Bannon vai testemunhar à porta fechada sobre assalto ao Capitólio

Agência Lusa , FMC
11 jul 2022, 20:33
Steve Bannon, ex-estratega de Donald Trump (Alex Brandon/ AP)

Ex-estratega de Trump está a ser acusado de desobediência criminal depois de ter rejeitado a intimação feita pelo Congresso e pode ser condenado a dois anos de prisão e a uma multa até 200 mil dólares

O ex-estratega e ainda aliado de Donald Trump Steve Bannon vai testemunhar à porta fechada na comissão parlamentar que investiga o assalto ao Capitólio, nove meses depois de ter rejeitado a intimação feita pelo Congresso. 

O volte-face acontece dias antes de Bannon ir a julgamento por desobediência criminal à intimação para testemunhar e apresentar documentação. Em caso de condenação, o ex-conselheiro de Trump arrisca dois anos de prisão e multa até 200 mil dólares. 

Num email enviado à comissão parlamentar, o advogado de Bannon, Robert Costello, disse que o seu cliente não modificou a sua postura nem convicções, mas as circunstâncias mudaram porque Trump deixou de impor o “privilégio executivo” que até agora invocara para justificar a não comparência. 

Costello disse que Bannon “prefere testemunhar na audiência pública” da comissão parlamentar, que vai ser transmitida na terça-feira, dia 12, às 13h00 de Washington, D.C. Estará também a ser preparada uma audiência para quinta-feira, dia 14, no horário nobre.

No entanto, a congressista democrata Zoe Lofgren, membro da comissão parlamentar, disse na emissão da CNN que Bannon testemunhará à porta fechada, tal como centenas de testemunhas fizeram até agora. 

“Temos muitas, muitas perguntas para ele”, afirmou Lofgren, um dos nove membros da comissão liderada pelo democrata Bennie Thompson, com a republicana Liz Cheney no cargo de vice-presidente. 

A produção das primeiras seis audiências públicas foi muito cuidadosa e sistemática, evitando interrogatórios hostis e trocas contenciosas de argumentos. Steve Bannon, que esteve envolvido na estratégia para tentar manter Trump na Casa Branca após a derrota em 2020, ainda é um aliado do ex-presidente. 

A sua mudança de posição está a ser vista como uma tentativa de mitigar as consequências de desobedecer à intimação, dando-lhe espaço para argumentar que o incumprimento se deveu ao “privilégio executivo” invocado por Trump e que, uma vez este sendo levantado, ficou pronto para testemunhar. 

Mas o Departamento de Justiça chamou a este volte-face “irrelevante” para o julgamento por desobediência criminal. 

“Os esforços do arguido para testemunhar à última da hora, quase nove meses depois do prazo – ainda não fez qualquer esforço para apresentar informações – são irrelevantes para saber se ele se recusou deliberadamente a cumprir a intimação da comissão em outubro de 2021”, escreveram os procuradores federais ao tribunal onde Bannon será julgado.

Na interpelação, os procuradores revelaram que entrevistaram recentemente Justin Clark, advogado de Donald Trump, e que este disse que o presidente “nunca invocou privilégio executivo sobre informações ou materiais específicos”. Clark disse que o advogado de Bannon “deturpou” o que o advogado de Trump lhe tinha dito. 

A intimação pedia registos e informações sobre 17 itens, dez dos quais Robert Costello disse ao FBI estarem protegidos por privilégio executivo. Bannon optou por ignorar a intimação na totalidade. 

“Esta pirueta do Bannon mostra que a abordagem tomada pela comissão e pelo Departamento de Justiça foi eficaz”, escreveu o analista político Renato Mariotti na sua conta de Twitter. 

“Bannon mudou de ideias e agora quer testemunhar publicamente para emperrar a engrenagem do trabalho da comissão, que tem feito audiências públicas muito eficazes”. 

O testemunho da ex-assessora da Casa Branca Cassidy Hutchinson, no final de junho, elevou a fasquia destas audiências públicas. 

Hutchinson relatou de forma pormenorizada os dias que antecederam o assalto e o próprio 6 de janeiro, afirmando que Trump sabia que os manifestantes estavam armados, sabia que havia ameaças de morte ao vice-presidente Mike Pence, e tentou agarrar no volante da limusine presidencial para ir ao Capitólio juntar-se ao assalto. 

No interregno das sessões públicas, a comissão obteve o testemunho à porta fechada do ex-advogado da Casa Branca, Pat Cipolonne, cujas declarações poderão ser visionadas já esta terça-feira. 

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