Bruce Willis esquecia-se das falas e terá mesmo disparado uma arma acidentalmente

1 abr 2022, 10:58
Bruce Willis (Charles Sykes/Invision)

Diretores e produtores chegaram a reduzir papel do ator, que agora anunciou que sofre de afasia, por notarem que as suas capacidades cognitivas se estavam a deteriorar

O ator Bruce Willis pôs termo à sua carreira de ator, após mais de 40 anos de grandes sucessos nas salas de cinema. O ator americano de 67 anos foi diagnosticado com afasia, um distúrbio de linguagem causado por danos cerebrais que afetam a capacidade de comunicação. Mas, sabe-se agora, estas dificuldades de comunicação começaram a ser sentidas já há algum tempo.

Segundo o LA Times, em junho de 2020, Mike Burns, realizador do filme "Out of Death", enviou um email ao guionista com um pedido urgente. Era necessário reduzir o papel do ator no filme. Sem, no entanto, explicar porquê.

"Parece que precisamos de diminuir as páginas do Bruce para cinco. Também precisamos de abreviar um pouco os diálogos dele para que não existam monólogos, etc...", escreveu Burns, acrescentando que as linhas deviam ser "curtas e simples".

O declínio das capacidades cognitivas do ator já era, em 2020, notório. 

De acordo com o jornal, que cita várias fontes, Bruce Willis tinha um ator que viajava com ele e que lhe dizia as linhas de texto através de uma escuta. Já as cenas de ação, principalmente as que envolviam disparos, eram filmadas com recurso a um duplo.

Durante as filmagens de "Hard Kill", em 2020, Bruce Willis terá mesmo disparado acidentalmente uma arma carregada com pólvora (mas sem bala) na deixa errada. Ninguém ficou ferido, mas o incidente deixou atores e equipa fragilizados.

22 filmes em quatro anos

Em apenas quatro anos, Bruce Willis fez 22 filmes, entre os quais "Out of Death", no qual trabalhou com Mike Burns. O realizador era uma das poucas pessoas que sabia que o ator estava a lidar com problemas de memória, mas, segundo o LA Times, só durante as gravações é que percebeu a gravidade da situação.

"No primeiro dia de trabalho com o Bruce, pude ver isso em primeira mão e vi que havia um problema maior e que tinha sido por isso que me tinha sido pedido para encurtar as suas falas", afirmou Burns, que acabou por condensar as 25 páginas de diálogo num dia de filmagens. 

Este não foi o último filme em que o realizador trabalhou com Willis. No outono passado, os dois voltaram a encontrar-se em "Wrong Place" depois dos assessores do ator garantirem que este "estava bem melhor do que no ano anterior".

"Não penso que ele estava melhor. Penso que ele estava bem pior. Quando acabámos [disse]: 'Acabou. Não faço mais nenhum filme com o Bruce Willis'. Estou aliviado por ele estar a tirar uma folga", afirmou Burns.

Para além de Burns, outros realizadores afirmam que notaram que a condição de Bruce Willis se estava a deteriorar no último ano. É o caso de Jesse V. Johnson, que realizou o filme “White Elephant" e que durante décadas trabalhou como duplo do ator.

Johnson conta ao LA Times que, quando se encontrou com o ator em abril do ano passado, este "não era o Bruce" de que se lembrava, mas que quando falou com a equipa que gere a carreira de Willis (e assegurava que as filmagens se limitavam sempre a dois dias) estes garantiram que ele estava bem.

"Eles afirmavam que ele estava feliz de estar ali, mas que era melhor se pudéssemos acabar as filmagens com ele pela hora de almoço para que ficasse livre cedo", relembra, acrescentando que Willis chegou a questionar porque estava ali.

Depois desta experiência, Johnson tomou a decisão de que não voltaria a trabalhar com o ator. 

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