A multinacional espanhola de energia e petroquímica teve de parar a atividade da sua refinaria em Cartagena. No mesmo dia, Espanha registou um "excesso de tensão" que causou interferências em duas estações de comboio na linha de alta velocidade
A Repsol enviou no dia 24 de abril uma carta aos clientes a dar conta de uma “paragem inesperada devido a problemas técnicos com o fornecimento de eletricidade”, que levou, no dia 22 de abril, à suspensão da atividade da sua refinaria em Cartagena, na região de Múrcia, no sudeste da Espanha.
No dia em que se deu a falha de energia reportada pela Repsol, o ministro espanhol dos Transportes, Óscar Puente, deu conta da existência de um “excesso de tensão na rede (elétrica)” que estaria a interferir com duas estações de comboio na linha de alta velocidade espanhola entre Chamartín e Pajares, que separa Castela e Leão das Astúrias. A declaração foi feita na rede social X e vinha acompanhada de uma imagem do sistema elétrico nacional que, diz o jornal, é “muito semelhante” à registada esta segunda-feira, quando um colapso energético deixou Portugal e Espanha sem energia durante horas.
Un exceso de tensión en la red ha provocado que saltasen las protecciones de las subestaciones desde Chamartín hasta Pajares. Las subestaciones se han ido recuperando y ahora hay que recuperar los enclavamientos y señalización. Esperamos que en breve se normalice la circulación. pic.twitter.com/imN6OZtmgx
— Oscar Puente (@oscar_puente_) April 22, 2025
Segundo a missiva, à qual o El Mundo teve acesso, a multinacional espanhola de energia e petroquímica diz que em causa esteve uma “grave falha elétrica alheia à instalação” de Cartagena, mas não se sabe se esta falha esteve ou não relacionada com o apagão desta segunda-feira. Mas o jornal espanhol dá conta de que na última semana foi registado em Espanha um excesso de geração fotovoltaica que supera a procura. Esse excesso aconteceu sempre nos mesmos horários.
Ainda assim, a falha de 22 de abril foi suficiente para levar a Repsol a ativar uma cláusula de “força maior” para justificar a suspensão dos trabalhos nesta refinaria na região de Múrcia, no sudeste da Espanha.
Ao El Mundo, fontes de uma das principais empresas internacionais de trading (compra e venda de ativos financeiros) de petróleo e gás dizem que a ativação da cláusula de “força maior” nas entregas de produto é um acontecimento absolutamente “anómalo” “Acontece uma vez a cada 20 anos, quando ocorrem fenómenos extremos, como uma depressão isolada de altos níveis (DANA) ou uma explosão”, dizem.