Partido da Liberdade (FPÖ) de Herbert Kickl deverá ficar em primeiro lugar, mas analistas dizem que é improvável que consiga governar sozinho. Conservadores no poder não excluíram coligação com a extrema-direita, mas o chanceler Nehammer já deixou claro que não aceita integrar um governo liderado por Kickl
Mais de 6,3 milhões dos 9 milhões de residentes na Áustria são este domingo chamados a eleger a composição do próximo parlamento, após as sondagens apontarem ao longo dos últimos meses para uma vitória "histórica" do Partido da Liberdade (FPÖ, de extrema-direita) e uma derrota dos conservadores no poder.
As urnas abriram pelas 7h da manhã locais (menos uma hora em Lisboa) e fecham às 19h (18h em Lisboa), esperando-se projeções à boca de urna logo a seguir.
Ao longo de semanas, a campanha foi marcada sobretudo por preocupações com a imigração e com a desaceleração económica, dois tópicos que o FPÖ soube aproveitar.
Apesar de o partido de extrema-direita já ter integrado governos austríacos, nunca conquistou o primeiro lugar em eleições legislativas no país, algo que poderá conseguir firmar este domingo, após vitórias igualmente históricas do partido-irmão alemão, o Alternativa para a Alemanha (AfD), em eleições estatais no início do mês.
Ao longo das últimas semanas, os inquéritos de opinião apontavam que o partido anti-imigração poderá recolher 27% dos votos, um valor-recorde na sua história, contra 25% para o Partido Popular (ÖVP) do atual chanceler, Karl Nehammer. O partido de centro-esquerda SPÖ surge em terceiro lugar, com 21% das intenções de voto, seguido d'Os Verdes (9%), que atualmente integram a coligação liderada pelos conservadores.
Ao leme do FPÖ desde 2021, o ex-ministro do Interior Herbert Kickl conseguiu, graças ao que o Deutsche Welle classifica de "liderança abrasiva", recuperar de um enorme escândalo de corrupção em 2019, vendo a sua popularidade aumentar graças à ira e às ansiedades do eleitorado por causa das restrições impostas durante a pandemia Covid, das migrações, da inflação e da guerra na Ucrânia.
Contudo, mesmo que o FPÖ fique em primeiro lugar, é improvável que consiga assegurar deputados suficientes para governar sozinho ou que consiga garantir os apoios necessários para liderar um governo de coligação, indicam analistas.
Durante a campanha, nem o partido de extrema-direita nem os conservadores rejeitaram trabalhar em conjunto. No entanto, o chanceler Nehammer deixou claro que não aceita integrar uma coligação sob Kickl.
A confirmarem-se as projeções de votos, em cima da mesa está a possibilidade de uma coligação entre os conservadores, os sociais-democratas do SPÖ e os liberais do NEOS.