"França não está muito interessada" em aumentar ligações energéticas com Portugal e Espanha. Mas se estivesse, "recuperação do apagão teria sido mais rápida"

CNN Portugal , DCT
12 mai, 08:04
Maria da Graça Carvalho (Lusa)

A ministra do Ambiente defende que ainda não é o momento para avaliar eventuais pedidos de indemnização a Espanha por causa do apagão e vinca que "o que aconteceu é independente" do facto de Portugal e Espanha serem dois dos países europeus com mais energia renovável

A Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, está contente com a cooperação entre Portugal e Espanha depois do apagão elétrico que deixou os dois países às escuras no dia 28 de abril, mas não tanto com a postura de França, que diz não estar “muito interessada” em aumentar as ligações elétricas com a Península Ibérica.

Numa entrevista ao El País, a ministra portuguesa considera que é preciso insistir com França para que seja colocado um fim à ilha energética ibérica, assegurando que “certamente” que o apagão poderia ter sido menos grave se houvesse mais ligações francesas. “A recuperação teria sido mais rápida. Ao cortar nossa ligação com a Espanha, ficamos sem nenhuma outra ligação”, vinca Maria da Graça Carvalho, embora reconheça que aumentar as ligações com os franceses “tem sido uma luta de longa data de todos os governos”, porque, no fundo, “França não está muito interessada porque tem muita energia nuclear”.

A Ministra do Ambiente e Energia está satisfeita com a colaboração entre Portugal e Espanha, “que inclui a troca de dados técnicos da REN e da REE [Rede Elétrica de Espanha]”, mas explica que a suspensão de dez dias de importação de eletricidade de Espanha (que será parcialmente retomada) foi uma é uma medida de "precaução" e uma forma de ver "como evoluiu" a situação, revelando que "não houve anomalias na rede durante esses dias".

A governante portuguesa entende que, para já, não faz sentido avaliar eventuais pedidos de indemnização ou compensação económica a Espanha porque ainda não se conhece a origem do apagão, embora diga com certeza que “o que aconteceu é independente” do facto de Portugal e Espanha serem dois dos países europeus com mais energia renovável.

“Sabemos que centros foram os primeiros a serem desligados e a área, mas nem temos certeza de que o problema se originou ali”, explica Maria da Graça Carvalho, que rejeitou desconfiar dos interesses dos operadores do sistema, mas destaca que "é importante ter olhos técnicos não envolvidos na análise”.

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