode fornecer resultados em minutos. No entanto, os testes de antigénio podem não detetar todas as infeções ativas, uma vez que não funcionam da mesma maneira que um teste PCR.

CNN: Como é que a FDA e os fabricantes dos testes decidem as datas de validade e quando podem estendê-las?

Schaffner: Como demora algum tempo para os fabricantes realizarem testes de estabilidade, a FDA costuma autorizar os autotestes à covid-19 com uma data de validade entre quatro a seis meses a partir do dia em que o teste foi fabricado, com base nos resultados iniciais de estudos.

Quando o fabricante tiver mais resultados dos testes de estabilidade, como a 12 ou 18 meses, o fabricante pode entrar em contacto com a FDA para solicitar que a agência autorize uma data de validade mais longa. Quando a data de validade mais longa é autorizada, o fabricante pode enviar um aviso aos clientes dando uma nova data de validade autorizada, para que os clientes saibam durante quanto tempo podem usar os testes que já possuem.

CNN: Podemos usar um teste expirado?

Schaffner: Uma palavra de contexto. Quando os testes receberam luz verde pela primeira vez, quando foram aprovados pela Food and Drug Administration, uma das coisas que a FDA pediu a quem os desenvolveu foi que dissessem: "Certo, se eu tiver o teste em casa e se o tiver numa estante ou numa prateleira, durante quanto tempo manterá a sua precisão?” Uma pergunta perfeitamente razoável. E, claro, no início, quando os testes foram desenvolvidos, os fabricantes esperaram, digamos, três ou seis meses, e depois foram à FDA e disseram: “Aqui estão os dados.”

(Os dados) mostravam que ainda funcionavam passados três meses, e a FDA disse “muito bem”. E, para esses testes iniciais, tínhamos uma data de validade de três meses, mas só porque essa foi a duração testada.

Agora, o mesmo fabricante mantém os testes na prateleira durante seis meses, verifica que ainda funcionam e vai à FDA dizer: “Funcionam até seis meses”, e a FDA diz “ótimo”. Agora, podem pôr seis meses na caixa, quando a venderem.

Portanto, podemos ter comprado testes do mesmo fabricante e um ter uma data de validade mais curta e outro uma validade mais longa, dependendo de quando o teste real foi feito e entregue na loja ou enviado pelo governo federal. Agora, temos testes que provaram continuar bons durante um ano e acho que alguns provavelmente ainda mais. Por outras palavras, são testes muito, muito estáveis.

Mas, se eu tiver um teste que expirou na semana passada, ainda terá precisão esta semana, se eu o usar? A resposta curta é sim. Desde que não tenha danificado o teste de alguma maneira, colocando-o no congelador ou exposto à luz direta do sol ou algo assim. Claro. Podemos confiar nos resultados do teste.

CNN: As pessoas ainda têm acesso a testes gratuitos noutros lugares?

Schaffner: Muitos [locais de testes] fecharam ou apenas estão disponíveis num intervalo de horas muito mais restrito. E isso tem que ver, obviamente, com a oferta dos autotestes. Esses autotestes retiram muita pressão aos locais onde se faziam testes PCR, que acabavam por não chegar a todos e demoravam algum tempo. O médico ainda pode recomendar um teste PCR, mas os resultados podem demorar uma semana e terá de pagá-lo através do seu seguro. Mas, se procura testes gratuitos, acho que esses locais de teste estão muito mais limitados agora.

CNN: Qual é a coisa mais importante que as pessoas devem saber para obter resultados precisos nos testes rápidos?

Schaffner: As instruções. Descobri ao olhar para elas - e não vou fingir que vi todas as caixas de testes que andam no mercado - mas vi várias. As instruções são realmente muito claras. Têm ilustrações, e a minha sugestão é fazer exatamente como está explicado. Não é complicado, mas faça-o corretamente, sem desvios, como dizem as instruções, e, nessa altura, pode confiar bastante nos resultados.

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