Câmara de Lisboa aprova apoio financeiro de 7,24 milhões de euros à Web Summit

Agência Lusa , MP
22 out, 20:36
Web Summit 2024 (António Pedro Santos/Lusa)

Apoio financeiro foi aprovado com votos a favor do PS, que tinha inviabilizado a proposta em setembro

A Câmara de Lisboa aprovou esta quarta-feira a atribuição de 7,24 milhões de euros para a próxima edição da conferência Web Summit, proposta que tinha sido chumbada em setembro, mas que foi agora viabilizada graças a uma nova alteração orçamental.

Em reunião extraordinária do executivo municipal, o apoio financeiro à edição deste ano da Web Summit, que irá ocorrer entre 10 e 13 de novembro, foi aprovada com os votos a favor do PS, partido que em setembro inviabilizou a proposta da liderança PSD/CDS-PP por não concordar com a alteração orçamental sugerida para o efeito, por considerar que retirava verbas à empresa municipal Gebalis, responsável pela gestão dos bairros camarários.

Em declarações à agência Lusa, o vereador socialista Pedro Anastácio afirmou que “o PS nada tem a opor” quanto ao apoio à Web Summit, explicando que a discordância se deveu à alteração orçamental proposta, que agora é diferente e “não é retirado dinheiro à Gebalis”, pelo que “já não merece essa censura política”.

Em setembro, a oposição na Câmara de Lisboa inviabilizou uma alteração orçamental para financiar a Web Summit, justificando o voto contra com o desvio de verbas afetas à habitação, argumento que a liderança PSD/CDS-PP disse ser “totalmente falso”.

Na sequência da aprovação da nova proposta, o socialista Pedro Anastácio criticou a gestão orçamental de PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, referindo que o apoio à Web Summit é um compromisso financeiro assumido pelo município e, por isso, a autarquia deveria acautelar previamente essa afetação de verbas, no sentido de evitar “impasses desnecessários”.

A proposta de transferência de 7,24 milhões de euros à Associação de Turismo de Lisboa para a realização da próxima edição da conferência Web Summit foi viabilizada com os votos a favor de PSD/CDS-PP e PS e os votos contra dos restantes, nomeadamente PCP, Livre, BE e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).

O PCP sublinhou que “desde há muito” que manifesta o seu desacordo com a transferência de “vultuosos recursos municipais para este evento privado”, lembrando que na última edição da Web Summit, em novembro de 2024, “quatro milhões de euros foram retirados ao orçamento da Carris para financiar a conferência, com o voto favorável dos vereadores do PS”.

A vereação do Livre realçou que não é contra a realização da Web Summit em Lisboa, “até porque reconhece o seu impacto na projeção internacional da cidade e no ecossistema tecnológico”, justificando o voto contra o apoio por entender que se trata de “um evento privado, lucrativo, que cobra bilhetes caros, angaria patrocinadores de dimensão global e beneficia diretamente de receitas próprias muito significativas”.

Os Cidadãos Por Lisboa afirmaram que, enquanto o presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), considera urgente e imprescindível o apoio à Web Summit, que é um evento comercial lucrativo, há um conjunto alargado de organizações que todos os dias cumprem papéis fundamentais para a cidade, inclusive na área social, que “continuam à espera” de financiamento.

Na nova proposta, a liderança PSD/CDS-PP reforçou que o apoio financeiro à Web Summit resulta de uma obrigação contratual anteriormente assumida e que vincula o município de Lisboa há vários anos, “sendo urgente e inadiável” a sua aprovação, para não prejudicar a realização deste evento.

Além disso, há um conjunto de consequências e penalidades, em caso de incumprimento das obrigações das partes quanto à realização do evento, “as quais podem ser financeiramente lesivas para o município de Lisboa e provocar danos reputacionais irreparáveis para a cidade e para o próprio país”, lê-se na proposta.

Em novembro de 2016, Lisboa recebeu, pela primeira vez, a conferência Web Summit, evento que deverá continuar a realizar-se na capital portuguesa até 2028, segundo o acordo alcançado em novembro de 2018, entre o Governo português, o município de Lisboa, o Turismo de Portugal, a Associação de Turismo de Lisboa, a AICEP Portugal Global, E.P.E, a IAPMEI – Agência para a competitividade e Inovação e o CIL – Connected Intelligence Limited (CIL).

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