ANÁLISE || Os professores passam muito tempo com os alunos e, por isso, têm muitas vezes ideias valiosas para partilhar com os pais. “Nenhum professor entra nesta profissão pelo dinheiro e pela glória (...). Lembrem-se que os professores estão lá porque têm uma missão, e essa missão é investir nos vossos filhos”
Nota do Editor: Kara Alaimo é professora associada de comunicação na Universidade Fairleigh Dickinson, nos Estados Unidos. O seu livro “Over the Influence: Why Social Media Is Toxic for Women and Girls - And How We Can Take It Back” (o que poderia ser traduzido como "Sobre a influência: porque é que as redes sociais são tóxicas para as mulheres e raparigas - e como podemos recuperá-las") foi recentemente publicado pela Alcove Press.
Se está a pensar ir para a reunião de escola entre pais e professores com uma lista de reclamações, pense duas vezes.
Muitas vezes é possível resolver os problemas que os alunos estão a ter sem discutir com o professor do seu filho ou atribuir-lhe culpas, mesmo quando as questões são controversas.
Depois de o professor do seu filho o ter acusado falsamente de plágio, foi tentador para uma mãe confrontar o professor com raiva, contou-me Jennifer Breheny Wallace. Em vez disso, a mãe lembrou-se de que o professor estava na equipa do seu filho e queria que ele fosse bem sucedido.
Como ela decidiu dar ao professor o benefício da dúvida, conseguiu iniciar a conversa com calma.
Isso deu o tom para uma conversa muito mais civilizada - e o professor acabou por dar apoio ao seu filho, o que melhorou muito a sua escrita, afirma Wallace, que entrevistou a mãe para o seu livro “Never Enough: When Achievement Culture Becomes Toxic - And What We Can Do About It” [título que podleria ser traduzido para "Nunca é suficiente: quando a cultura da conquista se torna tóxica - e o que podemos fazer sobre isso"].
É um lembrete importante para os pais, já que muitos se dirigem às reuniões de pais e professores no final de novembro, diz Wallace.
“Nenhum professor entra nesta profissão pelo dinheiro e pela glória”, disse ela. “Lembrem-se que os vossos professores estão lá porque têm uma missão, e essa missão é investir no vosso filho. Por isso, encontrem-se com eles e com esse pressuposto.”
Se os pais tiverem preocupações - por exemplo, podem pensar que um professor está a desafiar demasiado uma criança, ou não o suficiente - é altura de “ficarem curiosos, não furiosos”, recomenda Wallace. Ela sugere que os pais digam ao professor o que estão a ver em casa e perguntem se podem trabalhar em conjunto para resolver os problemas.
Lauren Tetenbaum concorda. “É uma boa ideia ir com o plano de ouvir mais do que falar”, afirma Tetenbaum, uma terapeuta e defensora da saúde mental materna do Condado de Westchester, Nova Iorque.
Isto porque os professores passam tanto tempo com as crianças que, muitas vezes, têm conhecimentos valiosos sobre elas. E se uma criança se queixou de uma determinada situação, é possível que não tenha partilhado toda a história.
Dar um exemplo de civismo aos seus filhos
“Nós, os pais de hoje, sentimos que temos de ser tudo para os nossos filhos”, afirma Wallace. Mas é saudável e valioso que as crianças tenham relações fortes com os seus professores. “Deixem que os adultos nas suas vidas os apoiem.”
Uma maneira de os pais ajudarem essas relações é expressar gratidão e apreço aos professores pelas coisas específicas que eles fazem que beneficiam seus filhos, recomenda Wallace. “Os professores criam realmente o ambiente em que os nossos filhos estão a trabalhar. E nós queremos que esse ambiente seja positivo. Queremos que essas relações sejam positivas”.
Isso também significa que os pais não devem criticar um professor à frente dos seus filhos. “Quando se fala mal de um treinador ou de um professor, o que se está a fazer é a minar essa relação”, adverte.
Se criticarmos um professor depois de ele ter cometido um erro, isso também envia às crianças uma mensagem prejudicial.
“O que acontece quando 'anulamos' os nossos educadores é que ensinamos aos nossos filhos que... esta sociedade, este mundo, não tem espaço para imperfeições”, diz Wallace. “Falei com tantos alunos que tinham medo de ser cancelados!...”
Comece por ensinar as crianças a não cancelar os outros. “Precisamos de ser uma sociedade muito mais indulgente e precisamos de voltar à civilidade, e nós, como pais, precisamos de dar o exemplo dessa civilidade”, afirma.
Ir além do sucesso académico
Segundo Wallace, os pais também devem encarar estas conversas como oportunidades para apoiar o crescimento dos filhos em áreas que vão para além da académica. A sua investigação mostra que, quando as crianças sentem que são importantes pelo que são, e não pelos seus feitos, a sua saúde mental beneficia.
Ao fazer perguntas como quem são os amigos dos seus filhos e como estão a contribuir para a comunidade, os pais podem obter informações úteis para ajudar a cultivar o sentimento de que os seus filhos são valiosos, independentemente do seu desempenho.
Continuando a conversa
Tetenbaum diz também que os pais não devem sentir que têm de esperar até à próxima - e muitas vezes última - reunião de pais com o professor para dar seguimento à conversa. E sugere que perguntem aos professores qual o seu método de comunicação preferido, como o telefone ou o correio eletrónico.
“Normalmente, se houver um problema, é possível marcar uma nova reunião, o que é geralmente muito bem-vindo”, afirma. “Na maior parte das vezes, acho que ficaria surpreendido com a vontade que os educadores têm de falar consigo.”
Isso pode ser ainda mais verdadeiro se os pais seguirem o conselho de abordar os professores como parceiros no sucesso de seus filhos e tratá-los com civilidade e gratidão.