Exclusivo: Perícias e confissão revelam que PJ travou mesmo atentado na Faculdade de Ciências em Lisboa

22 jul 2022, 19:58

O jovem aluno do 1º ano de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências cultivava, há quatro anos, um fascínio intenso por assassinatos em massa e tiroteios em escolas

Perícias informáticas com análise de centenas de mensagens trocadas nas redes sociais, vários testemunhos recolhidos, o material apreendido, uma confissão integral do suspeito, e ainda a perícia psiquiátrica do Instituto de Medicina Legal. O cruzamento de toda esta informação, nos últimos cinco meses, não deixa dúvidas ao Ministério Público e à Polícia Judiciária de que estavam certos, a 10 de fevereiro, quando detiveram um jovem de 18 anos por suspeitas de terrorismo: foi mesmo travado, no limite, um atentado na Universidade de Lisboa, conforme consta da acusação a que a CNN Portugal e a TVI tiveram acesso.

João Carreira queria, com um incêndio, explosões, disparos de besta e golpes de faca, matar entre três e 10 pessoas, antes de se suicidar ou ser morto pela polícia.

A procuradora Felismina Carvalho Franco, que conduziu no DIAP de Lisboa o processo em articulação com a Unidade Nacional Contraterrorismo da PJ, elenca de forma detalhada as provas recolhidas, antes de concluir a acusação por crimes de terrorismo e detenção de armas proibidas.

O jovem aluno do 1º ano de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências cultivava, há quatro anos, um fascínio intenso por assassinatos em massa e tiroteios em escolas. Uma colega de faculdade, com quem João conversava através da rede social Discord, contou à PJ que “ele dizia que queria ser protagonista de uma situação de terrorismo e mostrar ao país que estas coisas também acontecem cá”. De resto, o fascínio era partilhado com outros cinco utilizadores do Discord. As conversas online, descobertas e analisadas pela PJ, não deixam dúvidas sobre as reais intenções do jovem.

Entre 23 de janeiro e 3 de fevereiro, informou um desses utilizadores de todas as armas que ia comprando, enviando-lhe fotografias das mesmas. Nesse dia 3, uma pessoa não identificada nos Estados Unidos, tendo tido conhecimento do teor das mensagens no Discord do utilizador PsychoticNerd#6116 (João Carreira), sobre a intenção de praticar um ataque homicida-suicida na Universidade de Lisboa, fez uma denúncia por email ao FBI. E foi nessa altura que a PJ e o Ministério Público avançaram com uma investigação em contrarelógio que levou à identificação e captura de João Carreira na véspera de cometer um ataque contra colegas e professores.

Durante meses, segundo a perícia informática da PJ, pesquisava no Google a frase “terrorismo em Portugal”, além de um livro sobre atos terroristas praticados por solitários. 

Usava fóruns de conversação no Discord, Reddit e Tumblr. Via vídeos e documentários no Youtube e jogava jogos eletrónicos. Consumia “Mangá” e “Anime”, banda desenhada e desenhos animados japoneses violentos. João Carreira foi influenciado por uma história de “Mangá” em que uma personagem entra numa escola com uma mala e, após ir à casa de banho preparar-se, inicia um tiroteio.

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