"Dia 31 as discotecas estão abertas e no dia seguinte os alunos não podem ir à escola?"

1 dez 2021, 08:48
Tiago Brandão Rodrigues apresenta novidades de #EstudoEmCasa

Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas e a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo consideram que a "semana de contenção" que implica a suspensão das aulas é uma medida, que apesar de fazer sentido do ponto de vista da saúde, significa uma "fatura muito pesada" para os estudantes

O ensino público e privado não costumam estar de acordo muitas vezes, mas desta vez estão. Ambos olham para a "semana de contenção de contactos" que o Governo estabeleceu, entre os dias 2 e 9 de janeiro, como uma medida compreensível do ponto de vista da saúde, mas que não deixa de demonstrar uma "despreocupação" com as crianças. E, mais uma vez,dizem,  são as escolas que vão "pagar a fatura" da sociedade. 

A 25 de novembro, António Costa anunciou a suspensão de todas as atividades letivas, não letivas e formativas durante uma semana, que será depois compensada com menos dois dias de férias no Carnaval e outros três no período da Páscoa. 

"A escola já está a pagar os desvarios do Natal e da Passagem do Ano"

Filinto Lima, professor, diretor e presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas  (ANDAEP), diz compreender a medida ao nível da saúde pública, no entanto, não deixa de a considerar uma "fatura pesada que os jovens vão ter de pagar sem culpa nenhuma".  

"Quando a sociedade não tem juízo, quem paga é a escola. A escola já está a pagar os desvarios do Natal e da Passagem do Ano" acrescentando ainda que "preferia que o calendário escolar se mantivesse, mas entendo a medida à luz da saúde", afirma.

Para o dirigente, "o ideal seria o calendário escolar não ter sido mexido". No entanto, a ser alterado, esta foi a "melhor solução encontrada".

Já sobre as aulas online, uma alternativa encontrada por alguns colégios privados, relembrou que nem todas as famílias têm a possibilidade de ter os filhos em casa com aulas à distância. 

"De 30 para 31 as discotecas estão abertas e no dia seguinte os alunos não podem ir à escola?"

Rodrigo Queiroz e Melo, presidente da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), também defende que "não tem sido valorizado o impacto do fecho de escolas nas crianças". E avisa que é preciso evitar este tipo de soluções sempre que possível.

"Percebemos a lógica do ponto de vista da saúde, mas de 30 para 31 as discotecas estão abertas, e todos uns em cima dos outros, e no dia seguinte os alunos não podem ir para a escola?".

Ainda que exista esta compreensão pelas medidas preventivas do Governo, Queiroz e Melo defende que se deve evitar "todo o tempo em que as crianças estejam fora da escola".

"Não estão preocupados com esta geração de crianças que não está a ser protegidas pelos adultos."

Mário Nogueira, Secretário-Geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), disse à CNN Portugal que centenas de turmas já estão em casa, com os alunos em isolamento. Isto deve-se ao facto de os estudantes até aos 12 anos não estarem vacinados. Por essa razão, sempre que há casos positivos numa turma, todos os alunos têm de ficar em isolamento. 

Decreto-lei do Governo

De acordo com o decreto-lei do Governo, publicado no fim de semana, entre 2 e 9 de janeiro de 2022 ficam suspensas em regime presencial:

  • As atividades educativas e letivas dos estabelecimentos de ensino públicos, particulares e cooperativos e do setor e solidário, de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário;
  • As atividades de apoio à primeira infância de creches, creche familiar e amas, as atividades de apoio social desenvolvidas em centro de atividades e capacitação para a inclusão, e centro de atividades de tempos livres;
  • As atividades letivas e não letivas presenciais das instituições de ensino superior, sem prejuízo das épocas de avaliação em curso.

Sendo que os estabelecimentos abrangidos na primeira alínea, também não poderão realizar provas ou exames de curriculares internacionais.

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