Prenderam um "filho de Deus" que é procurado pelo FBI por tráfico sexual

CNN , Catherine Nicholls, Amarachi Orie e Kathleen Magramo
9 set, 09:08
Apollo Carreon Quiboloy (Aaron Favila/AP via CNN Newsource)

O pastor filipino Apollo Carreon Quiboloy, procurado pelo FBI e pelas autoridades policiais locais por abuso sexual e tráfico de seres humanos, foi preso semanas depois de um impasse com a polícia.

A detenção conclui um confronto entre os apoiantes do pastor e a polícia, que tinha cercado um complexo no sul do país onde Quiboloy se tinha escondido.

Em publicações no Facebook, o ministro do Interior das Filipinas, Benhur Abolos, confirmou que o pastor, que andava fugido há três anos, “foi apanhado”.

A polícia nacional prendeu Quiboloy, um autodenominado “filho de Deus nomeado” e fundador da igreja Reino de Jesus Cristo (KOJC), juntamente com quatro dos seus ajudantes na cidade de Davao, no sul do país, depois de se terem rendido, segundo a agência noticiosa estatal Philippine News Agency (PNA).

Às 13:30 locais (06:30 de Lisboa), os detidos receberam um ultimato de 24 horas para saírem do complexo de 30 hectares da igreja. Renderam-se quatro horas depois, informou a Philippine News Agency.

Desde então, foram transportados para fora de Davao por um avião militar e chegaram ao quartel-general da polícia nacional em Manila no domingo à noite, juntamente com quatro dos seus assessores, informou a PNA.

“Agradeço-lhe (a Quiboloy) por ter tomado consciência de enfrentar a lei. Também agradeci aos membros e apoiantes do KOJC pela sua cooperação e espero que este seja o início da cura”, afirmou o diretor do Gabinete Regional 11 da polícia, brigadeiro-general Nicolas Torre III, à PNA.

A polícia estava a tentar prender o pregador e cinco dos seus alegados cúmplices numa rusga que começou há mais de duas semanas em Davao.

Cerca de dois mil agentes cercaram o complexo da igreja onde se acreditava que Quiboloy estava escondido. Segundo a polícia de Davao, os seus seguidores terão atirado pedras aos agentes e bloqueado uma autoestrada com pneus em chamas.

O presidente Ferdinand Marcos Jr. disse aos jornalistas na segunda-feira que era um alívio o facto de Quiboloy ter sido preso após uma operação maciça da polícia e do exército e acrescentou que o pastor tinha direito a um processo justo.

“Embora se trate de uma pessoa muito importante... tratá-lo-emos como qualquer outra pessoa detida e respeitaremos os seus direitos. Iremos seguir o processo. O processo será transparente. Todas as pessoas envolvidas serão responsabilizadas”, disse.

O advogado de Quiboloy, Israelito Torreon, disse que o pastor “optou por se render porque não quer que a violência sem lei continue dentro do Complexo KOJC”, informou a emissora estatal PTV.

Uma acusação norte-americana de 2021 acusou o pregador de 74 anos e os seus alegados cúmplices de dirigirem uma rede de tráfico sexual que coagia raparigas e jovens mulheres a terem relações sexuais com ele sob ameaças de “condenação eterna” durante quase 15 anos. Quiboloy negou todas as acusações.

De acordo com os procuradores norte-americanos, Quiboloy é também acusado de conduzir um esquema de tráfico de mão de obra que levava membros da igreja para os EUA utilizando vistos obtidos de forma fraudulenta e obrigava os membros a solicitar donativos para uma falsa instituição de caridade sediada na Califórnia.

Quiboloy fundou a igreja do Reino de Jesus Cristo em 1985 e ganhou proeminência à medida que o televangelismo ganhava popularidade nas Filipinas, um país maioritariamente católico onde milhões de pessoas também seguem uma infinidade de seitas cristãs.

A igreja, que afirma ter sete milhões de seguidores em todo o mundo, gere negócios que incluem um colégio, uma estância turística e meios de comunicação social nas Filipinas, segundo o seu sítio website oficial.

Quiboloy é um apoiante próximo e conselheiro espiritual do antigo presidente filipino Rodrigo Duterte, que aparecia regularmente numa rede de comunicação social ligada à igreja quando era presidente da câmara de Davao, um campo de ensaio para a controversa guerra de Duterte contra a droga que, segundo grupos de defesa dos direitos humanos, resultou mais tarde em milhares de execuções extrajudiciais.

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