Informação sobre quem construiu o foguetão pode ter mudado, mas a colisão é certa
A notícia é recente: um foguetão da empresa espacial de Elon Musk estaria em rota de colisão com a Lua. Contudo, esta terça-feira, os astrónomos assumiram que interpretaram mal os dados e, afinal, o objeto foi construído pela China, e não pela SpaceX. Mas o essencial mantém-se: tudo aponta que o que resta de um foguetão atingirá a superfície lunar a 4 de março.
O anúncio foi feito este fim de semana pelo astrónomo Bill Gray, o primeiro a identificar o impacto, que assumiu o erro. O objeto em causa é denominado por 2014-065B - o propulsor do foguetão Chang’e 5-T1, lançado em 2014 como parte do programa chinês de exploração lunar.
Este foi o mote para a comunidade científica enaltecer a necessidade de um maior investimento na regulação do lixo espacial. "Só enfatiza o problema da falta de monitorização destes objetos no espaço", escreveu o astrónomo Jonathan McDowell, no Twitter.
So the rocket about to hit the Moon, it turns out, is not the one we thought it was. This (an honest mistake) just emphasizes the problem with lack of proper tracking of these deep space objects. https://t.co/JXKpUmEC2X
— Jonathan McDowell (@planet4589) February 13, 2022
"O objeto tinha a luminosidade que esperávamos, e aparecia num período de tempo expectável, deslocando-se numa órbita razoável", escreveu numa publicação. Contudo, "em retrospectiva, devia ter reparado nalgumas coisas estranhas", acrescentou.
A NASA afirmou, no final de janeiro, que ia tentar observar a cratera que será formada pela explosão deste objeto, graças à sua sonda que orbita à volta da Lua, a Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO). A agência considera o evento uma "oportunidade de investigação entusiasmante".
O que se sabe sobre o impacto
O objeto foi lançado em 2014 e, desde então, a parte usada para impulsionar o foguetão tem andado a flutuar no espaço, numa órbita a que os matemáticos chamam de “caótica”. O objeto passou muito perto da Lua, no início de janeiro, mas mudou a sua órbita, detalhou em janeiro Bill Gray, também responsável pelo "Projeto Plutão", um ‘software’ que permite calcular as trajetórias de asteroides e outros objetos.
Uma semana depois, o especialista conseguiu observar novamente os restos do foguetão e percebeu que a colisão com a Lua deverá acontecer no dia 4 de março. Depois de apelar à comunidade de astrónomos amadores para que fizessem novas observações, os dados foram confirmados, sendo que a hora e o local precisos ainda podem mudar (em minutos e quilómetros), mas a colisão é certa.
"Tenho monitorizado lixo espacial como este há cerca de 15 anos e este é o primeiro impacto lunar não intencional" detetado, adiantou o astrónomo.
O impacto da colisão daquele objeto, que pesa aproximadamente quatro toneladas, não será visível da Terra, no momento do choque, mas deve causar uma cratera que poderá ser observada por cientistas.
A maioria das vezes, após o lançamento, a parte usada para dar impulso aos foguetões separa-se e volta a entrar na atmosfera terrestre, caindo no mar.
No entanto, conforme explicou Bill Gray, estes impactos lunares não planeados podem multiplicar-se, no futuro, devido aos objetos que serão deixados a vaguear no espaço pelos programas lunares americanos ou chineses.