Bombeiros sapadores protestam por melhores condições. Manifestação marcada por episódios tensos. Polícia bloqueou bombeiros quando iam pelas escadarias do Parlamento acima
O rebentamento de vários petardos marcou esta quarta-feira o início da manifestação dos bombeiros sapadores em frente ao parlamento, que pelas 12:25 reunia centenas de manifestantes.
Alguns dos bombeiros, fardados, começaram a subir a escadaria da Assembleia da República (AR), em Lisboa, sempre acompanhados por agentes da PSP.
A concentração em São Bento teve início ao meio-dia, ao som de heavy metal e rock n’roll.
Em declarações Lusa, o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores, Ricardo Cunha, afirmou que se esperam mais de mil bombeiros na ação de protesto: “Só de fora [de Lisboa] vêm 600”. Entre os bombeiros de fora, estão Sapadores de Braga, Olhão, Faro, Tavira e Loulé, apurou a CNN Portugal.
Pelas 12:25 continuavam a chegar manifestantes que enchiam a Rua de São Bento, com latas de fumo cor de laranja e verde e foguetes.
Às 12:30 cantaram o hino nacional, depois de terem gritado uma única palavra de ordem: “Sapadores”.
Apesar da ordem policial para descerem a escadaria do parlamento, os bombeiros continuaram a formar e a libertar fumos de foguetes. Ao fundo da escadaria, os manifestantes incendiaram vários pneus e queimaram uma farda de trabalho dos bombeiros.
Pouco depois, as escadarias da AR ficaram cobertas de fumo negro, enquanto na rua, cortada ao trânsito uma grua num camião erguia um caixão com um 'bombeiro' morto. Foi entretanto colocada uma farda a arder.
Os sapadores lutam por uma regulamentação do horário de trabalho, pela reforma aos 50 anos e por um regime de avaliação específico, entre outras condições de trabalho.
“Os bombeiros sapadores reivindicam acertos salariais para compensar o aumento da inflação, conforme foi atribuído às demais carreiras da função pública”, disse o presidente do SNBS, Ricardo Cunha, citado num comunicado.
O dirigente lembrou que “existiu um compromisso do anterior Governo” para atribuir a compensação aos bombeiros “com retroatividade a janeiro de 2023, mas, “até à data, tal não aconteceu”.
Ricardo Cunha considerou que os bombeiros sapadores terão “ficado fora desses acertos salariais, por serem uma carreira especial da função pública não revista”.
O SNBS pede ainda “a regulamentação da carreira, onde sejam contemplados os suplementos de risco, penosidade e insalubridade, bem como a disponibilidade permanente, em percentagem e à parte do vencimento”.
Também é exigido um horário de trabalho “a nível nacional que garanta a operacionalidade e a segurança dos bombeiros e daqueles que por eles são socorridos”.
“Em Portugal, os bombeiros sapadores não chegam a três mil profissionais [em 25 municípios] e (…) estas medidas não serão um peso para o Orçamento do Estado, porque estamos a falar numa possível despesa anual inferior a 10%, comparativamente com aquilo que o Governo atribuiu às forças de segurança”, sustentou.
A 05 de setembro, Ricardo Cunha havia dito à Lusa que “a manifestação tem como objetivo mostrar que os bombeiros sapadores não estão contentes com o Governo, que faltou à palavra”.
O sindicalista referiu que os bombeiros sapadores exigem um aumento salarial para compensar a subida da inflação, idêntico ao que foi dado em 2023 pelo anterior Governo aos polícias, de cerca de 100 euros.