Foguetão vai colidir com a Lua no início de março (mas ao contrário do que se pensava, não é da SpaceX)

15 fev 2022, 11:23
Eclipse parcial da Lua

Informação sobre quem construiu o foguetão pode ter mudado, mas a colisão é certa

A notícia é recente: um foguetão da empresa espacial de Elon Musk estaria em rota de colisão com a Lua. Contudo, esta terça-feira, os astrónomos assumiram que interpretaram mal os dados e, afinal, o objeto foi construído pela China, e não pela SpaceX. Mas o essencial mantém-se: tudo aponta que o que resta de um foguetão atingirá a superfície lunar a 4 de março.

O anúncio foi feito este fim de semana pelo astrónomo Bill Gray, o primeiro a identificar o impacto, que assumiu o erro. O objeto em causa é denominado por 2014-065B - o propulsor do foguetão Chang’e 5-T1, lançado em 2014 como parte do programa chinês de exploração lunar. 

Este foi o mote para a comunidade científica enaltecer a necessidade de um maior investimento na regulação do lixo espacial. "Só enfatiza o problema da falta de monitorização destes objetos no espaço", escreveu o astrónomo Jonathan McDowell, no Twitter.

"O objeto tinha a luminosidade que esperávamos, e aparecia num período de tempo expectável, deslocando-se numa órbita razoável", escreveu numa publicação. Contudo, "em retrospectiva, devia ter reparado nalgumas coisas estranhas", acrescentou.

A NASA afirmou, no final de janeiro, que ia tentar observar a cratera que será formada pela explosão deste objeto, graças à sua sonda que orbita à volta da Lua, a Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO). A agência considera o evento uma "oportunidade de investigação entusiasmante".

O que se sabe sobre o impacto

O objeto foi lançado em 2014 e, desde então, a parte usada para impulsionar o foguetão tem andado a flutuar no espaço, numa órbita a que os matemáticos chamam de “caótica”. O objeto passou muito perto da Lua, no início de janeiro, mas mudou a sua órbita, detalhou em janeiro Bill Gray, também responsável pelo "Projeto Plutão", um ‘software’ que permite calcular as trajetórias de asteroides e outros objetos.

Uma semana depois, o especialista conseguiu observar novamente os restos do foguetão e percebeu que a colisão com a Lua deverá acontecer no dia 4 de março. Depois de apelar à comunidade de astrónomos amadores para que fizessem novas observações, os dados foram confirmados, sendo que a hora e o local precisos ainda podem mudar (em minutos e quilómetros), mas a colisão é certa.

"Tenho monitorizado lixo espacial como este há cerca de 15 anos e este é o primeiro impacto lunar não intencional" detetado, adiantou o astrónomo.

O impacto da colisão daquele objeto, que pesa aproximadamente quatro toneladas, não será visível da Terra, no momento do choque, mas deve causar uma cratera que poderá ser observada por cientistas.

A maioria das vezes, após o lançamento, a parte usada para dar impulso aos foguetões separa-se e volta a entrar na atmosfera terrestre, caindo no mar.

No entanto, conforme explicou Bill Gray, estes impactos lunares não planeados podem multiplicar-se, no futuro, devido aos objetos que serão deixados a vaguear no espaço pelos programas lunares americanos ou chineses.

 

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