Costa não a largou, mas na rua (e não só) há liberdade. Como foi o 25 de Abril sem máscaras

25 abr 2022, 18:00

Primeiro-ministro usou a máscara durante toda a sessão solene. Já Augusto Santos Silva chegou de máscara à Assembleia da República, mas retirou-a e não a voltou a colocar. Na descida da Avenida da Liberdade, os rostos estavam quase todos livres

As imagens causam talvez estranheza, já que foi a primeira vez desde o início da pandemia que a Revolução dos Cravos foi assinalada sem número limitado de presentes e também sem uso obrigatório de máscara no Parlamento, ao contrário dos dois anos anteriores, em que vigorava o estado de emergência.

António Costa foi o único dos 18 membros do Governo presentes de máscara colocada durante toda a sessão comemorativa na Assembleia da República. A máscara do primeiro-ministro, que testou positivo à covid-19 em fevereiro deste ano, só foi retirada à chegada e à saída da cerimónia (ainda dentro dos Passos Perdidos).

Foto: Manuel de Almeida/Agência Lusa

Na bancada do PS, seis deputados usavam máscara, alguns com máscara cirúrgica, outros com FPP2. Também o Núncio Apostólico, decano do Corpo Diplomático, optou por usar máscara à saída da sessão solene, enquanto cumprimentava os membros do Governo e deputados presentes na cerimónia. Aliás, no final da sessão solene, muitos foram os presentes que optaram por colocar a máscara para abandonar a sala das sessões. 

Nas galerias, cheias como não se via desde 2019, estiveram, como habitualmente, representantes da Associação 25 de Abril, entre os quais o seu presidente, Vasco Lourenço, todos sem máscara. Já a maioria dos funcionários de protocolo permaneceu de máscara colocada, exceção feita, por exemplo, para os funcionários que se encontravam atrás dos membros do Governo e atrás da Mesa da Assembleia da República.

Em declarações aos jornalistas, nos Passos Perdidos, João Cotrim Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal, enalteceu o "cheirinho a liberdade" que se viveu no hemiciclo.

“Foi um gosto finalmente, ao fim de dois anos, ter outra vez uma sessão solene com o hemiciclo cheio, sem máscaras e com um cheirinho a liberdade que já quase nos tínhamos esquecido”, afirmou.

Milhares nas ruas, em nome da liberdade, e livres de máscaras

Já esta tarde, eram poucos os rostos cobertos durante o tradicional desfile do 25 de Abril, na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Ao ar livre, a grande maioria caminhava sem máscara, incluindo os líderes políticos presentes, como Jerónimo de Sousa ou Catarina Martins.

Em São Bento, António Costa abriu as portas ao público e falou aos jornalistas. Já sem máscara, porque o evento decorreu ao ar livre, explicou por que a manteve de manhã, no Parlamento.

 

“Convém termos a noção de que deixámos de usar a máscara, mas o vírus não deixou de nos usar e continua a andar por aí. Continua a contaminar as pessoas, continuam pessoas a adoecer e continuam pessoas a falecer”, afirmou o primeiro-ministro, que garantiu que irá continuar a “tomar cautela e caldo de galinha”, usando a máscara em espaço fechados.

“Após dois isolamentos por contactos de risco e mais um isolamento por contração da covid-19, vou continuar a tomar cautelas e caldos de galinha”. “Vou usar máscara sempre que houver grandes ajuntamentos em espaços fechados”, garantiu.

"Máscaras nunca mais"

Protesto junto à Assembleia da República [António Pedro Santos/Lusa]

Enquanto decorria a sessão solene, junto da escadaria da Assembleia da República juntaram-se cerca de 60 manifestantes do movimento negacionista "Pela Liberdade, Pela Verdade" que empunhavam vários cartazes com frases como "Máscaras nunca mais" e "Direitos fundamentais não podem ser condicionados".

Os manifestantes, que aguardaram na parte de baixo da escadaria exterior do Parlamento, empoleiraram-se nas baias de segurança quando Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado por Augusto Santos Silva e António Costa, saía da Assembleia da República, e vaiaram as três mais altas figuras do Estado.

Os assobios continuaram depois da saída do chefe de Estado e apenas pararam quando o antigo Presidente da República António Ramalho Eanes estava a sair.

“Palmas ao Ramalho Eanes”, gritou uma das manifestantes com recurso a um megafone, e os restantes participantes no protesto aplaudiram o primeiro Presidente da República eleito em democracia.

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